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ENTREVISTA BOSCO SARAIVA (PSDB) – Presidente da CMM

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o presidente da Câmara Municipal de Manaus, vereador Bosco Saraiva (PSDB), fala sobre as principais mudanças que acontecerão nas atividades plenárias da Casa, diz o que pensa de Manaus às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e analisa os primeiros passos do prefeito Arthur Neto (PSDB).

Jornal do Commercio – Como o senhor vê a cidade visando a Copa do Mundo de 2014?
Bosco Saraiva – Diante do volume de problemas acumulados, chegamos em 2013 batendo na parede.Temos que resolver tudo. Vieram para cá, no período da borracha, os ingleses. No período Zona Franca vieram os japoneses, mas agora vem o mundo inteiro para os jogos da próxima Copa. A sede da Arena da Amazônia é a única que tem apelo além do futebol, só ela. Acredito também que o Mercado Adolpho Lisboa fica pronto neste ano. A sala da cidade vai ser bem preparada, que é o Centro Histórico, com o prefeito Arthur Neto resolvendo a questão dos camelôs, dos ambulantes, de forma pacífica. Temos que dar uma solução rápida no tecido secundário, na malha viária secundária para desafogar as vias principais. Aqui em Manaus quando não é sol, é chuva, não tem clima ameno na cidade. A falta de abrigos é algo que, na verdade, envergonha a administração pública. É necessário a implantação de milhares de abrigos na cidade. Não há baías de recuo e não há abrigo contra o sol e contra a chuva.

JC – Na sua avaliação, qual é o maior problema de Manaus atualmente?
Bosco – O maior problema da cidade de Manaus hoje é o transporte e o trânsito. Falo isso do ponto de vista das questões municipais. Podemos colocar também o transporte coletivo. Nós precisamos ver isso.Você está no bairro Raiz e não atravessa para a Cachoeirinha porque você vai ter que ir à frente. A malha viária pode desafogar a avenida Tefé e desafogar a Costa Silva. Não tendo essa alternativa da malha viária secundária, você tem que pegar as avenidas principais. Com isso, vai todo mundo para o eixo principal na hora da escola, na hora de ir para o trabalho, e aí a cidade se entala.

JC – A Ponta Negra é um dos mais importantes cartões postais da cidade e se encontra fechada. O que aconteceu mesmo com a Ponta Negra? Erraram o projeto?
Bosco – A Ponta Negra é um projeto errado desde o início. Está no quarto ano e está pela metade. Acho que houve um erro técnico, do ponto de vista da engenharia, na formatação da praia permanente. Essas responsabilidades precisam ser apuradas, isso não pode ficar assim. O Ministério Público está investigando e espero que o MP chegue aos culpados por tantas mortes na praia da Ponta Negra. As pessoas que morreram não eram todas bêbadas e drogadas, como se afirmou. É preciso apurar as irregularidades e, no que depender da CMM, eu vou pessoalmente cobrar as responsabilidades pelas mortes, para que sejam apuradas e seus responsáveis punidos. Quem está no serviço público tem que ter mais responsabilidade do que quem está na sua padaria, na sua birosca.

JC – O governo Arthur Neto ainda não disse nada sobre como será sua política tributária em Manaus. Existe alguma perspectiva de aumentar impostos na cidade? Quanto será o aumento do IPTU e dos alvarás, por exemplo?
Bosco – O IPTU terá que ter um valor justo. Eu tenho uma tese, acho que onde não chega o serviço público, não tem por que pagar. Acho que todo imposto tem que ser justo. Eu não conheço as especificidades da discussão do debate com relação ao IPTU. A proposta ainda não chegou à Câmara, então não especulo. A partir do momento que o Executivo encaminhar para Câmara o seu projeto, então haverá discussão a partir daquilo que for fato. Acho que precisa ser rediscutida a política de impostos na cidade de Manaus. Há localidades que pagam muito pouco. O cara tem uma pick-up que vale R$ 100.000 e ele paga R$ 2.500 de IPVA. A mesma pessoa tem uma casa que vale R$ 600.000 e se cobrarem R$ 500, ele acha caro. Se começarmos a estabelecer uma discussão como essa, a gente vai longe. Na medida em que o debate avançar, a gente discute.

