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Faturamento do PIM desacelera em janeiro, aponta CNI

Depois de desacelerar na reta final do ano, a indústria do Amazonas amargou retração no uso de sua capacidade instalada e viu seu faturamento desacelerar, em janeiro. Em sintonia com o fato de que o Estado entrou na segunda onda de covid-19 antes do restante do país, ambos os indicadores ficaram abaixo da média nacional do período. Mas, a despeito das limitações de horários impostas pelos primeiros decretos, o setor registrou alta mensal nas horas trabalhadas. É o que revelam os dados locais da pesquisa dos Indicadores Industriais da CNI, compilados pela Fieam.

O faturamento real da manufatura amazonense caiu 6,9% na variação mensal, em um resultado bem mais amargo do que o experimentado no levantamento de dezembro (-5,6%). Mas, confrontadas com janeiro de 2019, as vendas decolaram atípicos 80,4%. Na média brasileira, o setor subiu 2,3% ante dezembro de 2020 e cresceu 8,7% em relação janeiro do ano passado. 

Em sintonia, a UCI (utilização da capacidade instalada) da indústria amazonense – que trata do percentual de máquinas comprometidas na produção – amargou novo decréscimo, entre dezembro (68,7%) e janeiro (67,2%), sendo este o menor número desde abril de 2020 (57,5%). O tombo foi ainda maior em relação a janeiro do ano passado (81,9%). Em contraste, o indicador nacional recuou apenas de 80,7% para 80,5%, na variação mensal dessazonalizada, e avançou em relação ao dado de 12 meses antes (78,3%).

O Amazonas colheu um dado comparativamente menos pior no emprego. O saldo de contratações das fábricas instaladas no Estado ficou praticamente estagnado (-0,1%), na comparação com dezembro – ante o +1% anterior – e teve acréscimo de 11,6% no confronto com o mesmo mês do ano passado. “Só o índice de emprego de janeiro deste ano é muito superior a todos os índices registrados em todo o primeiro semestre de 2020”, salientou a Fieam, no texto da pesquisa. A indústria nacional, por sua vez, cresceu 0,1%, em ambas as comparações.

“Trajetória de recuperação”

Melhor desempenho foi obtido nas horas trabalhadas nas linhas de produção da indústria amazonense. Depois de submergir 16% na sondagem anterior, o indicador avançou 4,8% na variação mensal. Na comparação com a marca de 12 meses atrás, no entanto, foi registrado um novo recuo, desta vez de 7,2%. Na média brasileira, o setor apresentou ganhos respectivos de 1% e de 6,7%. 

Outro desempenho relativamente positivo veio da massa salarial da manufatura amazonense. Outro desempenho positivo em todas as frentes veio da massa salarial da manufatura amazonense. Houve elevação de 1,2% na comparação com dezembro, embora tenha ocorrido regressão de 6,1% na variação anual. No mês anterior, os números tinham sido -3,7% e -18,5%, respectivamente. A média nacional apontou números melhores, ao assinalar altas respectivas de 5% e de 0,5%. 

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, a CNI explica que os desempenhos positivos da massa salarial e do rendimento médio real do trabalho foram influenciados pelo fim do programa de suspensão de contratos de trabalho e redução de jornadas e salários. E, no entendimento da entidade, o nível de emprego industrial segue em trajetória de recuperação, a despeito dos números tímidos.  

“A atividade industrial segue forte, refletindo a continuidade da trajetória de alta iniciada com a recuperação da atividade. Observamos altas, em alguns casos significativas, na comparação com janeiro do ano passado, quando a pandemia ainda não era uma realidade no Brasil”, assinalou o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, no mesmo texto.

Segunda onda

De acordo com o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, a retração mensal no faturamento era aguardada pelo setor, em razão da sazonalidade. Já a variação positiva na comparação com o mesmo período, prossegue o dirigente, se deveu em razão da demanda nacional que, à época, ainda não sofria com o agravamento da crise sanitária, como agora.

Já a utilização da capacidade instalada da indústria amazonense sofreu “uma retração natural”, em razão das medidas dos primeiros decretos, que pela primeira vez, impactaram o setor. Antonio Silva, ressalta que as indústrias de bens essenciais tiveram funcionamento normal, mesmo durante o período de restrição, enquanto as de bens não essenciais funcionaram em horário diferenciado. “Temos de louvar as ações do governo estadual, que, apesar das medidas restritivas, em momento algum vetou o funcionamento das indústrias, que manteve sempre uma produção base, ainda que diminuta”, ponderou. 

Indagado sobre as diferenças com a sondagem mensal do IBGE, que mostrou uma fotografia comparativamente pior do setor, o presidente da Fieam explicou que a presente pesquisa possui escopo menos abrangente do que a do órgão federal, mas salientou que “a tendência econômica de ambas é similar”. O dirigente lembra, por outro lado, que a produção está vinculada à expectativa de consumo e que, no atual momento, a confiança do consumidor está em baixa, em sintonia com a retratação global do consumo proporcionada pela pandemia – especialmente entre os produtos de consumo – ou de “segunda necessidade” –, no qual o PIM é especializado. 

A maior preocupação da indústria incentivada de Manaus vem dos aguardados impactos econômicos do espraiamento nacional da segunda onda, em um cenário de interrupção das medidas anticíclicas federais. “O restante do país está vivenciando aquilo que passamos em janeiro e fevereiro deste ano. As questões restritivas em âmbito nacional nos afetam diretamente, haja vista que a maior parte de nossa produção é destinada ao mercado brasileiro. Neste sentido, é fundamental o aquecimento da economia mediante o auxílio do governo, sem esse mecanismo teremos um debacle ainda maior”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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