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Fecani volta trazendo figuras marcantes ao evento

Depois de deixar de ser realizado no ano passado, por conta da pandemia, o Fecani (Festival da Canção de Itacoatiara) voltou a acontecer este ano, em sua 36ª edição, o mais antigo festival de música do Amazonas, sempre no feriado da Semana da Pátria, encerrando na segunda-feira (6). Entre os premiados, um segundo lugar com gosto de primeiro, Jaime Pereira, figura marcante no Festival desde a década de 1990, foi o amazonense melhor classificado com a música ‘Cordel violado’, interpretada por Marklin Marques. ‘Arara azul’, do carioca Robertho Ázis, interpretada por Ronald Saar, foi a grande vencedora e também escolhida a Melhor Letra. Ludi Sousa e Begê Muniz, também amazonenses, ficaram em terceiro lugar com a composição ‘Zôca’, interpretada por Ludi Souza. ‘Zôca’ ainda levou o prêmio de Melhor Arranjo.

“Já perdi a conta de quantos festivais participei. Sou de uma época em que os festivais de música faziam muito sucesso, em Manaus, principalmente o Festival Universitário, de onde saíram muitos cantores e compositores que depois ganharam fama na cidade, como Pereira, Lucinha Cabral, Torrinho, Cileno, Célio Cruz. Eu ganhei o Festival Universitário em duas edições, 1990 e 1995”, recordou Jaime.

Torrinho e Jaime, grandes nomes dos festivais de música – Foto: Divulgação

Aproveitando o lento retorno à normalidade, pós-pandemia, o Fecani teve como tema ‘Reinventar-se’. Com o apoio do Governo do Amazonas, por meio do programa +Cultura, da SEC (Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa), a 36ª edição do  tradicional evento itacoatiarense, aconteceu somente para convidados, mas com transmissão pelas redes sociais. Além das mostras competitivas, o Fecani contou com shows de diversos artistas regionais.

Umas 70 composições

Os dois discos lançados por Jaime Pereira – Foto: Divulgação

Jaime Pereira se considera um compositor de festivais. Nesses 30 anos de circulação nos meios musicais, onde havia algum festival de música, lá estava ele com alguma composição. Foi assim no Fincata (Festival da Canção de Tabatinga), Femuna (Festival de Música de Novo Aripuanã), e tem sido no Fecani, entre outros, até fora do país. Em 2000, pelo projeto Valores da Terra, Jaime lançou seu primeiro CD, ‘Canto geral’, também nome da música com a qual havia ganhado o Festival Universitário de 1990.

“Em 2001 entrei para o Conselho de Cultura do Estado e lá permaneci até 2012. Praticamente cessei com minhas participações em festivais de música porque precisava me dedicar às muitas atribuições que tinha no Conselho. A única atividade mais relevante que tive na área, nesse tempo, foi a gravação do meu segundo CD, ‘Caravana Amazonas’, que saiu em 2012, apesar de já estar pronto desde 2008”, recordou.

Jaime calcula que tenha cerca de 70 composições, a grande maioria, escritas e guardadas. Quando aparece a oportunidade de inscrevê-las num festival, como agora, ele arrisca.

“Costumo dizer que minhas músicas não são comerciais. Não as componho para vender, mas para serem ouvidas. As músicas de festival geralmente têm um estilo próprio, então quando componho alguma, faço pensando em inscrevê-la num futuro festival, como aconteceu, agora com ‘Cordel violado’. Ela foi escrita em 2019, já com a intenção de participar do Fecani 2020, aí tudo parou, não teve o Fecani, e ela ficou guardadinha. Valeu a pena esperar”, destacou.

Entre os três primeiros

Jaime diz que perdeu as contas de quantos festivais já participou, antes, apenas por brincadeira, mas depois com a intenção de ganhar. Até agora tem chegado perto do primeiro lugar. Em 2013 ficou em terceiro, com ‘Itacoatiara, cidade poema’, música defendida por Roci Mendonça, falecida este ano. Em 2014, ‘Meu norte’, feita em parceria com Aníbal Beça, ficou em quarto lugar, defendida pelo mesmo Marklin Marques deste ano. Aníbal Beça faleceu em 2009, mas Jaime musicou um de seus poemas.

“Sabia que ‘Cordel violado’ era muito forte. Esperava ficar entre os três primeiros lugares. A música é um canto de esperança, depois de tudo o que passamos e estamos passando. Tenho certeza que tudo vai melhorar. Um trecho diz o seguinte: ‘há uma viola e um violeiro / de braços dados a violar / uma prece celeste pulsando no peito / em noite clara de luar’. Peguei um mote de uma viola e um violeiro, onde a canção era levada pelo vento, na leveza e saborosa harmonia. Viajavam ganhando adeptos de todas as matizes da arte, e tudo se transformava em cantoria e, de repente, chegavam a um lugar maravilhoso onde a abstração era tanta que era possível ouvir, sentir e ver a cantoria”, falou.

Jaime contou que estava com saudades do Fecani e espera que, para o ano, o público possa se fazer presente.

“Precisamos de muito mais cultura. Quando você investe em cultura, evita problemas sociais”, finalizou.

Quem quiser ouvir ‘Cordel violado’ pode acessar o Face de Jaime Pereira, ou o Face, o Instagram e o YouTube do Fecani.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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