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Energia elétrica cara preocupa comércio do Amazonas

A conta de luz dos consumidores do Amazonas passa a ficar mais cara a partir deste mês. Por fazer parte do SIN (Sistema Interligado Nacional), o Estado também sofrerá os efeitos da crise hídrica que atinge o setor elétrico em todo o país. A cobrança de taxa passa de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos, o que representa uma alta de 52%. O reajuste será aplicado na bandeira tarifária vermelha, patamar 2.

Em paralelo, comerciantes que fazem o uso mais intenso de eletrodomésticos, já tentam buscar alternativas para conter os gastos evitando assim prejuízos no orçamento dos estabelecimentos. O casal de empreendedores, Wal e Júnior Lima, estão fazendo malabarismo para evitar que o peso do reajuste impacte nas finanças.

“Começamos retirando uma geladeira e transferindo tudo para dois freezers. A gente que trabalha com comida tem a necessidade de abrir os refrigeradores diversas vezes por dia e isso faz uma grande diferença na conta de luz.  Vamos tentar diminuir essa prática,  só não sabemos de que forma”, comenta Wal Lima. 

Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Sistema Elétrico brasileiro é interligado. Nesse sentido, ainda que a condição hidrológica, em determinado ano, seja mais severa em uma determinada região, quando comparada com as demais, o fato é que ela vai afetar o custo de geração em todo o país, sobretudo se for naquelas bacias hidrográficas onde estão instalados os principais reservatórios de hidrelétricas. Daí a importância de todos os consumidores brasileiros receberem a sinalização de preços correta, no momento correto.

Nem mesmo o potencial hídrico do Estado, livrou os consumidores amazonenses dos reajustes. Ainda conforme a Aneel, a incidência da cobrança independe do favorecimento hídrico ou não da região, os custos são divididos entre os Estados.

Os gastos elevados com a fatura de energia elétrica também preocupa o  universitário e empreendedor Giovane Matos. Ele revela que paga no estabelecimento comercial que atua no ramo de lan house e xerox, mais de R$ 1 mil. Após o anúncio da conta de luz mais cara em 2021, e  com bandeira tarifária vermelha patamar dois, agora vai reter o aumento para não impactar no bolso dos clientes. O brasieliro gasta muito com energia elétrica. É um dos países que paga mais caro. O gasto consome grande parte do nosso orçamento. Vou precisar poupar de qualquer jeito para diminuir os custos”, destaca.

Crise preocupa

O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) afirmou ser válido o apelo feito pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, de que seja feita uma redução voluntária de consumo de energia pela indústria e pela população para enfrentar os efeitos da crise hídrica que atinge o setor elétrico no Brasil.

Apesar de concordar com o pedido feito pelo ministro, o líder do PSB na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Amazonas) destacou que a possibilidade do país reprisar a série de apagões vividos em 2001 é resultado da política ambiental do Governo Bolsonaro que estimula o avanço constante do desmatamento na Amazônia.

“Entendo que é válido o apelo de que todos nós diminuamos o consumo de energia, mas lamento e condeno que o Governo Federal tenha ao longo dos últimos tempos estimulado o avanço da devastação na Amazônia, das queimadas, aumentando a temperatura e, sobretudo, evitando chuvas, evitando os rios voadores, que vão da Amazônia para o Centro Oeste”, disse Serafim durante discurso na sessão plenária da ALE-AM desta terça-feira, 29.

Na segunda-feira, durante o pronunciamento, o ministro de Minas e Energia tentou tranquilizar a população, garantindo que o sistema elétrico brasileiro é “robusto”, mas alertou que o consumo responsável de energia é o único caminho para evitar transtornos maiores até o fim do ano. Mas Serafim lembra que o Governo Federal já vinha tentando uma redução do consumo de energia com a implantação da bandeira vermelha, que não funcionou.

“O preço até então era de R$ 6,243. A tarifa da bandeira vermelha 2, que está em vigor no país, é a mais cara. O preço dessa crise hídrica, mais uma vez, será cobrado na conta de energia da população”, concluiu o deputado.

Representante do setor minimiza

Em outra ocasião, o diretor-presidente do grupo Enecel Energia, Raimundo Batista, especificamente no estado do Amazonas, não existe nenhuma possibilidade de ocorrer cortes de energia mesmo em situações, por exemplo, de enchentes ou de alagamentos que são mais comuns no estado. “Digo isso, pois as obras que abastecem Manaus e o seu entorno, são linhas de transmissão que saem da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, e chegam até essas cidades estrategicamente para não ter interrupções no fornecimento”.

Há duas semanas, o analisar um possível apagão no país, e especificamente no Amazonas, o diretor-presidente do grupo Enecel Energia, Raimundo Batista, falou ao Jornal do Commercio, que  não existe nenhum programa para ser aplicado um racionamento de energia elétrica no Brasil, que esteja em andamento ou que esteja sendo preparado pelo Ministério de Minas e Energia. O que o ministério está fazendo atualmente é uma procura de aumentar a oferta de energia por meio de acordos e com o setor de indústrias, mas sem falar de um possível racionamento de energia.

Ele destaca que as pessoas que falam hoje que haverá um racionamento de energia no país são propagadoras de fakes news, e que não entendem muito bem sobre o assunto. “O que nós temos hoje garante as condições perfeitas de atender o nosso mercado até o mês de novembro deste ano. Mas, caso não chova no Brasil, o que difere do Amazonas que têm regiões que chovem muito, aí sim podemos ter problemas no ano que vem”, Portanto, ele afirma, só haverá racionamento no Brasil se houver uma seca intensa e não chover depois de novembro. Diante disso, na situação em que seja necessário que se decrete um programa de contingenciamento de energia elétrica por questões de abastecimento no Brasil, a decisão não será aplicada na região Norte, porque a região é exportadora de energia. Não tivemos racionamento no Amazonas em 2001 e não teremos uma próxima, mesmo que todas as outras regiões brasileiras sejam impactadas”.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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