Pesquisar
Close this search box.

Esporte perde US$ 15 bilhões com pandemia

Divulgação

A covid-19 afetou todos os setores da economia em escala global. Com o esporte não foi diferente. A paralisação, o cancelamento e a postergação de competições trouxeram prejuízos para toda a cadeia que forma a indústria esportiva, como times, marcas patrocinadoras, investidores, mídia e o varejo em geral.

Segundo estimativas da empresa brasileira de marketing esportivo Sports Value, o esporte profissional global deve perder cerca de US$ 15 bilhões por conta do novo coronavírus, considerando-se vendas de ingressos, direitos de TV, venda de produtos e patrocínios. Esse montante equivale a 2% do mercado esportivo global, que movimenta anualmente US$ 756 bilhões.

Os prejuízos, para o consultor de marketing esportivo Amir Somoggi, sócio diretor da Sports Value, afetam toda uma cadeia produtiva que é impactada pelo alto grau de indução do esporte a diferentes setores econômicos.

“Quando um torcedor compra um ingresso e vai a um espetáculo esportivo, seus impactos vão muito além do que gastou na compra da entrada. Há reflexos em uma cadeia produtiva que inclui o transporte, comida, bebida, entretenimento, compra de produtos e, claro, arrecadação de impostos”, afirma.

De acordo com cálculos da Sports Value, para cada US$ 1 gerado diretamente por uma liga esportiva profissional, dependendo do grau de profissionalização, seu impacto indireto e induzido na economia pode chegar a US$ 2,5. “O esporte aglutina interesse, arrasta multidões, e seu dinamismo induz a economia e alavanca cidades e até países”, diz Somoggi.

VAREJO ESPORTIVO

Cerca de um terço da movimentação econômica da indústria esportiva mundial deve-se ao varejo. No Brasil, segundo o diretor da Sports Value, a participação é de mais de 60%, principalmente na comercialização de artigos relacionados ao futebol, modalidade na qual os clubes brasileiros terão perdas superiores a R$ 1,1 bilhão por conta da pandemia.

“Há um risco real da covid-19 representar perdas de mais de 17% do faturamento total dos clubes brasileiros”, aponta Somoggi. Esse cálculo considera as vendas de ingressos, sócio torcedor, comercialização de produtos, corte nas verbas de TV e possíveis perdas de patrocínios.

A mesma preocupação é compartilhada por Maurício Fernandez, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte (Abriesp). Para o dirigente, “com a paralização de campeonatos, muitos contratos de patrocínios estão sendo renegociados, já que não há uma exposição das marcas na mídia como antes”.

O comércio de materiais esportivos, na opinião de Fernandez, também se transformou com a covid-19. A entidade ainda não possui números consolidados. No entanto, “o varejo físico, de forma geral, está sofrendo prejuízos terríveis com as lojas fechadas. Já as empresas que vendem artigos on-line não estão sentindo tanto os efeitos da crise. Pelo contrário, muitas estão se destacando e aumentando suas vendas”, afirma.

OPERAÇÃO DIGITAL

A Netshoes, pelo fato de operar exclusivamente on-line, está conseguindo lidar mais facilmente com a crise do novo coronavírus. Com o isolamento social e a quarentena, houve um crescimento significativo na venda de produtos que podem ser utilizados para praticar atividade física dentro de casa.

Os elásticos e faixas, por exemplo, tiveram um aumento de mais de 2.500% na última quinzena. No caso dos colchonetes, tapetes e cordas, o crescimento foi de 2.000%.

Em contrapartida, a empresa observou um menor crescimento em categorias de produtos para a prática de atividades ao ar livre, principalmente esportes coletivos. Caiu a procura, por exemplo, por itens como chuteiras e bolas de futebol, vôlei e basquete.

De acordo com o diretor comercial da Netshoes, Murilo Massari, o fato de a empresa operar totalmente digital fez diferença em um momento de crise global. “Começamos a sentir o impacto da pandemia nas primeiras semanas, mas agora já nos adaptamos e estamos buscando levar o esporte ao lar do brasileiro”, conta.

As projeções de venda da empresa, continua Massari, “estão indo na contramão da crise e vemos um número de acessos pelo aplicativo ainda maior. Daqui em diante, os hábitos de consumo dos clientes vão mudar radicalmente para os canais digitais e a Netshoes está preparada para absorver essa demanda”, afirma.

OLIMPÍADA ADIADA

A pandemia da covid-19, além dos prejuízos naturais para a indústria do esporte, fez com que o maior evento esportivo do ano, a Olimpíada de Tóquio, fosse adiado para o ano que vem. A medida também irá colaborar para aumentar ainda mais as perdas no setor em 2020.

Um dos segmentos mais impactados será o do turismo. Vale lembrar que a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, recebeu mais de 500 mil turistas estrangeiros, sem falar nos milhões de turistas domésticos, atletas, profissionais de diferentes setores e imprensa.

“O adiamento da Olimpíada trará prejuízos ao setor, mas a medida nem se compara aos estragos causados pela pandemia. É importante destacar que os jogos não foram cancelados, mas adiados. Assim, de alguma maneira eles serão realizados futuramente”, ressalta Somoggi.

NOVAS TENDÊNCIAS

Com as pessoas confinadas em suas casas, surgiram novas tendências de consumo de informações. A audiência domiciliar, para o diretor da Sports Value, deve ser amplamente explorada pelas marcas e equipes esportivas. “O engajamento dos fãs por meio de canais digitais deve ser contínuo. Para isso, vale realizar ações com ídolos e ex-atletas, além de produzir conteúdos que gerem interação entre fãs e jogadores, além de retornos para os patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão”, afirma.

Em relação ao futebol, devido ao caos na saúde pública, Somoggi reforça que o estado brasileiro não pode injetar recursos nos clubes. A solução seria oferecer benefícios como redução de impostos e contribuições sociais sobre a folha salarial. A injeção de recursos, para o diretor da Sports Value, deve vir da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Quanto aos clubes, Somoggi destaca que eles precisam entender o momento atual do mercado brasileiro e internacional, reduzindo suas folhas salariais.

“Um choque de gestão se faz necessário e uma redução de pelo menos 25% nos vencimentos é fundamental neste momento”, diz. “Mesmo quando as competições recomeçarem, o retorno dos torcedores aos estádios será lento e, com isso, toda a cadeia esportiva envolvida nas competições”, completa Maurício Fernandez, presidente da Abriesp.

Fonte: Redação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar