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Expectativa do setor gráfico é retomada

De olho na trajetória de crescimento do PIM (Polo Industrial de Manaus), a indústria gráfica local começa a receber consultas com relação a preços, encomendas e novos contratos. Para a direção do Sindusgraf-AM (Sindicato da Indústria Gráfica do Estado do Amazonas) essa sondagem por parte das fabricantes pode representar volta à tendência de crescimento, haja vista o setor ter sido um dos prejudicados pela crise econômica global.
Segundo o presidente da entidade, Roberto Caminha, o setor, que sofreu o impacto da contração dos mercados, iniciada com a crise internacional, deflagrada no Brasil no último trimestre de 2008, está evoluindo gradativamente. O dirigente afirmou que a crise prejudicou a atividade gráfica que é um termômetro do mercado, ou seja, quando inicia um processo de crise as empresas param imediatamente de fazer serviços gráficos, o mesmo acontecendo quando o mercado volta a crescer, porque as encomendas acompanham o ritmo fabril. “O setor é o primeiro a sentir a descida da atividade industrial e também o retorno do crescimento”, disse.
Roberto Caminha está apos­tando nos negócios que deverão ser gerados neste segundo semestre para recuperar as perdas obtidas nos primeiros meses do ano. Quem também torce para que isso aconteça é o proprietário da Irangraf, Iran Miranda, que aponta queda de 80% nos negócios de sua empresa por conta da baixa acentuada nas encomendas entre janeiro e março, originada pela crise. “Nestes três meses paguei para trabalhar”, admitiu, informando que atualmente o nível de perdas caiu para 50%.

Pregão eletrônico

Como a maior demanda de serviços da Irangraf é voltada para a Prefeitura Municipal de Manaus, Miranda está na expectativa da realização do pregão eletrônico, previsto para acontecer em agosto. “Como até agora não aconteceu nenhum pregão estamos com os serviços parados para o setor público”, lamentou, ressaltando que também participa do pregão eletrônico do Estado, que já teve este ano, “mas que é muito difícil uma empresa de pequeno porte ganhar uma licitação” completou.
O proprietário da Gráfica Santa Luzia, Theodorico Alves Fernandes, também reclama que o pregão não tem sido tão bondoso com o setor gráfico. Além de pouco trabalho, ele disse que eles estipulam um preço inicial que às vezes não é atrativo para a quantidade de serviços exigida. “Houve casos em que o licitante ficou no prejuízo, sem condições de cumprir o acordado”, disse.
O pregão eletrônico nacional também não beneficia empresas de médio e pequeno porte, segundo Theodorico Fernandes, porque a concorrência se torna desleal. Ele garantiu que até as grandes empresas do setor sediadas em Manaus reclamam, porque concorrem com empresas nacionais que têm outras realidades, inclusive benefícios não existentes aqui. “As empresas locais pagam um frete muito caro, o que encarece nossos serviços”, disse, informando que três empresas do setor, oriundas de São Paulo, que ganharam concorrência em Manaus já voltaram.
A Gráfica Santa Luzia, que atende demanda de serviços gráficos do Distrito Industrial, área comercial e o serviço público estadual e municipal, também teve um primeiro trimestre encolhido. A melhora só veio a partir de abril, mas está bem abaixo do que a empresa obteve em igual período do ano passado.
Quanto a Copa do Mundo de 2014, onde Manaus vai ser uma das subsedes, Iran Miranda não vê em que o setor poderá ser beneficiado. Ele diz acreditar que a construção civil e o setor hoteleiro é que vão ficar com a maior fatia dos negócios que serão gerados pelo evento.
Ganhar dinheiro nas eleições não está nada fácil para o setor gráfico, disse Miranda, por conta das atuais exigências da Lei Eleitoral. Como tudo está controlado e os candidatos não podem gastar além do que for definido pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) com santinhos, cartazes, faixas, banners, etc, o setor já não tem uma demanda tão grande como antes. “Até as doações feitas por pessoas que bancam candidatos ficaram difíceis porque ninguém quer aparecer, principalmente se for empresa”, disse.

Investimento realizado

Na contramão da crise global, a Gráfica Ampla realizou investimentos de R$ 1,3 milhão no primeiro semestre deste ano no momento em que o mercado começou a se equilibrar e a falta de confiança do consumidor diminuiu.
O proprietário da empresa, Célio Novães, admitiu que houve uma pequena queda na demanda que se ajustou depois que percebeu com mais clareza o que estava realmente acontecendo. “Já nos últimos três meses houve uma recuperaçao que nos colocou bem perto da média de faturamento do ano passado”, disse, ressaltando que a empresa conseguiu se manter em um nível razoável.
O empresário avalia que a confiança do consumidor volta aos poucos na medida em que o país mostra que o mercado interno tem uma participação muito importante no crescimento que vinha tendo nos ultimos anos.
Célio Novães não acredita que seja recuperado o que foi perdido em nível de crescimento. “Cresceremos menos, mas acho que os acontecimentos são válidos para ajustar aquilo que estava fora do eixo”, disse.
No mercado gráfico há cinco anos, a Ampla derivou de uma empresa que atendia as agências e outras gráficas de Manaus, isso há nove anos. Atualmente conta com 55 colaboradores, que juntos produzem materiais para o varejo e a indústria, entre panfletos, revistas, folders, capas de CD e livros. A empresa está iniciando na área de embalagens.

Mercado exigente

Nos últimos seis anos a indústria gráfica local teve um incremento altíssimo se considerado o número de empresas que saltou de seis para 192 –entre, pequena, média e grande–, conforme Roberto Caminha.
Ao mesmo tempo que cresce, o mercado também se torna mais exigente, o que requer profissionais especializados em algumas área gráficas. Caminha explicou que a partir do mês de setembro o sindicato vai promover cursos de policromia, manutenção de máquinas e densitrometria (densidade de papel e tinta). “São mãos-de-obra necessárias para atender o mercado gráfico local”, disse.
Com a decisão do governo federal de classificar as gráficas como prestadoras de serviço –em dezembro do ano passado– o dirigente disse que tal decisão favoreceu o setor, que ficou isento de pagar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o que ajudou a aumentar a competitividade, mas criou maiores responsabilidades para as gráficas.

Panorama nacional

Notícias nacionais dão conta que a indústria gráfica, que projetava um crescimento do setor em 2009, já admite fechar o ano no vermelho. O setor dava como certo o crescimento mas, em função de o BC (Banco Central) ter diminuído gradativamente as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), de 1,2% para 0,8% –hoje, as projeções não são nada animadoras.
Em 2008, as vendas do setor gráfico, conforme a Abigraf Nacional, chegou a R$ 23,40 bilhões, 1,75% a mais do que o registrado em 2007 (R$ 23 bilhões).

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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