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‘Entrei em uma crise e saí em outra’, diz Ataliba David, presidente da ACA

‘Entrei em uma crise e saí em outra’

 Presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas) desde 20 de junho de 2016, e tendo sido reconduzido à cadeira em 2018, Ataliba David Antonio Filho encerra seu segundo mandato à frente da entidade na próxima quinta (18), quando deve passar o bastão ao empresário da construção civil, Jorge de Souza Lima. Engenheiro Civil e administrador formado pela Ufam, Ataliba Filho, sintetiza seu tempo no comando da instituição com uma única frase: “entrei em uma crise e saio em outra”. Mas, segundo o dirigente, são as realizações e a dedicação a elas o que realmente importa no hiato que separa as duas datas. Em sua conversa com o Jornal do Commercio, ele ressalta que o desejo de contribuir para o fortalecimento da tradição e da importância da ACA – a entidade classista mais antiga do Amazonas – foi o motivo de concorrer à sua presidência pela primeira vez. Quatro anos depois, o comerciante – que também é formado em direito pelo Ciesa e pós-graduado em direito tributário pela Ufam – garante que, embora tenha atravessado um período política e economicamente conturbado para o país e para o Estado, conseguiu fazer a entidade avançar e se manter relevante como representante de um setor mais sensível às crises, e que costuma ser o indutor das retomadas. O dirigente diz que sai com sensação de dever cumprido, em uma gestão marcada por transparência e prestação de contas, abrindo caminho a seu sucessor, a quem recomenda prudência e perseverança. Leia, a seguir, a entrevista na íntegra. 

Jornal do Commercio – Quais as metas que o senhor se propôs no começo de seus mandatos? Acredita que conseguiu atingi-las a contento?

Ataliba David Antonio Filho – Iniciei meu mandato na crise que assolava o país em 2016, na época do impeachment da Dilma. Procurei manter a entidade em evidência, além de manter e ampliar as relações institucionais, bem como coom todas as entidades da sociedade civil organizada. Acredito que inovamos com uma prestação de contas na última reunião do mês, sempre procurando manter a transparência em nossa gestão. Acredito que minha gestão foi atípica, pois entrei em uma crise e saio em meio a uma outra crise, que foi provocada por essa pandemia.

JC – Quais foram os fatores que o levaram a concorrer à presidência da ACA, tanto na primeira vez, quanto em sua reeleição?

ADAF – Eu tenho ascendência síria e uma boa parte da minha família sempre exerceu o comércio. Nasci e fui criado nesse ambiente do comércio. A Associação Comercial do Amazonas sempre foi uma entidade na qual eu sonhava em participar. E eu admirava a ACA, por ser a mais antiga entidade representativa do empresariado em nossa região. Presidir uma entidade centenária como a ACA é de uma responsabilidade muito grande, principalmente pela grandeza da instituição e o que ela representa. Foi nessa casa que foram gestadas todas as demais dos diversos setores da economia local. A Associação também é a guardiã da história econômica do nosso empreendedorismo do Estado do Amazonas, até o advento Zona Franca, quando nasceram as demais representatividades.

JC – Quais foram os principais desafios que o senhor enfrentou ao longo destes anos? Quais suas principais conquistas e o que sente que ficou faltando realizar?

ADAF – Acho que um dos principais desafios era manter a centenária entidade ativa e atuante. E o nosso objetivo era sempre fazer mais com menos. Adquirimos comendas para dez gestões e fizemos reformas de mobiliários, pintura das fachadas e dos equipamentos de rua da sede da entidade, além da recuperação de patologia da pintura da mesma e a implantação do monitoramento de câmeras. Também ampliamos e reforçamos o sistema de rede que serve a entidade. Ao mesmo tempo, alcançamos o posto de autoridade de registro na certificação digital, além de iniciar o serviço de agente de negócio, com objetivo de auferir receitas e oferecer serviços da entidade. Com essa pandemia, iniciamos as lives, com o escopo de manter a diretoria unida, o que permitiu que mantivéssemos as reuniões até o período da realização da assembleia geral. Em assembleia optamos, diretoria e associados, por seguir integralmente o estatuto, observando o cumprimento do mesmo. Seguimos regiamente todos os ritos necessários para uma sucessão conduzida de maneira tranquila.

JC – O senhor permanece na entidade, só que em outro cargo. Qual será seu papel e sua participação no dia a dia dos interesses do setor, a partir dessa mudança?

ADAF – Como já é tradição, passo a ocupar a presidência da Assembleia Geral da Associação Comercial do Amazonas, que conduz os ritos que dispõe no estatuto, como a eleição. Continuo também a contribuir com a entidade no que estiver ao meu alcance, se for solicitado

JC – Qual o legado que o senhor pretende deixar, ao final de seu segundo mandato à frente da Associação Comercial do Amazonas?

ADAF – Espero deixar uma gestão cujo principal objetivo foi a transparência e a prestação de contas junto a meus pares e à sociedade. Tenho a sensação de dever cumprido e deixo o comando desta centenária instituição ciente que dei minha modesta contribuição. Procurei, dentro das ações realizadas em meus mandatos, abrir caminho para o meu sucessor dar continuidade ao trabalho realizado, e espero que seja bem sucedido.

JC – A propósito, tendo em vista sua experiência no comando da entidade, e o background de seu sucessor, qual conselho e sugestão o senhor daria a ele?

ADAF – Posso apenas sugerir que exerça a sua gestão com prudência e perseverança. Acho que esse é o caminho a ser trilhado.

JC – Sabemos que os mandatos na ACA são de dois anos, podendo haver apenas uma reeleição. Mas, o estatuto da Associação não veta, em tese, uma nova reeleição mais à frente. Está em seus planos voltar a esse posto futuramente?

ADAF – Não sou a favor de ninguém se perpetuar na presidência. Acho que a gente deve dar oportunidades para as pessoas que vão vir, naturalmente com novas ideias, para implementar gestões mais modernas. Vejo da seguinte maneira: a presidência deve ser sempre inovada, abrindo espaço para que novas gerações cheguem e mostrem sua capacidade de gestão.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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