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Fonoaudióloga diz para evitar locais com muito barulho

Dia 10 passado comemorou-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, mas quase não se ouviu falar sobre o assunto relacionado a um dos nossos mais importantes sentidos, afinal, quem consegue viver em sociedade sem a audição perfeita? O Jornal do Commercio, então, ouviu a Dra. Viviane Azevedo Monteiro, fonoaudióloga e diretora da Clínica Viva Mais Especialidades. Viviane Azevedo é formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e atua na área de eletrofisiologia da audição, avaliação e reabilitação da vertigem e tontura.

Jornal do Commercio: É verdade que a surdez está aumentando no mundo? 

Viviane Azevedo: Sim, significativamente. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 2,5 bilhões de pessoas terão algum grau de perda auditiva até 2050. Esse aumento significativo se dá por vários fatores, são eles: problemas decorrentes na infância como infecções não tratadas na época devida; doenças infecciosas maternas, que podem levar a perda auditiva congênita, ou seja, aquele bebê que já nasce com surdez; exposição sonora excessiva e o envelhecimento da população que é a principal causa da surdez adquirida.

JC: São os barulhos do mundo que estão deixando o ser humano surdo, ou algum tipo de doença prevalece?

VA: São várias as doenças que podem causar a surdez neurosensorial (definitiva): rubéola, toxoplasmose, sífilis, meningite, herpes, pressão alta, diabetes, caxumba, doença de Meniere,  tumores benignos e malignos que atingem o ouvido, entre outros.

Ainda a surdez de condução, que é tratável e acontece quando algo bloqueia a passagem do som para o ouvido interno, são eles: infecções no ouvido, rompimento do tímpano ou acúmulo de cera. 

JC: Como saber quando se está ficando surdo? É quando se começa a perguntar o que a pessoa falou?

VA: Geralmente quem observa os primeiros sinais de perda auditiva não é o paciente, e sim, algum familiar, pois começa a ver a dificuldade dele compreender as pessoas ao seu redor ou pede para repetir algumas vezes o que está sendo dito. As queixas são diversas, desde zumbido, tontura, dificuldade para localizar de onde o som está vindo, de compreender o que está sendo dito, principalmente em ambientes ruidosos, a necessidade de aumentar o volume da TV ou ainda de pedir para falarem mais alto e, a leitura labial durante a conversa. 

JC: Quais fatores, além das doenças e do barulho, podem causar surdez?

VA: A hereditariedade está presente em 60% dos casos de surdez em recém nascidos.

A surdez congênita ocorre durante a gestação e as principais causas são: hereditariedade, medicamentos tomados pela gestante, doenças adquiridas na gestação como rubéola, citomegalovírus, meningite, toxoplasmose, sífilis, herpes, infecções hospitalares, prematuridade, baixo peso, síndromes, consumo de álcool, drogas, entre outras.

É direito de todo bebê realizar o Teste da Orelhinha ao nascer. Esse exame tem como objetivo constatar problemas auditivos já nessa fase. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para o desenvolvimento da fala e linguagem da criança.

JC: Quando a surdez é irreversível? 

VA: Dizemos que é irreversível quando ela é do tipo neurossensorial, quando há lesão no ouvido interno e as células ciliadas não conseguem mais transmitir os sinais elétricos em direção ao cérebro como conseguiam antes da lesão. Dependendo do grau, essa alteração impede a pessoa de ouvir sons mais fracos ou até sons mais fortes.

JC: Fones de ouvido, moda principalmente entre adolescentes, são prejudiciais? 

VA: O uso excessivo do fone em volume alto pode sim causar a médio prazo perda auditiva. O limite seguro de som contínuo para o ouvido é de 80 decibéis. Os fones não devem ultrapassar 50% do limite do aparelho para não prejudicar a audição.

JC: A surdez é um dos problemas que surge com a velhice, ou isso pode ser evitado? 

VA: Sim, a surdez  faz parte do processo natural relacionado ao envelhecimento do indivíduo. Por volta dos 50/60 anos a pessoa já não ouve com a mesma perfeição de quando tinha 20 anos, pois algumas células auditivas vão morrendo. No entanto, fatores ambientais e de estilo de vida também colaboram para a conservação e prevenção da saúde auditiva, por exemplo, levar uma vida saudável, praticar atividade física, uma boa alimentação, fazer exames regulares, manter um sono adequado, não introduzir objetos no ouvido e, a qualquer sinal ou sintoma, buscar uma avaliação adequada com o otorrinolaringologista. A demora em buscar ajuda pode muitas vezes agravar os sintomas piorando o quadro e prejudicando a qualidade de vida do indivíduo, levando a um isolamento social, depressão, entre outros. 

JC: O que fazer para evitar a surdez devido os barulhos dos grandes centros? Ir morar no meio da floresta? 

VA: Curtir os sons da natureza é uma delícia, mas nem sempre dá pra fugir, então, seguem algumas orientações e cuidados para se ter uma boa saúde auditiva mesmo na correria do dia a dia: evitar locais com muito barulho; utilizar protetores auditivos em locais de trabalho com ruído ou naqueles que estão lhe incomodando; evitar o uso de fones de ouvido e, quando utilizar, nunca ultrapassar o limite de 50% da intensidade do aparelho. Dê preferência aos modelos de concha; evitar ficar perto de caixas de som em shows e casas noturnas; fechar as janelas do carro em locais de trânsito barulhento; escolher equipamentos domésticos mais silenciosos. E procure um otorrinolaringologista para realizar sua avaliação e exames específicos a fim de detectar alguma perda ou anormalidade auditiva e assim receber as orientações mais adequadas para um possível tratamento.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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