Pesquisar
Close this search box.

Fenômeno da mediocrização

A mediocrização da sociedade não é monopólio nosso. É fenômeno que também ocorre nos Estados Unidos. A escritora norte-americana Susan Jacoby, colaboradora dos principais jornais americanos e ingleses, escreveu recentemente um artigo em que aborda o problema.
A respeito da nação norte-americana, Ralph Waldo Emerson fez, em 1837, a seguinte observação: “A mente deste país, ensinada a almejar objetivos baixos, consome a si mesma”. São palavras que ecoam como um pressentimento doloroso nos dias atuais. Os americanos estão em sérios apuros intelectuais e correm o risco de perderem o capital cultural, conquistado ao longo de sua História, para uma mistura de antiintelectualismo, antirracionalismo e baixas expectativas. Acrescentaria mais um ingrediente: o fundamentalismo religioso que impera em amplos segmentos da sociedade – um fenômeno ampliado na administração Bush. Em alguns Estados americanos, chega-se ao cúmulo de proibir o ensino da teoria da evolução de Darwin na alegação de que fere princípios religiosos.     
Na percepção de Jacoby, esse seria o último tema a ser levantado por qualquer um dos candidatos à presidência, no sinuoso caminho até a Casa Branca. É quase impossível falar de que maneira a ignorância da população contribui para os problemas nacionais sem ser taxado de “elitista”.  Este é também um grave problema no Brasil, onde os políticos estão contaminados pela mediocrização. É a armadilha perversa que alimenta o arcaísmo da sociedade, abordado pelos historiadores João Fragoso e Manolo Florentino (UFRJ) no livro “Arcaísmo como Projeto”.
A capacidade de exercitar a autocrítica, o melhor antídoto contra o auto-engano, é uma das virtudes dos norte-americanos. A autocrítica é o primeiro passo do processo de mudança, enquanto o auto-engano é o comportamento retrógrado que alimenta o arcaísmo e o atraso.   

Fatores negativos

Susan Jacoby identifica três vetores do antiintelectualismo americano. O primeiro e acima de tudo é o vídeo – ou melhor, o uso excessivo da TV ou DVD e, às vezes, dependendo da utilização, do computador. O abuso do vídeo é o grande responsável pelo declínio do hábito da leitura de livros, jornais e revistas. A falta de leitura é mais acentuada entre os jovens, mas contamina, progressivamente, os americanos de todas as idades e níveis de instrução. O segundo é a erosão do conhecimento; é impressionante o grau de ignorância da população em relação a outros países e culturas. De acordo com levantamento da National Geographic, em 2006, 50% dos americanos entre 18 e 24 anos não acham necessário saber a localização de países onde ocorrem importantes acontecimentos veiculados na mídia; mais de um terço acha desnecessário aprender outro idioma e só 14% consideram importante falar outra língua. O terceiro vetor que está por trás do “emburrecimento” (termo empregado pela autora) dos americanos não é a falta de conhecimento em si, mas a arrogância em relação a essa falta de conhecimento, o que se pode denominar de auto-engano – praga que se alastra também entre brasileiros. Essa arrogância é não apenas quanto ao que não sabem (considere o fato de que 20% dos americanos adultos não sabem que o Sol gira em torno da Terra, segundo a National Science Foundation), mas ao alarmante número dos que concluem, presunçosamente, não ser necessário saber tais coisas. É o que Susan Jacoby chama de antirracionalismo -uma síndrome perigosa para as instituições e o intercâmbio de idéias. Não conhecer uma língua estrangeira ou a localização de um país é mera ignorância; mas negar que tal conhecimento seja importante é antirracionalismo.

Coincidências

Coincidentemente, as críticas de Jacobi para os EUA também se aplicam ao Brasil, em especial ao Amazonas, apesar das dezenas de bilhões de reais que o PIM transferiu para o setor público após a ZFM. A despeito desse fato, de acordo com os testes realizados nacionalmente pelo MEC temos um dos piores ensinos do país, causa da baixa produção intelectu

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar