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Eu sou o líder, e agora?

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Não é incomum encontrarmos recém-promovidos para cargos de liderança que eram excelentes conhecedores de processos e especializados em suas atividades de rotinas sem entenderem direito quais são os reais problemas a serem enfrentados em cargos de gestão, bem como não terem a mínima ideia de por onde começar para travar uma história de sucesso neste novo nível de desafio, que certamente será mais complexo, incerto e por vezes ambíguo.  

A eles, cabe acreditar em sua história de resultados na área especializada, suas referências de responsabilidade, comprometimento e alguns outros atributos de atitudes que conferiram evidências positivas para as pessoas que acreditaram nele e pronto. Eis o novo líder!

Não há um mapa certo para o êxito nesta transição de carreira, mas sim, existem estratégias para este período crítico que se observadas e colocadas em prática podem contribuir favoravelmente para que este profissional considere ao assumir a posição sem tantos impactos desproporcionais nos resultados e nos relacionamentos com a equipe. 

Lembre-me do João, um entusiasmado com o seu trabalho, querido por seus colegas e respeitado por seus superiores. De repente, não tão de repente assim, mas quando acontece parece mesmo que foi ontem. João assumiria por 90 dias – período de experiência a oportunidade de liderar a equipe de produção e mostrar que estava pronto para assumir por tempo indeterminado este novo posto. Empolgado, a primeira coisa que João fez, foi avisar para o chefe que não deveria se preocupar, afinal ele sabia de todos os problemas da área e agora poderia resolvê-los com mais velocidade, já que era o chefe. As palavras de João ecoaram por horas nos ouvidos de seu gerente como se ele estivesse vendo João pela primeira vez. Por que será que João, já “sabendo dos problemas” nunca havia comentado, bem como não tinha feito movimentos de resolução e esperara a hora de virar líder para resolver?

Talvez, você tenha pensado a mesma coisa. Vamos em frente na história de João. No primeiro dia da sua mais recente posição, encobriu-se de chegar cedo e avisar que chegaria tarde em casa porque precisava trabalhar como nunca e fazer tudo o que precisava ser feito nestes dias. Trancou-se na sua nova sala (Sim. Ainda temos, muitas salas fechadas de lideranças) e mergulhou-se como nunca nos relatórios e informações para entender quais eram os principais pontos para atacar e mais rapidamente gerar os resultados tangíveis que a companhia esperava dele. Sim, eu e você podemos nos perguntar agora: e que horas ele vai falar com as pessoas?

Em uma ocasião específica, um dos colaboradores do João, o procurou para entregar um dos relatórios que rapidamente foi percebido como incompleto e com poucas especificações, mas prontamente João colocou-se como responsável para terminar o trabalho e deixar o colaborador tranquilo com seu conhecimento para fazer o que precisasse ser feito para entregar com riqueza de detalhes e muito bem feito. O colaborador agradeceu, saiu e certamente não aprenderá o que realmente corrigir. Pois é, o João não treinou, não delegou e acumulou para si um trabalho que diretamente não era dele.

Uma semana depois da sua posição, João foi reclamar com o RH que seu novo crachá de líder não chegará e era complicado exercer a liderança com o crachá de técnicos ainda. Pois bem, tem muito mais para contar sobre o João, mas deixarei para outro artigo. Tudo bem?

O importante agora, seria pensar quantos João estão assumindo agora a posição de liderança e precisam construir credibilidade e garantir alguns ganhos com a equipe na medida que os processos não podem parar e estão perdidos em quais são os fatores a serem estabelecidos para um sucesso como líder a longo prazo? Como disse, não existe receita de bolo, mas podemos ensaiar passos importantes para uma transição mais assertiva, equipando-o com ferramentas que possam acelerar essa fase e estabelecer prioridades com mais agilidade e foco sistêmico.

