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Fazer um bom negócio é uma arte

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Em Manaus, poucos artistas plásticos conseguem viver da arte, mas é tudo uma questão de saber investir e empreender. A paraense Rosa dos Anjos é um exemplo. Desde a juventude, a artista vive da sua arte e agora está investindo num novo negócio, o ‘Rosa dos Anjos ateliê de artes e galeria’, que inaugurará no próximo dia 25, no Parque 10 de Novembro. O ateliê de Rosa já começa com uma novidade. No local funcionará uma escola de arte e qualquer artista que queira formar um grupo de alunos, poderá ocupar o espaço para ministrar suas aulas.

Segundo a artista, a abertura de galerias e escolas de artes dariam um ‘up’ na produção e no comércio de arte. “Temos muitos artistas plásticos em Manaus, mas praticamente não existem galerias e são poucas as escolas que ensinam artes plásticas, e somos a capital de um dos Estados mais visitados por turistas, um público que gosta de comprar arte”, reclamou.

Sobre a escola que funcionará na galeria, Rosa explica. “Com isso teremos vários estilos sendo ensinados e o aluno poderá aprender sobre todos e seguir aquele com que mais se identifique”, disse. “Teremos uma grande mesa no centro da sala, aliás, será uma grande peça de madeira de lei, certificada, que nos está sendo enviada pela Mil Madeireira, de Itacoatiara, além de cavaletes e tornos para se trabalhar esculturas”, adiantou.

Quem também vai ganhar com o ateliê de Rosa serão os alunos das escolas públicas. “Mensalmente iremos dar 20 bolsas de estudo para aqueles jovens que queiram aprender artes plásticas, mas é necessário que se destaquem em suas respectivas escolas. As aulas desses alunos serão ministradas por mim ou por qualquer um dos artistas que queira integrá-los ao seu grupo”, disse.

A decoração do espaço tem o toque de Rosa. Uma canoa emborcada, no teto, virou suporte para luminárias e na sala principal, onde acontecerão as aulas, cuias foram transformadas em luminárias. “Todas as paredes serão decoradas com quadros meus, expostos para serem vendidos”, revelou.

Artes plásticas e música
A escola de Rosa será bem eclética. “Aqui ensinaremos os alunos não só a pintar quadros, mas também a desenhar, pintar com aquarelas, fazer artesanato e biojóias, criar móveis e objetos de decoração, além de montar esculturas em argila e cimento, no qual sou especialista”, disse.

Além das artes plásticas, no ateliê também haverá música. “O músico Adal vai ministrar, duas vezes por semana, aulas de violão, mas qualquer outro músico que queira ensinar o instrumento que domine, encontrará nossas portas abertas”, garantiu.

Pra completar, numa outra sala, diariamente, funcionará um bistrô, com lanches, sucos de frutas e café da manhã regionais. “Tudo bem amazônico”, concluiu. O Rosa dos Anjos ateliê de artes e galeria funcionará na av. Tancredo Neves, 1134 – Parque 10 de Novembro, de domingo a domingo.Informações: (92) 8 8118-3640

A artista
Não por acaso Rosa se especializou em esculturas. Ela nasceu em Icoaraci, um distrito de Belém (PA), que possui um importante polo de artesanato em cerâmica, instalado no bairro do Paracuri, onde se produzem réplicas de vasos típicos de antigas nações indígenas principalmente Marajoara e Tapajônica a partir de peças catalogadas pelo Museu Emílio Goeldi.

Rosa dos Anjos começou profissionalmente nas artes plásticas quando tinha apenas 18 anos. “Eu trabalhava numa fábrica e fiquei grávida, então percebi que com o salário que ganhava, não conseguiria sustentar meu filho, foi quando resolvi fazer artesanato de miniaturas e vender as peças nas praças. E passei a ganhar bem mais que o meu salário. Depois comecei a expor e ter o apoio de várias pessoas, como o Zezinho Correia, e instituições, como o Sebrae, que me abriu as portas para participar de feiras nacionais. E não parei mais até hoje. Agora chegou a hora de ensinar o que sei”, falou.

Em Manaus ela fez, com cimento armado, numa técnica criada por ela, a onça que está na entrada do quartel do Cigs (Centro de Instrução de Guerra na Selva); um painel no supermercado DB, da Ponta Negra; esculturas no zoo do Tropical Hotel e no quartel dos Fuzileiros Navais; e recentemente três bancos no formato de flores no Parque do Mindu, além de outras peças nos municípios de Tefé, Caapiranga e até em Curitiba, no Paraná.

Público endinheirado
Quem também está à frente de uma galeria é o pintor Homero Amazonas. “Montei a HA Studio Galeria aqui no Shopping Ponta Negra há um ano e oito meses para expor meus quadros, ao mesmo tempo em que ficava produzindo no mezanino. Um dia o Arnaldo Garcês veio aqui e quis fazer uma exposição. Organizamos a exposição dele em outubro e desde então a galeria está aberta a outros artistas”, contou.
Em seguida expuseram na HA, 24 alunos da escola Maple Bear Manaus. Detalhe: os ‘artistas’ tinham entre seis e dez anos. “Os quadros foram todos vendidos em troca de alimentos. Conseguimos mais de uma tonelada de alimentos doados para uma escola localizada na estrada Manaus/Itacoatiara”,lembrou.
A partir de então os artistas começaram a aparecer, interessados em expor na HA. “Na sexta-feira foi a vez do Marcos Castro iniciar sua exposição ‘Geografia e outros olhares amazônicos’, e já estamos acertando com mais dois artistas, que irão completar a agenda até o final do ano, mas estamos sempre abertos a novos interessados”, adiantou.

Homero garantiu que a galeria no Ponta Negra é um bom negócio. “As pessoas que vêm aqui tem um alto poder aquisitivo e compram quadros. Isso é muito bom para os artistas”, falou. Homero é de Tefé, com ascendência peruana. Seus quadros são sobre a cultura indígena (grafismos tikuna, tukano e sateré mawé), visões caboclas (surrealismo) e paisagens amazônicas (impressionismo).

O artista também tem uma galeria no Parque 10 de Novembro, no conjunto Castelo Branco, rua 28, ao lado do Parque do Mindu. Informações: (92) 9 9437-6290.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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