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Falta de insumos impacta produção no PIM

Indústrias de alguns segmentos do PIM (Polo Industrial de Manaus), estão com as atividades suspensas por  falta de componentes para produção. As dificuldades enfrentadas pelo setor estão ligadas ao cenário econômico brasileiro com o agravamento da situação no sistema de saúde de Manaus causada pela pandemia. 

O presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, diz que a falta dos insumos gera impacto nos turnos de produção das associadas. 

“A pandemia da Covid-19 impõe desafios às cadeias globais de suprimentos e ao setor logístico. Além desses aspectos, as empresas instaladas no PIM também estão enfrentando as consequências da crise de saúde. Dessa forma, é possível que exista um desabastecimento pontual de alguns insumos produtivos entre as empresas associadas à Aficam e o atendimento aos seus clientes pode sofrer algum ajuste. Mas nossos associados estão enfrentando estes desafios com força, união, criatividade e profissionalismo, temos certeza que com o esforço de todos logo superaremos as adversidades deste momento”.

Ele afirma que não existe crise instalada na indústria de componentes e que há uma situação difícil que com o esforço de todos será superado.  “Praticamente todo o polo está sofrendo alguma falta, algum item, isso é defasado, é pontual tanto nos eletrônicos, duas rodas, ainda é prematuro dizer quando será normalizado. A logística de componentes tem sofrido com os ajustes que suas empresas mundiais têm realizado para o enfrentamento dos volumes que se alteraram com a pandemia”, pontua.

Na semana passada, a Abinee  (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) informou que o encarecimento do frete aéreo e marítimo, somado ao alargamento de prazos de entrega e aos efeitos de uma segunda onda da covid-19 na China, provoca escassez de componentes eletrônicos no Brasil. Por meio de um estudo com 80 empresas, a entidade identificou  que 71% sentiram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em dezembro.

O presidente da Abinee declarou que esse é, em grande parte, um problema de logística. Dados compilados pela associação indicam que o valor atual do frete para trazer um contêiner da China ao Brasil mais que dobrou, na comparação com o período anterior à pandemia.

De acordo com Wilson Périco, presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Amazonas), a demanda reprimida ocasionada pela falta de matéria-prima desde o ano passado tem sido um fator dificultador para algumas empresas. “Alguns segmentos têm tido um pouco mais de demora no envio de insumos, materiais para Manaus e isso já tem um tempo”. 

Conforme o dirigente,isso também se dá pela situação em cada um dos portos pelo mundo, de como eles estão trabalhando por conta da pandemia. “Somado a isso, nós temos a questão do pico, do aumento, da demanda em alguns segmentos, por conta da falta de produtos do ano passado e está sendo reposto agora”. Ele explica que a paralisação não é nas fábricas e sim em algumas linhas de produção

Linhas de produção paradas 

A falta de insumos já reflete no índice produtivo das fabricantes que começam a paralisar as atividades e mandar os trabalhadores para casa. A afirmação é do presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), Valdemir Santana, ao confirmar que várias empresas do PIM estão sofrendo com a falta de componentes.  Ele diz que apesar do último decreto ter flexibilizado as atividades do setor com os turnos de 24h , infelizmente as empresas não tinham componentes suficientes para produzir. “Não sabemos se a situação vai  permanecer. Por mais que volte não terá material suficiente para trabalhar. Falta muito componente, principalmente no setor metalúrgico e eletroeletrônico”. 

O diretor-geral da empresa I-Sheng Brasil Ltda, Renato Montalbo, que fornece insumos para alguns segmentos, diz que a grande dificuldade foi a falta de resina e cobre nos meses de outubro e novembro. Além de ter essa escassez, foi necessário trazer o cobre por  transporte aéreo do Chile para não ter que parar as linhas de produção. Em relação à resina, o fornecedor não tinha capacidade de atender a demanda e foi preciso importar de parceiros também da China. “Mas a parte mais difícil foi o aumento do custo dos commodities. A gente teve uma variação combinada do ano passado de cobre de 60% e as resinas que a gente usa é PVC para produção dos cabos, e teve aumento de 90%”. 

Produção sentiu os reflexos

Dados mais recentes de produção do setor de bicicletas divulgados pela Abraciclo dão conta que o setor enfrenta um período de desaquecimento por conta do desabastecimento de peças e componentes. O vice-presidente do segmento de bicicletas da entidade Abraciclo,  Cyro Gazola, destacou que a situação é o principal gargalo, dado que cerca de 50% das peças de uma bicicleta são provenientes de fornecedores globais. “Temos grandes desafios na cadeia de suprimentos. A recuperação no fornecimento de insumos será gradual e deverá acontecer no segundo semestre”, complementa.

Ele destaca que o avanço da segunda onda do coronavírus em Manaus foi muito forte. Os efeitos na cadeia foram sentidos na produção do segmento, além da limitação das atividades em um turno.

As fábricas do PIM concentram seus esforços para acelerar a produção e, com isso, atender à demanda que segue aquecida, uma vez que a bicicleta se tornou uma alternativa para evitar a aglomeração do transporte público durante a pandemia. Estamos otimistas para o crescimento do setor”. 

Foto/Destaque: José Paulo Lacerda

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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