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Equador busca abrir caminhos para o PIM

O governo equatoriano está apostando suas fichas no projeto do Eixo multimodal Manta-Manaus, que visa unir os oceanos Pacífico e Atlântico pela Amazônia por intermédio de estradas, hidrovias e aeroportos. A intenção do Equador é ampliar a relação bilateral com o Brasil, especialmente a capital amazonense, visando os produtos ‘made in ZFM’. Uma reunião está marcada para março de 2010 na Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) para discutir o assunto.
O diretor-executivo da Ceippticepm (Comissão Especial Interinstitucional do Projeto do Porto de Transferência Internacional de Carga do Equador ao Porto de Manta), Hector Egüez, disse tratar-se de um projeto de US$ 1.2 milhão, que será desembolsado pelo governo de seu país para ser investido em infraestrutura de porto e aeroporto.
Segundo o dirigente, o projeto de interconexão consiste num porto de águas profundas, um aeroporto com uma pista muito importante, visando a entrada de produtos de Manaus, percorrendo uma rota marítima de Manta e de lá por meio de navio a Manaus, ou via terrestre. “A intenção é unir o porto equatoriano de Manta, no Pacífico, com a cidade de Manaus, no coração da Amazônia, que tem saída para o Atlântico”, informou.
Hector Egüez garantiu que o governo equatoriano tem interesse tanto em realizar negociações com o governo brasileiro como com o peruano, porque a rota passa pelo Peru e de lá chega em Manaus, Belém e ao resto do país. “Há um interesse econômico muito grande do nosso governo em manter uma relação bilateral com esses países”, admitiu.
Enquanto o Equador vai investir na melhoria do porto e aeroporto de Manta, a expectativa dos dirigentes daquele país é que o governo brasileiro facilite o processo de aduana –entrada de produtos equatorianos, certificação dos mesmos e entrada no comércio de Manaus e Tabatinga (a 1.105 km de Manaus).
Segundo Egüez, o Equador importa do PIM (Polo Industrial de Manaus) basicamente celulares e televisores. Como aquele país não produz eletroeletrônicos, a intenção é estreitar os laços comerciais com a Zona Franca de Manaus e incrementar as importações. A implementação do Eixo multimodal Manta-Manaus será um facilitador nessa relação”, garantiu o diretor, ressaltando que assim seu país pode exportar para o Brasil produtos alimentícios como cebola, batata, tomate, frutas, bananas, flores, camarão, pescado,atum, além de plásticos e cimento.
De acordo com Hector Egüez, existe uma relação bilateral muito boa entre o Brasil e o Equador, que é consolidada pelos presidentes Lula e Rafael Correa. Além disso, o Equador assim como o Brasil, faz parte do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul). “Temos as mesmas preferências no bloco”, assegurou.

Encontro marcado

O Equador participou da edição da Fiam (Feira Internacional da Amazônia) deste ano com o propósito de mostrar o projeto. Na ocasião, foi marcada um encontrdiálogo entre empresários equatorianos e brasileiros para março do próximo ano, na Suframa. “A expectativa é que o Brasil encampe o projeto”, disse Egüez.
O superintendente interino da Suframa, Oldemar Ianck disse que a autarquia participou do processo, sediando algumas reuniões com o Ministério das Relações Exteriores e dos Transportes, por entender que se tratava de um projeto muito bem estruturado. No entanto, por conta de algumas prioridades do governo do Equador, esse projeto ficou em banho-maria. Mas, o superintendente afirmou que o projeto deve sair do papel no curto prazo.
Segundo Ianck, o projeto vai ajudar a implementar a relação bilateral com o Equador, haja vista que uma das metas da Suframa é adensar o comércio na Amazônia. “O Equador não faz fronteira com o Brasil, mas vamos ter o adensamento do comércio com Peru e Colômbia e, a partir daí, iremos nos unir ao Equador por meio do Pacífico, o que será mais um caminho de integração”, enfatizou.

Especialista aponta entraves técnicos e operativos para viabilidade do projeto

Em recente entrevista, Rafael Correa disse que procura um “parceiro estratégico” para desenvolver o projeto do Eixo multimodal Manta-Manaus -que visa unir os oceanos Pacífico e Atlântico pela Amazônia por intermédio de estradas, hidrovias e aeroportos- iniciativa que também despertou o interesse dos governos do Brasil, Peru, Bolívia e da Venezuela. Esta última disse que pode usar o rio Orinoco para se conectar com o eixo multimodal.
De acordo com o presidente equatoriano, as construções e consertos das estradas avançam a dragagem do rio Napo, onde será criada uma hidrovia até o Amazonas, assim como o aeroporto e o porto internacional de transferência em Manta.

Dificuldades operacionais

Na opinião do especialista em comércio internacional e membro da diretoria da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Moacyr Bittencourt, no momento, o projeto Manta-Manaus pelo modal marítimo encontra algumas dificuldades técnico-operacionais porque a via de superfície do Equador para Manaus é inviável, haja vista a inexistência de fronteira entre os dois países. Outro problema está relacionado a fatores naturais decorrente do baixo calado do rio -profundidade- que não é suficiente para chegar ao rio Amazonas. “Teria que vir por caminhão de Manta até Francisco Orellana e de lá navegaria em território equatoriano em direção ao rio Napo – afluente do rio Amazonas no Peru -, o que levaria muito tempo, haja vista a navegação no trecho ser difícil e sazonal, logo, economicamente e tecnicamente não seria viável”, explicou.
O ideal, segundo Bittencourt, seria um modal aéreo saindo de Manta direto para Manaus. Ele disse que o porto de Manta é excelente assim como o aeroporto.
Vale salientar que Manta é uma cidade portuária do Equador, situada na baía homônima da província de Manabí. Seu porto lhe dá uma importante função comercial, industrial, cultural e turística.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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