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Estes sim, são verdadeiros heróis

Divulgação

Dia Nacional do Ex-Combatente, 3; Dia Nacional do Expedicionário, 5; Dia da Vitória, 8. Numa mesma semana, três datas relacionadas a um mesmo fato: o início do fim da Segunda Guerra Mundial, dia 8 de maio de 1945, com a rendição da Alemanha; e seus heróis, os expedicionários, que foram para a Itália; e os ex-combatentes, aqueles que participaram de operações de guerra mesmo sem sair do país.

“A data é uma só: Dia Nacional do Ex-Combatente, que engloba todos estes. Não é uma data fixa. É comemorada no primeiro domingo de maio”, explicou o cineasta e pesquisador dos brasileiros que foram para a guerra, Daniel Mata Roque, membro da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, no Rio de Janeiro.

Em entrevista dada há mais de 20 anos para o jornal Diário do Amazonas, Hilário Pimentel, então presidente da Associação dos Ex-Combatentes Seção Amazonas, contou que 120 amazonenses partiram de Manaus rumo ao Rio de Janeiro onde passariam por exames médicos e os aptos seguiriam para o campo de guerra, na Itália. Dos 120, 100 estavam em condições e rumaram para Nápoles a bordo do navio americano General M. C. Meigs, em setembro de 1944, integrando o terceiro escalão da Feb (Força Expedicionária Brasileira).

Ao final do conflito, os 100 amazonenses voltaram para Manaus como heróis de guerra, afinal tinham ido, visto e vencido. Atualmente, apenas um deles está vivo, Mário Expedito Neves Guerreiro. Em 8 de outubro ele completará 100 anos.

No bairro de São Jorge, na praça Duque de Caxias quase em frente ao 1º Bis (Batalhão de Infantaria de Selva), desde 2015 um mural lista os nomes dos 100 amazonenses ex-combatentes, “mas apesar de terem 100, constatei que faltam alguns nomes”, falou Adriel França, coordenador do projeto ‘Guerreiros do Amazonas’.

“Em busca da história destes homens que foram capazes de arriscar a vida pelo país, é que nós do projeto continuamos localizando seus familiares e parentes e trazendo à luz fatos, e objetos, interessantes e curiosos”, revelou.

As últimas lembranças

“Das 13 famílias que conseguimos localizar e contatar, algumas já visitamos e temos observado que restam poucas lembranças do herói de guerra perdidas ao longo desses últimos 75 anos. São basicamente fotos e medalhas. Nosso objetivo é criar um museu onde esse material possa ficar guardado antes que se perca de vez”, revelou Adriel.

Alguns dos objetos descobertos pelos pesquisadores são de grande importância histórica como o uniforme de Jaime Carvalho, guardado como uma relíquia por Nerine Carvalho sua, filha; ou um capacete nazista, trazido por Orlando Morais de Almeida, cuidadosamente guardado por seu filho Dante Maia, que não sabe como o pai conseguiu esconder e trazer o objeto já que, como lembrou Hilário Pimentel em sua entrevista, assim que chegaram de volta ao Brasil, os febianos tiveram que entregar qualquer objeto que tivessem trazido como lembrança da Itália. Beatriz Dantas, filha do ex-combatente José Custódio Dantas, guarda a bandeira da Associação dos Ex-Combatentes Seção Amazonas, que durante décadas funcionou num antigo casarão na rua Luiz Antony, de onde os ex-combatentes saíam para desfilar, orgulhosos, todo dia 7 de setembro. Abandonado há anos, o casarão é o retrato do descaso que o país, o Amazonas e Manaus têm por estes homens. Falando em retrato, numa das paredes do casarão ficava pendurado o único retrato conhecido de Manuel Chagas, também o único amazonense morto em combate, e que não partiu de Manaus junto com os demais 100 febianos. Outros três amazonenses igualmente se sobressaíram em suas ações na Itália, mas como Chagas, viajaram do Rio.

Não permita Deus que eu morra

Manuel Freitas Chagas estava servindo o Exército, no Rio de Janeiro, quando a guerra começou. Ele partiu no quarto escalão da Feb, em 23 de novembro de 1944. Chagas foi morto em 13 de abril de 1945, fuzilado pelos alemães quando fazia uma patrulha de reconhecimento. Tinha a patente de terceiro sargento e 24 anos de idade.

Outro amazonense morto na Itália foi primeiro tenente aviador Waldyr Paulino Pequeno de Mello, integrante do 1º Grupo de Aviação de Caça (futura Fab – Força Aérea Brasileira). A primeira, e única, missão de Pequeno de Mello na Europa aconteceu em 13 de novembro de 1944. Três dias depois, pilotando um C-47, ele levava cinegrafistas americanos para filmar um ‘vôo show’ de aviões P-47, quando a asa de um destes aviões bateu na asa de seu avião levando-o ao solo e matando todos os seus ocupantes. Paulino tinha 22 anos.

Dois amazonenses que voltaram vivos da guerra e tiveram destaque em suas ações no teatro de operações foram o major Syzeno Ramos Sarmento e o coronel Emílio Rodrigues Ribas Júnior.

No dia 22 de fevereiro de 1945 a Feb concretizava o seu maior feito na Itália ao tomar o Monte Castelo e abrir caminho para a ofensiva final dos aliados rumo a Berlin. Três batalhões realizaram o último embate naquele 22 de fevereiro e um deles, o batalhão Syzeno, era comandado pelo major Syzeno Sarmento, então com 37 anos. Syzeno chegou à patente de general e morreu em 1983.

O coronel Emílio Ribas embarcou para o teatro de operações na Itália em setembro de 1944 ocupando o alto posto de chefe do estado-maior da Feb de novembro de 1944 a dezembro de 1945, quando estava com apenas 48 anos. É o único amazonense a ter chegado à patente de marechal, em 1963. Morreu em 1973.         

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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