Assistir vídeos em tempo real, baixar fotos e aplicativos. Desde a popularização dos smartphones e tablets, a utilização dos dados de telefonia móvel deu um salto. Visando suprir essas novas demandas, Manaus conta com a primeira rede de fibra óptica para transmissão de dados de alta performance para telefonia móvel no Estado. A via –que interliga os Estados do Pará, Amapá e Amazonas –foi inaugurada no final de agosto e apresentada em um Workshop realizado em Recife (PE) nesta terça-feira (10). A expectativa é que a velocidade dos serviços disponibilizados por meio da internet suba consideravelmente no Estado.
A rota de fibra óptica foi construída como resultado de uma parceria entre as operadores TIM e Vivo. Segundo o diretor de redes da Tim Brasil, Cícero Olivieri, as empresas utilizaram a infraestrutura do Linhão de Tucuruí –linha de transmissão instalada pelo governo federal na Amazônia –e fizeram um investimento de R$ 250 milhões para a implantação da fibra óptica que atravessasse o rio Amazonas. “Esta é primeira fibra que efetivamente cruza o rio Amazonas e leva o sinal para outra margem do rio” explica Olivieri.
Cícero Olivieri explica que, para cruzar o rio Amazonas, foram construídas duas torres com alturas “equivalentes a da Torre Eiffel” em cada margem do rio. Ele ressalta que o empreendimento não vai parar em Manaus. A previsão é de que até 2016 uma segunda rota interligando Manaus a Cuiabá, passando por Porto Velho, esteja em funcionamento. “Essa rota ainda está sendo negociada, mas já está em construção. Até 2016, o processo deverá ser fechado abordando as cidades de Boa Vista, Porto Velho e Rio Branco, compreendendo uma rota de 65 mil km de fibra óptica”, conta.
O projeto que levou fibra óptica de Manaus a Tucuruí, interligando a rota existente entre Belém e Brasília, subindo até Macapá tem 1.800 km de extensão e passa por dentro da floresta amazônica. “Seria impossível sem a intervenção do Governo comprar fibra óptica de empresas que já tinham a fibra instalada. Devido à complexidade de atravessar essas regiões”, explica. O direito de utilização da rota foi adquirido através de consórcio pela TIM, que dividiu os custos com a Vivo para conseguir operacionalizar o negócio. “O Linhão não chegava até Manaus, com essa construção vamos beneficiar várias cidades ao longo da rota”, ressalta.
AM é destaque
Segundo a Teleco, empresa de consultoria fundada em 2002, responsável pelo Portal de informação da TeleBrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações), a utilização de Banda Larga móvel no Amazonas é a maior do Norte e Nordeste do país. Com 31,2% das utilizações o Estado fica acima da média nacional de 30,2%. O presidente da Teleco, Eduardo Tude, atribui esse grande uso ao fator geográfico, já que o Estado é um dos mais isolados do país, mas com grande concentração urbana.
Eduardo Tude explica que a maioria das redes no Brasil utiliza um sistema parcial de fibra óptica. Os dados são transportados até certos pontos pela fibra óptica e depois seguem por fios de cobre até as ERB (Estações de Rádio Base), ou antenas. “A troca da rede por um sistema completo de fibra óptica é um processo que o mundo inteiro está passando, é algo recente e será o futuro da internet fixa e móvel”, comenta o executivo.
Problemas de licenciamento
Um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas continua sendo a demora na liberação das licenças ambientais, um entrave para a evolução da tecnologia móvel no país. “O Procon bate nas operadoras e elas se batem tentando conseguir as licenças. O processo chega a demorar um ano, em uma demanda que cresce a cada mês”, comenta Cícero Olivieri.
Segundo Eduardo Tude há muitas limitações de torres que não podem ficar a 500m de hospitais, escolas etc, o que acaba tornando quase inviável a implantação em algumas cidades. “Em muitas cidades encontramos grandes problemas para conseguir a regularização da prefeitura. Em algumas, praticamente nunca se consegue”, lamenta.
Uma alternativa é a definição de um plano nacional que regulamente a questão que hoje fica a cargo dos Estados e prefeituras. “É preciso que se faça algo nesse sentido. Que se crie um padrão nacional para facilitar o trabalho das operadoras e a cobrança dos órgãos competentes”, comenta.
Questionado sobre o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), Eduardo Tude explica que o plano tinha foco no preço e não na capacidade da rede. “Não adianta querer que uma rede projetada para uma velocidade, dê uma velocidade 10 vezes maior. Mesmo que fizéssemos isso não haveria nenhuma qualidade”, critica.