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Estado traz borracha da Ásia e África

O Estado do Amazonas está importando borracha natural da Malásia, Indonésia, Tailândia e países africanos. A importação é para atender as atividades do setor de beneficiamento de borracha, basicamente para produção de pneus de motocicletas e bicicletas produzidos no PIM (Polo Industrial de Manaus). O setor industrial precisa de 14 mil toneladas de borracha por ano e o Amazonas só produz 2 mil toneladas.
De janeiro a maio deste ano o setor de beneficiamento de borracha faturou R$ 87,7 milhões, aumento de 50,27% em relação ao mesmo período de 2013, quando o segmento faturou R$ 58,3 milhões, um dos maiores crescimento proporcional no PIM, de acordo com dados dos Indicadores Econômicos da Suframa.
Mas, para atender a demanda crescente, o Estado está importando cerca de 10% da borracha para a produção de pneus de veículos de duas rodas, porque a produção estadual e das demais regiões brasileiras não atendem as necessidades da indústria instalada em Manaus.
“A Neotec é a única empresa que produz pneus a partir da borracha natural extraída da região amazônica. Compramos tudo o que o Estado oferece”, informa o membro do conselho administrativo da Levorin e sócio da Neotec, Auro Levorin, empresa do Grupo Levorin, fabricante nacional de pneus e câmaras que também produz pneus em Manaus. O executivo explica que cerca de 40% da produção nacional tem como base o látex brasileiro, enquanto 60% precisa ser importado de grandes fabricantes internacionais. Do total da matéria-prima utilizada pela fábrica em Manaus 90% é produzida na Amazônia Legal.
Ele informa que atualmente a extração da borracha da Amazônia representa apenas 3% do mercado brasileiro. “A borracha extraída na Amazônia abasteceu o país durante muitos anos. Mas, fatores históricos resultaram na atual necessidade de importar o produto de outros países”, comenta. Segundo Levorin, anualmente a Neotec produz 14 mil toneladas de pneus. A empresa também fabrica câmaras de ar para bicicletas e projeta iniciar a produção de câmaras para pneus de motocicletas até o mês de outubro deste ano.
“Acredito que teremos um aumento de aproximadamente 10% no faturamento de 2014 em comparação a 2013”, especulou. “Somos a única empresa nacional que desenvolve tecnologias para fornecer produtos de borracha a empresas japonesas”, complementou. Fazem parte da lista de fornecedores da Neotec/Levorin: Moto Honda da Amazônia, Yamaha Motor Company, Dafra Motos, Caloi e Prince Bike Norte Ltda.
Levorin ainda informou que ao serem convidados pelo governo do Estado para instalarem uma empresa em Manaus, em 2012, a ideia era além de abastecer o mercado automobilístico, dar subsídio aos projetos governamentais quanto ao fomento da cadeia produtiva da borracha no Amazonas.
O administrador avalia que a instalação da empresa na capital trouxe benefícios ao Amazonas a partir da geração de 600 empregos diretos e 1,8 mil indiretos. “Além do trabalho que desenvolvemos para o incentivo da extração natural da borracha que beneficia 2,8 mil famílias”, considera.
Para Levorin, um dos fatores inibidores quanto a autossuficiência do abastecimento do látex local é a demora no desenvolvimento da seringueira. Outro agravante, é a ampla concorrência com os fornecedores estrangeiros, como a Indonésia, por exemplo. “Uma seringueira demora, no mínimo dez anos para resultar em produção e vendas. Por outro lado, o produtor brasileiro não tem amparo do governo para se estruturar e enfrentar os altos e baixos do preço da borracha. É necessário ter políticas públicas para esse trabalho”.

Programa de fomento
Com objetivo de fomentar a cadeia produtiva da borracha, a ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável), órgão do governo do Estado, desenvolve política de estímulos à extração do látex a partir do Programa Estadual de Valorização da Cadeia Produtiva da Borracha Natural. Atualmente o programa governamental beneficia 2,6 mil pessoas distribuídas entre 25 municípios, entre os estímulos, está um subsídio de R$ 1 pago por cada quilo da borracha natural aos seringueiros. Esse valor é pago desde 2011.
O diretor de negócios florestais da ADS, Jardel Luzeiro, explica que os seringueiros residentes nos municípios fazem um levantamento com uma estimativa de quanto vão produzir durante um determinado período. Esse planejamento é repassado à ADS por meio da associação existente em cada município. “Os produtores recebem seus pagamentos por meio de aportes dos governos estadual, federal e em alguns casos municipal”, afirmou.
Luzeiro disse que a produção total de borracha programada para este ano é de 2 mil toneladas. Fazem parte do programa as seguintes cidades: Borba, Nova Olinda do Norte, Novo Aripuanã, Manicoré, Lábrea, Pauini, Boca do Acre, Humaitá, Eirunepé, Envira, Carauari, Itamarati, Juruá, Itacoatiara, Urucará, São Gabriel da Cachoeira, entre outros. “O trabalho nessas comunidades é de capacitação e de construção estrutural. Fornecemos os materiais necessários para a coleta do leite”, disse. “O município de Borba anunciou a produção de 41 mil quilos de borracha somente para este ano”, complementou.

História
A história do Amazonas está intimamente ligada à economia da borracha. Entre os anos de 1879 e 1912, período conhecido como o primeiro ciclo da borracha, o Estado foi um dos grandes exportadores da matéria-prima. A história voltou a se repetir durante o período da segunda guerra mundial, com objetivo de abastecer principalmente o mercado bélico internacional. Mas, desde o primeiro grande ciclo, a economia estadual pouco dependeu da borracha, principalmente no que diz respeito a exportação e, hoje, para abastecer o seu mercado importa a matéria-prima.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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