JC – Qual é o orçamento da Câmara para 2013?
Bosco – Com certeza R$ 100, 000 (Cem milhões de reais).

JC – Quais as novidades do Bosco Saraiva para a Câmara? Que mudanças a população pode esperar com relação ao plenário?
Bosco – Transformar a Câmara em uma instituição totalmente transparente, sem esconder nada, é o mais importante. Não temos por que esconder nada. Isso não tem razão de ser, esse tempo passou. Para isso, precisamos ter condições de transmitir nossos atos pela televisão, pela web e pelo rádio. A partir do momento que estivermos todos expostos, com a cidade olhando para gente, as coisas vão melhorar. Se as pessoas daqui a um ano e meio, quando eu estiver saindo da presidência, falarem pelo menos dos 70% dos vereadores nas ruas com respeito, acho que terei cumprido meu papel. Quanto ao plenário, nós iremos organizar os debates da casa. Queria até pedir o apoio da imprensa. A primeira coisa que faremos é o não cancelamento de reuniões ordinárias por falta de quórum. Hoje há a necessidade de ter um terço dos vereadores presentes no plenário pra iniciar a reunião. Se não tiver esse terço a reunião é cancelada por falta de quorum. Eu vou trabalhar quanto a isso. Começa com o quorum que tiver. Às 9h toca o Hino Nacional e pronto. Quem estiver presente começa o debate, quem chegou depois não debate e não terá voz nem no grande, nem no pequeno expediente, que são os horários destinados aos discursos. Chegou fora do horário regimental, vai discutir só a Ordem do Dia, requerimento, lei, projeto, isso tudo o vereador vai debater. Mas não vai falar.

JC – A imprensa andou gritando contra uma possível restrição aos jornalistas por conta da falta de acesso aos parlamentares…
Bosco – Haverá apenas um controle dos funcionários da Casa ao plenário na hora do debate. Hoje a Câmara parece a Sete de Setembro com a Eduardo Ribeiro, fervilhando em disse-me-disse. Os jornalistas entram no plenário e ficam lá. Na medida em que estar se desenvolvendo o assunto o jornalista entrevista um parlamentar na bancada. Vamos organizar isso em uma sala, que será um aquário, com sonorização e condições para os jornalistas entrevistarem quem eles quiserem, à vontade. Terminada a sessão, se o jornalista quiser entrevistar um vereador, ele vai lá e faz seu trabalho.

JC – Também houve protesto sobre a compra dos tablets para os vereadores.
Bosco – A presidente Dilma Rousseff acaba de contratar 600 mil tablets para os professores. A Câmara irá fazer o mesmo para eliminar papéis. Foram mais de 2 milhões de gastos em papel e tinta no ano de 2012. A Câmara não tem que comprar o tablet? Não tem que evoluir? Eu vou ficar usando tabuada se posso comprar uma calculadora? Temos que avançar, consequentemente.

JC – Como o senhor espera que a Câmara seja daqui a dois anos quando deixar a presidência?
Bosco – Uma Câmara respeitada. Meu sonho é ver os vereadores serem cumprimentados com respeito no restaurante, na igreja, no campo de futebol. Para isso faço esforço. Sei que estou sendo visto aqui. Sei que o povo tá me olhando aqui, então tenho que ter cuidado no que vou dizer, no que vou debater, por que estarão transmitindo nossas sessões 24 horas por dia. O hábito de saber-se vigiado, o hábito de saber-se acompanhado pela população, é o que vai fazer com que o conjunto dos vereadores se apresente à altura do povo da nossa cidade. Em contrapartida, isso fará com que possamos ver quem realmente está fazendo algo. Você pode não gostar do cara, mas vai ver que ele está trabalhando. É isso que chamo de transparência, essa é a transparência que quero.

