Pesquisar
Close this search box.

Escuta ativa é mais do que apenas o verbo escutar

Escuta ativa é mais do que apenas o verbo escutar

Saber escutar é, antes de tudo, uma qualidade. Melhor ainda quando, além de escutar o que se passa à nossa volta, conseguimos reagir de forma assertiva nas diversas situações. Isso é o que se chama escuta ativa, cada vez mais requisitada no ambiente corporativo.

“Escuta ativa é a capacidade que possuímos de estar atentos a todos os signos que o meio e as pessoas estão emitindo ao nosso redor. São sinais, uma série de estímulos que estão acontecendo à nossa volta, tanto do ponto de vista auditivo, mas não apenas isso. É toda leitura não verbal e do contexto. Saber ler, por exemplo, o estilo de moda de uma pessoa é escuta ativa. Então, apesar de ter ficado popular com esse termo, essa qualidade vai além da escuta. Envolve a prontidão e a recepção de tudo que nos cerca e nos está sendo comunicado’, explicou ao Jornal do Commercio, Matheus Jacob, mestre em Filosofia pela Puc/SP; com educação executiva em Liderança e Comunicação, pela Chicago Booth Business School; e em Retórica e Persuasão, pela Harvard University.

Ainda de acordo com Matheus, os governantes que ascendem ao poder de forma populista, possuem a escuta ativa e a utilizam em relação ao seu povo.

“Se pegarmos, por exemplo, os grandes líderes da América Latina, são pessoas que ouviram o que o povo estava clamando e prometeram aquilo. Se entregaram ou não, é outra questão. Barack Obama é uma pessoa que soube ouvir grande parte da sua nação. A Oprah, considerada uma das pessoas mais carismáticas do mundo, tem uma escuta ativa gigantesca. Então todos que possuem esse papel de serem excelentes comunicadores e motivarem grandes e médias massas, têm isso de forma muito presente”, revelou.

Além do psicólogo

Escuta ativa não significa falar pouco e ouvir mais. O processo envolve justamente a nossa capacidade de ouvir muito. Mas, muitas vezes, podemos comunicar apenas o adequado. Não necessariamente falar pouco, mas falar o adequado no sentido de: uma vez que estou ouvindo o que a minha audiência precisa, entregar a quantidade de comunicação exatamente necessária.

Escuta ativa, ainda, é muito mais do que o verbo escutar. É ler todos os sinais ao redor: visuais, textuais, sonoros, elementos contextuais.

“Parece algo complexo quando falamos da questão da escuta ativa envolver uma grande variedade de sinais, que devemos perceber. Mas, sem dúvida, é uma habilidade que qualquer pessoa é capaz de treinar, porque envolve a prática. Quanto mais repertório nós temos, mais estamos prontos para identificar as coisas. Por exemplo, se eu tenho repertório de leitura não verbal, de arquétipos de moda, tudo isso passa a ser caminho para eu treinar e identificar mais rápido aquilo”, ensinou.

E se a questão é ouvir muito e falar pouco, então, o profissional ideal para ensinar os passos da escuta ativa seria o psicólogo.

“Não somente o psicólogo, mas vários outros profissionais e atitudes podem ajudar como estudar teatro, artes, e atividades que envolvam as pessoas, e mesmo habilidades dentro de contextos os mais diversos. Praticar um esporte coletivo, por exemplo, acaba desenvolvendo muito a escuta ativa. A percepção do que o atleta oponente vai fazer faz com que você desenvolva uma percepção do outro, por isso alguns atletas se destacam entre vários, então, sem dúvida, conhecer e aplicar a escuta ativa não fica restrito somente à psicologia. Quanto mais repertório você tiver, mais coisas têm para interpretar”, afirmou.

Todos deveriam dominar

Com essa habilidade na rotina, há uma grande possibilidade de líderes e liderados gerarem mais estratégia, empatia e menos conflitos na resolução dos desafios das organizações, por isso alguém que está se tornando um empreendedor deve ter, ou se não tiver, desenvolver a escuta ativa.

“Utilizado numa corporação, ou num empreendimento, o profissional vai estar certo de que ouve e lê o seu cliente, investiga, faz entrevistas. Só deve tomar cuidado porque o empreendedor pode, às vezes, cair no risco de se apaixonar pelo seu sonho e não prestar atenção no que sua audiência está dizendo. Precisamos nos entregar ao que sonhamos, mas também temos que deixar os outros sonharem com aquilo”, lembrou.

E fica a pergunta: todos na empresa devem dominar a escuta ativa?

“É o ideal, sem dúvida. É importante entender nossos pares, líderes e liderados, principalmente a própria empresa precisa ouvir seus clientes, fornecedores e outras empresas envolvidas. Todos num empreendimento deveriam dominar a escuta ativa, pois não é impossível, é treino. Por isso, cada vez mais, as comporações investem neste tipo de treinamento e prática”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar