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Escrever para jornal

Muitos dos grandes escritores escreveram para jornais, dentre eles, podemos elencar, sem pestanejar, Machado de Assis, Clarice Lispector, José Saramago e o próprio Dostoiévsk. Não que tenha algo de diferente, que quer que seja, é meramente analítico, porém me dá a pena ática a sensação de que estou num lugar familiar para a minha essência de escritor. A ansiedade de ir a uma banca de revistas, procurar pelo jornal e abrir na página, procurar pelo meu texto e ler de novo é muito gostosa. Vez ou outra, a contragosto, até a achar algum erro. 

A sensação, na verdade, é que a literatura se permite demorar demais na vida de quem passa, com livros e textos a consumir um tempo que, nos dias de hoje, provoca ansiedade nos que até por algum motivo querem ficar. A revolução do digital, a trazer coisas boas, nos trouxe também uma dificuldade, principalmente na geração Z, de se demorar. O tempo tornou-se um dos ativos mais valiosos do mercado e a jogar o jogo, as redes sociais hoje em dia consomem um tempo no dia de cada um de nós nunca antes visto. 

O jornal, no meio de tudo isso, é consumido às pressas, com manchetes e textos rasos. Alguns ainda compram os jornais físicos, mas não sei até quando, têm se tornado cada vez mais obsoletos. Parece muito mais fácil se informar a ver TV ou simplesmente consumir um jornal que chega no e-mail, gratuitamente, todos os dias. Não pense que estou do lado deles, digo isso com pesar e aperto no peito. Sobretudo pelo fato de que estou a escrever isso numa coluna, num jornal impresso, como faziam meus heróis da literatura no período auge das crônicas em folhetins. 

Ficará cada vez mais comuns retiros espirituais em que a presença da tecnologia é proibida, lugares à parte da sociedade comum onde o objetivo é se curar de todo o mal que a tecnologia nos causou. Um mal que, a longo prazo, há de ser deveras destrutivo para a sociedade. Não sabemos de que forma as mídias sociais afetam a nossa mente e tudo me leva a crer que não é de forma positiva. O bilionário da tecnologia Steve Jobs, por exemplo, mesmo sendo o fundador da maior empresa de tecnologia do mundo, sequer deixava seus filhos ficarem muito tempo de posse de um iPad ou iPhone. O que ele sabe que não sabemos? Quando descobrirmos, temo eu, já há de ser tarde demais.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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