Uma etapa importante tem relação direta com o modelo de pensamento que estabelecerá daqui para frente. É relevante ter pensamento positivo para o sucesso que estará por vir, mas muitos se prendem a um passado de sucesso em suas posições técnica e esquecem que o cenário de líder é outro, a cobrança será outra e as demandas são bem diferentes porque contará com a capacidade de fazer com que outros façam o que precisa ser feito, e, até então, você era o maior responsável por suas entregas. E assim, seu sucesso do passado pode trazer grandes lições e uma base sólida de conhecimento especializado, mas não garantirá seu sucesso como líder. Diante disto, é importante não cair a arapuca de que ser bom tecnicamente o fará um líder excelente, são competências que se conversam, mas não são diretamente dependentes uma da outra. 

Outra etapa igualmente importante é ser estratégico e seletivo na decisão do que priorizar em termos de aprendizado para acelerar o comportamento de tomar decisões fundamentadas e com foco direcionado para o que é importante e não somente para o que é urgente. Negligenciar a curva de aprendizado em termos de pessoas, cultura e estilo do novo nível pode ser fatal para montar uma estrutura de trabalho a longo prazo que seja sustentável. Encontrar tempo para realmente aprender para além da tarefa elevará a competência de liderança e será o diferencial no decorrer da escalada de gestão.  

Realizar um diagnóstico geral sobre o cenário do processo e das pessoas que assumira neste momento dará maior precisão a situação atual e clareza do verdadeiro cenário “sem as flores” prometidas na contratação ou promoção. Este olhar considerando um novo nível de responsabilidade dará a o novo líder uma situação real para o desenvolvimento de plano de trabalho consistente que o guiará para além da rotina do dia a dia.

Com humildade e obstinação, encontrar caminhos de ganhos imediatos em processos ou relacionamentos darão a credibilidade necessária para o esperar por resultados ainda mais substanciais. Sendo assim, é importante focar em ações que somadas possam demonstrar a evolução e com elas a sensação externa de que as coisas estão melhorando e consequentemente que sua gestão está evoluindo na medida que os resultados concretos aparecem. Esta estratégia dará tempo para realizar as ações maiores diagnosticas no passo anterior.

É muito importante consolidar as relações positivas de trabalho com o gestor imediato, com os pares e com a própria equipe. Movimentos de vínculo e conexões criam valor e permitirá que o novo líder possa ter espaço para alinhar expectativas e negociar as fases de evolução. Sem esta validação das pessoas será ainda mais difícil demonstrar a que veio e ter tempo suficiente para balizar a produtividade e eficiência a ser cobrada por todos. Neste momento também será um excelente ensaio para entender o seu nível de influência, pois sem alianças internas ou externas ao seu grupo será difícil realmente avançar.

Não menos importante e não necessariamente nesta ordem, montar a equipe de pessoas com quem realmente possa contar, será o maior diferencial. Ter a bússola, saber navegar o barco, conhecer o percurso, entender para que porto estão indo, é importantíssimo, mas escolher as pessoas com quem vai navegar será vital. Muitas vezes, este novo líder veio da base e conhece os pontos fortes e oportunidades de melhorias nos colegas, mas lembre-se: como colegas. Agora, será importante, fazer uma régua das competências técnicas e comportamentais importantes para as pessoas que estarão com você nesta jornada. 

Certamente, cada cenário exigirá um pouco mais ou um pouco menos, mas acredito com a atenção aos seus recursos pessoais, de tecnologia, de sistemas, de pessoas, por mais restritos que sejam, sempre encontrará a melhor versão para fazer deste momento uma possibilidade incrível de evoluir e deixar todos os que acreditaram em você, inclusive, você mesmo, muito feliz. E que venham os desafios!

Cintia Lima é psicóloga, master coach e mentora organizacional – [email protected] – 92 981004470

Cíntia Lima

é Psicóloga, Master Coach e Mentora Organizacional [email protected] - 92 981004470
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