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Estímulos estressores no trabalho (2)

Diante do que foi visto com relação ao estresse, é de se supor que a atividade laborativa venha a contribuir com fatores precipitadores, na forma de eventos ou experiências que afetam o equilíbrio emocional e físico do indivíduo, especialmente em situações de sobrecarga ou de estimulação exagerada, como alto nível exigência e competitividade. Insatisfação no trabalho, baixa performance, absenteísmo, conflitos interpessoais e alta rotatividade, podem ser indícios de estresse ocupacional, hoje considerado, do ponto de vista das organizações de trabalho, uma questão crítica, uma vez que pode acarretar perda de produtividade e custos inesperados, principalmente quando está relacionado ao aparecimento de doenças incapacitantes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, nos países em desenvolvimento as organizações costumam privilegiar, nas estratégias preventivas de saúde do trabalhador, os aspectos objetivos, como exposição a agentes químicos e biológicos e segurança física, negligenciando os riscos psicossociais. Evidentemente o conforto deve ser considerado, assim como as condições ambientais, horas trabalhadas, acústica, equipamentos, mobiliário etc, no entanto, várias outras situações no ambiente de trabalho são potencialmente estressoras, como estilo de chefia, questões salariais, comunicação deficiente, acúmulo de funções, pressão e exigências e participação na tomada de decisões.
A desorganização do ambiente de trabalho, particularmente quando não há clareza no estabelecimento de normas e regras, provoca desentendimentos e afeta o rendimento dos trabalhadores, desencadeando quadros de ansiedade. Pode ocorrer uma sobreposição de fatores, gerando sobrecarga de estímulos estressores, quando se associam demandas urgentes, responsabilidade excessiva, falta de apoio e expectativa pessoal superior à própria capacidade de desempenho. Por outro lado, as atividades repetitivas ou medíocres, destituídas de significação e a carência de solicitações, também podem ser muito estressantes, bem como o sentimento de insuficiência profissional e a sensação de insegurança no emprego.
Pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma) estima que cerca de 70% dos brasileiros sofrem de estresse no trabalho, um percentual comparável ao de países desenvolvidos como Estados Unidos e Inglaterra. Bilhões de reais têm sido gastos anualmente pelas empresas brasileiras, segundo dados do Ministério da Saúde, com despesas relativas à saúde do trabalhador, decorrentes de acidentes, doenças relacionadas ao trabalho e estresse, evidenciando a necessidade de programas de prevenção mais abrangentes e adequados à multiplicidade de fatores causais envolvidos na questão.
Considerando que o estresse envolve fatores subjetivos, além dos laborais, é difícil falar em resolução definitiva, mas a melhoria das condições oferecidas ao trabalhador é fator decisivo para lidar com a questão, ressaltando-se a importância de se realizar intervenções combinadas em nível individual e coletivo no ambiente organizacional. A adoção de um enfoque unilateral é insuficiente, pois não considera o contexto que pode ter contribuído para o adoecimento, devendo-se envidar esforços para a implementação de políticas de desenvolvimento com adoção de práticas efetivas de controle e estratégias definidas de abordagem do problema, como implantação de programas, medidas educacionais, mudanças físicas, redefinição de espaços e cuidados preventivos com a saúde física e mental do indivíduo, considerando tais medidas não como gastos, mas investimento na empresa.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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