Sempre que sou instigado por alguém sobre a questão do desenvolvimento econômico regional procuro fazer manisfesto sobre as questões técnicas que norteiam estudos que comprovam que o conhecimento dessa área é primordial para sustentar quaisquer projetos que norteiem as ações que visem o desenvolvimento regional.
No debate público e acadêmico, o conhecimento tem sido considerado fator crucial para o desenvolvimento socioeconômico. Não é por outra razão que se convencionou chamar a fase atual do desenvolvimento capitalista de “economia baseada no conhecimento” (OECD, 1999) ou, alternativamente, de “economia do aprendizado” (Lundvall e Johnson, 1994; Lundvall, 1996).
É com a visão do conhecimento sobrepondo-se aos interesses “políticos“ que se manifesta sobre os caminhos do desenvolvimento do estado do Amazonas, pois os investimentos de recursos públicos não pertencem ao governo da ação, mas a sociedade como um todo, ou seja, se for desperdiçado, investidos de forma errada, ou desviado com máscaras de ação, é o cidadão que irá sofrer as conseqüências mais graves, com falta de escolas, postos de saúde, saneamento básico e etc.
Uma relevante questão, amplamente debatida em economia regional, destaca as aglomerações produtivas locais como um mecanismo fundamental para o desenvolvimento regional. Para enriquecer o debate com resultados empíricos sobre os reais benefícios/prejuízos, tanto para a população como para as sociedades empresárias e profissionais envolvidos, advindos da formação de ambientes produtivos dessa natureza -principalmente para os casos de economias regionais, no interior do estado-, faz-se necessária, numa primeira etapa, a identificação das principais aglomerações produtivas e especialmente aquelas identificadas como potenciais econômicos da localidade. Tendo isso em vista, e dada a ‘precariedade’ de se caracterizar uma aglomeração produtiva simplesmente pelo número local de atividades econômicas estabelecidas ou em potenciais.
Identificação de aglomerações produtivas e potenciais econômicos
A característica basilar de uma economia baseada no conhecimento é um ambiente competitivo intensivo, vide a indústria do PIM (Pólo Industrial de Manaus), globalizado, produtivo, comercial e financeiramente articulado. Entretanto, o conhecimento e os processos de aprendizagem e de construção de competências a ele relacionadas, na medida em que são processos essencialmente interativos e incorporados em pessoas, organizações e relacionamentos, são influenciados pelo território localizado. Isto é, o local a ser integrado.
Tendo o território local identificado, funciona como espaço primordial de interdependências intencionais e não-intencionais; tangíveis e intangíveis; produtivas e não-produtivas, comercializáveis e não-comercializáveis.
Por sua vez, identificadas essas interdependências, para que possam ser realizadas plenamente e originem processos de aprendizado coletivo e de difusão do conhecimento tácito e internalizados entre as empresas e profissionais envolvidos requerem proximidades interconectadas e físicas. Ressalte-se que, essas características primordiais devem estar contidas nesse mesmo ambiente local, que atuem como facilitador e estimulador ações de interdependências e como ligação entre um sistema de produção e uma cultura ‘tecnológica’ local. Assim, pode-se pensar o território localizado como um espaço socialmente construído, uma superfície ativa e aberta, que influencia e é influenciada pelas interações localizadas.
Vê-se desse prisma, que projetos e ações desarticuladas, em locais identificados por interesses políticos de governos, estão fadados às incertezas e aos fracassos inerentes, frente ao arcabouço trazido pelo conhecimento técnico não utilizado. Nem sempre essa matéria-prima indispensável está de acordo com os interesses dos mandatários públicos, portanto são rechaçados.
Nilson Pimentel é engenheiro, administrador e consultor de empresas e mestre em economia pela FGV. E-mail: nil
