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Faz calor, e daí, qual é o problema?

“Conhecer a cultura do vinho, as regiões produtoras, as vinícolas, e as pessoas, faz com que o viajante saboreie a alma de cada país”

Durante as viagens que fiz para me entregar às delicias e prazeres dos Sucos da Bíblia, teve sempre uma coisa da qual não consegui me livrar uma única vez : perguntas sobre como conseguimos degustar vinhos no calor de Manaus. Encontrei pessoas que também me perguntaram se existiam vinícolas na Amazônia. Alguém mais audacioso me perguntou se a gente bebia vinho com gelo. Podem acreditar. Sempre me deliciei com essas indagações pois me abriram janelas para a troca de narrativas sobre as nossas experiências culturais.  Tem outra coisa, a curiosidade deles, atiçava ainda mais a minha. Logicamente, tudo sempre terminava em brindes permeados pela alegria.

Eu acho ótimo quando o vinho fica na berlinda da conversa. Segredo é permanecer abertos para aprender, tudo que der e vier, considero uma boa dica, principalmente os integrantes da nossa turma aqui dos trópicos.

Pessoal, cuidar bem das suas garrafas de vinhos em uma cidade de clima quente como Manaus requer muita atenção aos detalhes, e disciplina para seguir as normas de conservação, sem descuidos. 

O calor é um dos grandes inimigos do vinho, e o segredo para não termos problemas reside nos cuidados que devemos ter na hora de conservá-los para bebê-los com prazer sem decepção. Primeira dica a considerar: temos que dar especial atenção para as condições ambientais no entorno da nossa ampola.

Uma das maiores decepções que um consumidor de vinhos pode sofrer é abrir uma cobiçada garrafa e o vinho estar estragado. Isso acontece porque há fatores que destroem o vinho e que, aliás, são invisíveis para os olhos dos apreciadores. Em Manaus, o calor é um dos principais fatores que deve ser levado em conta na hora de escolher o seu vinho. E manter o vinho em bom estado, garantindo a sua evolução natural, é um desafio na “guerra” contra a alta temperatura.

O calor acarreta dois efeitos singulares: por um lado, acelera sua decrepitude, por outro, pode afetar o fechamento hermético da rolha e romper com todo o valioso sistema de conservação da garrafa. Em climas quentes é comum que as garrafas percam líquido pela rolha. Presta atenção, se a rolha não estiver perfeitamente encaixada e o vidro da garrafa não estiver perfeitamente polido, produzem-se micro infiltrações devido à pressão interna que gera a mudança de volume. É nessas infiltrações que se esconde o vilão do desapontamento: o vinho que chegou à superfície se oxidou, e ao fazê-lo foi atacado pelas bactérias responsáveis por transformá-lo em vinagre. Essas mesmas bactérias migrarão para o interior da garrafa e irão arruinar com o seu tesouro, já que o canal de acesso é o mesmo que agora se conecta com o exterior. E ao abrir a garrafa, o desgosto será completo. Nem queira passar por isso, eu já passei. Ninguém merece.

O problema é que, mesmo que a gente tenha consciência disso, o choque de temperatura pode ocorrer em sua adega ou no fundo de seu armário durante a guarda, ou até mesmo antes da compra em transportes, e armazéns, quando são mal acondicionados.

Uma dica que posso dar para tentar evitar uma grande decepção é, ao comprar um vinho observe a tampa. Se estiver pegajosa ou se apresentar aromas desagradáveis, é melhor descartar a garrafa. Também se for o caso, pode-se retirar a cápsula de alguma delas para comprovar que não houve vazamentos.

Outro elemento a considerar: o rótulo da garrafa não deve apresentar manchas de vinho. Essas manchas podem até não provir do vinho em questão, mas podem ser o resultado da perda ocorrida em outra garrafa. Uma vez compradas as garrafas, e se você não possui uma adega climatizada, mas pretende guardá-las por um tempo, o ideal é retirar-lhes a cápsula. Assim, é possível constatar, a olho nu, ao longo do tempo, se o vinho avança sobre a rolha, precavendo-se.

Dica importantíssima. Os melhores lugares para guardar garrafas do Suco da Bíblia são os que ficam bem distantes da cozinha e das estufas – por exemplo, nas partes mais baixas de armários que sejam abertos poucas vezes.  Assim, teremos um ambiente menos variável, em que a garrafa esteja sujeita a constantes mudanças. 

Agora você quer saber qual é na minha opinião o melhor de todos os lugares para se guardar um vinho sem ter que se preocupar com a temperatura ambiente? Na memória.

Foto/Destaque: Divulgação

Humberto Amorim

Enófilo, curioso, insaciável e infiel apreciador
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