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Exportação de milho prejudica produtores do AM

O Amazonas está em momento de crise sem precedentes na oferta de milho. Principal ingrediente na composição de alimentos para animais, em um ano o produto já subiu 130% aponta a Faea (Federação Nacional da Agricultura do Estado do Amazonas). Segundo o presidente da entidade Muni Lourenço Júnior, o preço recorde decorre da exportação do milho para outros países. “Com a valorização do dólar, produtores de grãos estão dando preferência de exportar, gerando desabastecimento do mercado interno, o que afeta a atividade rural e estrangula a margem de rentabilidade”, afirmou.
Com a proposta de debater e buscar medidas que possam melhorar a situação crítica em que o setor rural do Amazonas se encontra, a FAEA realizou ontem, uma reunião na sede da entidade. Muni Lourenço adiantou, que a ideia da discussão é estabelecer medidas a serem encaminhas aos órgãos públicos e aos bancos para superar e evitar o fechamento de unidades produtivas, dada a gravidade na disparada do preço do produto.
Segundo ele, os produtores rurais amazonenses que depende fortemente do milho como insumo básico da atividade são os mais afetados. “Vamos discutir, por exemplo, o segmento da avicultura de postura com a produção de ovos e o segmento da pecuária do leite. Além deles, tem o seguimento da ovinocultura e da própria psicultura que estão preocupados com os efeitos dessa alta no preço do milho, devido a insuficiência da produção de milho no Amazonas”, disse. O Estado possui muitas granjas, o que gera empregos a população. No entanto, devido à crise os proprietários estão tendo dificuldades na sua viabilidade produtiva.
No debate, a Faea também apresentará propostas que visam melhorar esse cenário regional. De acordo com Muni Lourenço, uma das medidas é referente aos bancos. “Estamos propondo que essas instituições financeiras viabilizem financiamento para que os produtores comprem grãos diretamente de produtores de cooperativas do Centro-Oeste do Brasil. Outra medida é que ocorra gestões junto ao Ministério da Agricultura para ampliar os estoques dos programas federais”, disse. “Além de criar programas de incentivo à produção de milho local, diminuindo a importação de outros Estados e consequentemente os altos valores de fretes”, completou.
O representante da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Thomaz Meirelles reforça que o preço do milho vem subindo no país, refletindo no Amazonas e que o Estado sofre por não ser produtor em grande escala das espigas, dependendo de outros territórios, como Mato Grosso. “Queremos discutir quais estratégias adotaremos para que nossos criadores rurais tenham melhores condições”, afirmou.
Ele destaca que a Conab mantém dois programas federais direcionados aos produtores nacionais. Um deles é o Programa de Vendas em Balcão para atender o pequeno criador rural e o outro é Leilões de Estoque, que atende o público médio e grande do setor. “É importante frisar que eles só existem porque a Conab tem estoque público de milho, que vem caindo nos últimos três anos. Antes esse número era de 2 milhões no Brasil, mas agora está com apenas 800 milhões e com essa queda, a tendência é que os programas acabem. Então, vamos relatar a situação e esperamos encaminhar o pleito ao governo federal, informando que não produzimos e da necessidade de parte do estoque para o Amazonas”, adiantou.
A exemplo de outras unidades federais, o Amazonas deveria começar a aumentar a produção na região para não ficar sem o volume do milho aponta Meirelles. Para ele, o Estado deve discutir mais sobre o assunto devido as influências negativas que caem ao consumidor.
“O aumento no preço, a diminuição do estoque público e a nossa dependência influenciam desde da criação do animal até o consumidor final. Para se ter ideia, interfere em produtos como o ovo de galinha que compõe a cesta básica brasileira, pesando no bolso da população”, finalizou.
Autoridades vigentes de órgãos públicos que atuam na atividade rural, produtores e empresários rurais participaram da reunião.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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