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Escassez de embalagens afeta setores do Amazonas

A produção de importantes insumos como embalagens plásticas e de papelão tem apresentando oferta restrita e preços elevados. Segmentos afetados pela escassez da matéria-prima comentam sobre a dificuldade.

O vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), relata que o agravamento da escassez dos insumos industriais em junho chegou a 80%.  “Está faltando papelão para as embalagens e insumos plásticos para movimentar a rotina produtiva”. 

Na mesma ótica, o presidente da Federação, Antonio Silva, explica que os materiais de embalagem possuem algumas particularidades dentro das legislações estadual e federal, as quais exigem que parte desse material seja adquirido no mercado local. Na hipótese das indústrias não atenderem à demanda corrente, talvez fosse o caso de flexibilizar a aquisição por curto período até que o mercado consiga nivelar oferta e demanda.

Além da limitação na oferta de embalagens, os valores subiram significativamente. Na semana passada, o Jornal do Commercio conversou com o presidente do Sindicato da Indústria de Bebidas do Amazonas, Luiz Cruz, que confirmou que um dos vilões do mercado são os custos dos insumos derivados de plásticos que tiveram aumento entre 48% a 100%, em um ano. 

De acordo com o presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), José Ricardo Roriz, em meio a recuperação do setor, se iniciou um acentuado desequilíbrio de oferta de matérias-primas plásticas no mundo. Por isso, os preços dos insumos oscilaram e têm oscilado de forma muito brusca. Há dificuldade para encontrar matérias-primas de PE, PP e PVC no mercado doméstico e internacional. Além disso, o cenário global é de oferta mais restrita de resinas, o que impacta diretamente nos preços desses materiais”. 

Ele declara que o cenário permanece. “Ainda existe um desbalanceamento entre oferta e demanda de resinas em nível global”. Algumas atividades registraram boa recuperação no período de pandemia, enquanto outras foram parcialmente ou totalmente suspensas – o que prejudicou a previsibilidade de toda a cadeia. Ainda recebemos informações de dificuldades de entregas de materiais, notadamente polipropileno e altos preços.

A Abiplast tem buscado levar a público esse desequilíbrio de mercado, além de sensibilizar o governo quanto aos impactos no acesso às matérias-primas a preços competitivos. Há um imposto sobre importações de resinas dos mais altos do mundo (14% no Brasil contra uma média de 6,5% nos países da OCDE), aliado a antidumping contra PP e PVC, que podem chegar até 18%.

“Em dezembro de 2020, houve uma redução temporária da alíquota do imposto de importação de PVC, de 14% para 4% e para uma cota de 160 mil toneladas por três meses, medida renovada em março de 2021, por mais 3 meses”, enfatiza ele.

Em conjunto com várias associações consumidoras de PP, a ABIPLAST solicitou redução de alíquota de importação para PP, pleito que foi provido em março – redução de 14% para 0%, por 3 meses, para importação de uma cota de 77 mil toneladas de resinas nesse período.

“Mesmo com essas medidas temporárias, muito importantes para o setor de transformados plásticos, reforçamos que há um entrave estrutural, sobre o qual alertamos há muito tempo: monopólio com mercado fechado/protegido, instrumentos de defesa comercial usados inversamente com a lógica da geração de valor e a falta de investimentos locais para ampliação de capacidade, já que são feitos somente no exterior (sobretudo em países com medidas antidumping)”.

Demanda maior que a oferta

A Empapel (Associação Brasileira de Embalagens em Papel), informa que a venda de papelão ondulado para embalagem registra forte crescimento, desde junho de 2020. A alta demanda ocorreu, por conta da retomada da indústria para atender o maior consumo de bens de primeira necessidade, além do crescimento do e- commerce e delivery, desde o início da pandemia da Covid-19, que fizeram iInflar o mercado de embalagens de papelão ondulado. 

“A mudança rápida e crescimento acelerado levou o setor a estender seu prazo de entrega.

A retomada do crescimento iniciou em meados de junho de 2020 com retorno rápido da indústria de bens semiduráveis e duráveis e todos os setores passaram a demandar mais embalagens de papelão ondulado. Desde julho de 2020, o setor registra crescimento”, informa a Associação. 

Em junho de 2021, segundo dados prévios da Empapel, a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado teve um aumento de 13%, em relação ao mesmo período em 2020, com um novo registro de recorde mensal. O setor cresceu 5,5% sobre 2019.

A previsão de crescimento para o ano, janeiro a dezembro, em cenário moderado, segundo dados da FGV para Empapel, em janeiro de 2021 era de 4,9%, em junho de 2021, e essa previsão mudou para 8,6%.

Por se tratar de uma indústria essencial, desde o início da pandemia as operações dos fabricantes de papéis para embalagens e de embalagens de papel não registraram interrupções das atividades, apesar de todos os desafios, e seguiu atendendo o Brasil, mesmo com “lockdown” em algumas cidades.

Em relação ao mercado de embalagens de papelão ondulado, a demanda continua forte e, embora os prazos tenham atingido uma melhoria, o setor ainda não alcançou a normalização. As entregas que costumavam ser de 7 a 30 dias, por conta do alto volume de vendas, estenderam-se por mais de 30 dias. “A Associação continua monitorando o mercado”..

A Empapel, reforça que o setor vem trabalhando intensamente para cumprir seus compromissos e assumiu também a responsabilidade de implementar rigorosas regras de

segurança e saúde, como a criação de books com informações sobre a Covid- 19, entre outras ações de prevenção, em relação aos cuidados com os colaboradores e familiares.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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