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Fazendo o bem sem olhar a quem

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Pelo quinto ano consecutivo as irmãs Suelen, 24, assistente social, e Luana, 29, maquiadora, vão realizar a mesma ação de cidadania: proporcionar uma ceia natalina para famílias carentes e distribuir cestas com alimentos, no bairro Monte das Oliveiras, onde nasceram e moram. Não satisfeitas, este ano as irmãs resolveram estender a ação até o bairro Alfredo Nascimento. Mas a história delas em ajudar pessoas carentes começou bem antes, praticamente desde que nasceram.

“Meu pai Vagno Araújo, e minha mãe Maria de Lourdes, sempre gostaram de ajudar os vizinhos mais pobres, principalmente as crianças, mesmo eles não tendo grandes posses. Em festas como Páscoa, Dia das Crianças e Natal eles costumavam distribuir ovos de chocolate, pipocas e kikões para a garotada do bairro”, lembrou Luana.

“Para você ter idéia de como meus pais sentem prazer em ajudar, devido nossa família não ser rica e morar num bairro carente, eles também recebiam doações e doavam o que recebiam”, contou Suelen.

Em 2006 o Monte das Oliveiras, área particular que começou a ser invadida em 1991, recebeu nova leva de invasores. Atualmente, de acordo com o IBGE, são quase 46 mil pessoas morando no bairro.

“Eu e a Suelen lembramos como a área invadida ficou repleta de pessoas carentes de tudo. Naquela época já queríamos ajudar aquela gente, mas ainda éramos muito novas”, falou.

Porém, sete anos depois a história foi outra. Em 2013, Suelen com 18 anos, e Luana com 23, resolveram botar a mão na massa, literalmente na massa enquanto ingrediente da sopa que começaram a preparar para distribuir a moradores de rua.

“Frequentavamos uma igreja evangélica e, junto com alguns membros da igreja e amigos, levávamos sopa para moradores de rua do centro de Manaus. Fizemos isso em 2013 e 2014, enfrentando várias dificuldades. Os amigos emprestavam carros, pois não tínhamos condução, e os ingredientes da sopa nos eram doados”, disse.

Aulas, cursos e oficinas

Em 2015 Suelen e Luana perceberam que não precisavam ir ao distante centro da cidade levar sopa para os necessitados porque estavam cercadas por eles. Assim surgiu o Projeto Ágape, este ano de 2019 transformado em Instituto Ágape tendo Suelen como presidente, e Luana, vice.

“Pelas redes sociais convocamos os amigos a nos apoiar no projeto, e mais uma vez eles estavam lá. O projeto teve início com um culto na rua, porque além do alimento físico é necessário levar alimento espiritual para aquelas pessoas que, muitas vezes estão com tantos problemas, que já nem conseguem reagir e enxergar uma luz no fim do túnel”, explicou Luana.

Após o culto foi servida a sopa e distribuídas roupas e sapatos. E tem sido assim até hoje em datas comemorativas como Páscoa, Dia das Crianças e Natal.

Mas o Instituto Ágape não é apenas isso. As garotas passaram a proporcionar aulas de reforço escolar para as crianças, duas vezes por semana, e promover cursos e oficinas de geração de renda para as mulheres, além de realizar palestras sobre os mais diversos assuntos.

“Começamos fazendo isso na sala de casa, na rua Macacaúba, 95, que iniciou sendo a sede do Projeto Ágape e continuará agora que criamos o Instituto. Por que criamos o Instituto? Como Projeto, não tínhamos CNPJ ou qualquer outra documentação que viabilizasse a nossa participação em editais para conseguir verba para as nossas ações, e não podíamos receber qualquer tipo de ajuda de instituições públicas. Agora, quando chegar mais esse apoio, poderemos e iremos ampliar nossas ações”, afirmou.

Ensinando a pescar

Recentemente, numa parceria com a Fundação Rede Amazônica, o Instituto Ágape conseguiu uma sala no Shopping Vianorte, onde acontecem as aulas de reforço escolar e os cursos e oficinas.

“Atualmente atendemos 40 crianças e dos cursos e oficinas de artesanato, bordado, doces e trufas, participam de 20 a 30 mulheres. Contamos com a ajuda de uns 30 voluntários, 2/3 são professores e 1/3 ajudam nas ações. Quanto às doações, as recebemos de empresários de toda a cidade, conhecedores de nosso trabalho”, revelou Luana.

E seguindo o ditado de que ‘é melhor ensinar um pobre a pescar, ao invés de dar-lhe peixes sempre’, as irmãs estão reduzindo a distribuição de cestas básicas, e procurando encaminhar homens e mulheres para empregos.

“A única ocasião em que damos cestas com alimentos, é agora, no Natal, e para aquelas famílias que estão muito necessitadas, sem um Norte na vida. Este ano já cadastramos as famílias que irão participar da ceia, dia 21 no Monte das Oliveiras, e dia 23 no Alfredo Nascimento, e receber as cestas com alimentos”, informou.

Mas quem ainda quiser ajudar as irmãs, pode ligar diretamente para elas (Suelen, 9 9498-8675 e Luana, 9 9613-1949) e se informar como pretende doar algo, não só agora no Natal, mas o ano inteiro.                           

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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