JC – O senhor fala sobre fazer o cidadão respeitar a Câmara. Como, então, evitar a repetição de constrangimentos como o do painel e da mobília dos gabinetes?
Bosco – Sendo transparente.Eu não respondo pelas ações dos outros, só pelas minhas. A Câmara vai contratar as coisas de forma transparente no plenário. Vamos contratar agora os computadores. Eu cancelei por ato administrativo a compra do painel de R$ 1 milhão de reais. Esse recurso será investido na compra de computadores para a Casa. Já falamos em tablet e a Câmara usa Pentium, reparem a disparidade.Tô querendo acompanhar a modernidade. Iremos realizar essa compra no plenário, chamar os vereadores, fazer a licitação e acabou. Com simplicidade não tem risco, não acontece coisas constrangedoras. Basta ser transparente. O Isaac Tayah (PSD) tinha que ter me entregue um relatório com a situação financeira, administrativa, legislativa, projetos, etc. A falta do relatório me levou a fazer a auditoria com os vereadores e começar a fiscalizar, logo dentro de casa, que foi o que fizemos com relação aos móveis.

JC – Como o senhor analisa a oposição na Câmara?
Bosco – O diálogo com a oposição é no debate. A oposição vigia. Agora eu, pessoalmente, sou um tucano. Respondo por mim como presidente, mas como tucano. Tenho carinho pelo Arthur e pela administração tucana. Carinho quer dizer cuidado, que quer dizer fiscalização. Se eu encontrar algo errado, não irei esperar pela oposição, vou ao Arthur e falo com ele, na hora.

JC – Dizem que a Câmara, ao aprovar a Lei Delegada, deu um cheque em branco ao prefeito Arthur Neto. O senhor pensa assim?
Bosco – Nós já demos nosso voto de confiança ao prefeito para que durante esse período ele dê agilidade a sua gestão, não espere chegar dia 18 de fevereiro para mandar mensagem para discutir a estrutura administrativa, quando toda cidade estava vendo que ele estava reduzindo seu salário. Na prática, ele reduziu o número de secretarias. Nós ganhamos 60 dias na discussão quando demos a ele a Lei Delegada para que ele possa formatar as coisas. A partir de julho, isso tem que voltar para Câmara para ser debatido. Nesse período de inicio de gestão, o que nós demos a ele foi a ferramenta da agilidade administrativa, da agilidade dos governos rápidos, dos governos eficientes que querem chegar, implantar, enxugar a folha. Na estrutura vamos melhorar nossa engrenagem.

JC – Há alguma orientação específica do prefeito Arthur quanto ao posicionamento da CMM sobre o Plano dos 100 dias?
Bosco – Não existe pedido específico. O que existiu nós já atendemos, foi a questão da Lei Delegada.

JC – Como o senhor avalia o secretariado do prefeito Arthur? Por que Serafim Corrêa, que já foi prefeito, não foi escolhido para secretário?
Bosco – Acho que ele compôs muito bem dentro do que ele dispunha. Do ponto de vista do quadro de forma inicial, a primeira avaliação, quanto ao mês de janeiro é positiva. Sobre o Serafim Corrêa, sinceramente não sei. O PSB está ajudando e ele está na base de apoio. Serafim sempre foi de grande conhecimento técnico. Ele não precisa ser secretário, ele pode ser consultor, pode contribuir com a opinião dele. Os governos funcionam assim.

JC – O ex-prefeito Amazonino Mendes prometeu muito no inicio do mandato e no fim teve uma avaliação negativa do povo de Manaus. Até quando a cidade pode esperar uma ação positiva do Arthur? Por que se deve acreditar que ele será diferente?
Bosco – O Arthur estar nas ruas. Essa é a diferença. O fato de estar na rua é extremamente positivo. Ele vê se o muro do cemitério estar pintado ou não. Vê se a feira está arrumada ou não. Sem dúvida nenhuma é um ganho para cidade. A cidade ganha porque ele vê o problema. Não tem secretário falando as coisas para o Arthur, ele vai lá e vê. Ele estar indo à rua todo dia, não tem como enganá-lo. Já foi no Terminal do Centro, já foi nos bairros, já foi nas ruas com os garis. O prefeito que estar na rua não tem como errar.

JC – Podemos esperar que a CMM seja um reflexo do Arthur? A câmara irá às ruas?
Bosco – A câmara é a cidade. A câmara já estar na rua. O Arthur é um só, a Câmara são 41. A Câmara é você deitar os olhos aqui nessa avenida e ficar olhando passar, passa de tudo. Lá também, é a democracia representativa. Está o medico, o advogado, o engenheiro, o arquiteto, tem de tudo lá.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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