Assisti esse filme pela primeira vez em 2017, na disciplina Metodologia da Pesquisa Histórica do segundo período da Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ajudou de forma imensurável na compreensão dos embates e disputas de poder que envolvem a pesquisa histórica.
Uma Cidade sem Passado, do diretor Michael Verhoven, é um drama alemão baseado em fatos lançado em 1990. Nele acompanhamos a trajetória de Sonja Rosenberg, interpretada pela atriz Lena Stolze, em recuperar, para um concurso de redação, a História de sua cidade, Pfilzing, durante o III Reich (1933-1945).
Ao iniciar sua pesquisa em jornais, arquivos e bibliotecas e entrevistar os moradores mais antigos, Sonja se dá conta de que há algo estranho em sua cidade após ouvir histórias de seus familiares. No decorrer do trabalho, os arquivos que antes lhes eram solícitos começam a criar empecilhos para o acesso e as pessoas que antes afirmavam que a cidade não teve relação com o Nazismo ou resistiu a ele, passam a desconversar quando questionadas sobre o cotidiano da cidade no período.
Tendo que processar a cidade para ter o acesso aos aquivos e bibliotecas, Sonja descobre que a cidade possuía um campo de concentração, que dois padres da Igreja condenaram um judeu por um crime que não cometeu e que membros da elite local participaram ativamente do movimento Nazista.
Sonja ganha projeção internacional, recebendo inúmeros prêmios e títulos pela Europa, mas passa a ser acusada de traidora, espiã e comunista em sua cidade natal.
Em Uma Cidade sem Passado vemos o trabalho do historiador em busca da reconstituição histórica, suas metodologias e uso de diferentes fontes, materiais e orais. Além das questões metodológicas, o filme é um exemplo de como o esquecimento é um poderoso mecanismo de silenciamento de uma memória coletiva criada com o intuito de encobrir um passado criminoso e vergonhoso, sendo esse um campo de batalhas diárias.
