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Endividamento segue em ritmo de queda em Manaus

Endividamento segue em ritmo de queda em Manaus

O percentual de consumidores de Manaus endividados com cheques, cartões de crédito e carnês de loja, entre outros meios de pagamento, caiu pelo sexto mês consecutivo, entre agosto e setembro. Houve redução também na inadimplência, sendo que a capital amazonense teve números melhores do que a média nacional em ambos os casos. As informações foram extraídas da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). 

Na sondagem, 74,2% das famílias manauenses ouvidas (467.903) se dizem endividadas, patamar inferior ao de agosto de 2020 (77%) e também mais baixo do que o de exatos 12 meses atrás (78,8%). Foi o menor percentual do ano registrado em nível local e também o valor mais baixo em 13 meses. Em âmbito nacional, o indicador caiu de 67,5% para 67,2%, após sofrer três altas consecutivas. No comparativo anual, contudo, registrou elevação de 2,1 pontos percentuais.

O índice de inadimplência na capital (24,5% e 154.437 famílias) encolheu pela segunda vez seguida na comparação mensal, ficando pouco abaixo do registro de agosto (25% e 157.352) e bem aquém do patamar de setembro de 2019 (38,3%). Só 17,3% disseram que devem poder quitar a dívida totalmente e 31,4%, parcialmente – contra os respectivos 7,3% e 40,3% do mês anterior. Em todo o Brasil, a inadimplência encolheu de 26,7% para 26,5% – primeira redução mensal desde maio. Em comparação com agosto de 2019, houve alta de 2 p.p.

A fatia correspondente às famílias que declararam não ter condições de quitar suas dívidas em atraso encolheu pelo segundo mês seguido, de 13,1% (82.370) para 12,6% (79.264). A retração foi ainda mais severa em relação à marca de um ano atrás (19,4% e 283.093). No país, o índice manteve-se praticamente estável, passando de 12,1% para 12%, embora tenha ficado bem acima do número de 12 meses atrás (9,6%).

Tempo e dependência

A maioria dos manauenses entrevistados (50%) se assume “muito endividada” – contra os 51,4% de agosto. São seguidos bem de longe pelos que se dizem “pouco endividados” (12,6%) e “mais ou menos endividados” (11,6%), com níveis pouco melhores do que os capturados na sondagem anterior (13,8% e 11,8%, respectivamente). Os consumidores com renda total de até dez salários mínimos predominam apenas no primeiro grupo. 

O tempo de inadimplência mostrou, novamente, achatamento em Manaus, entre um mês e outro. Entre os manauenses inadimplentes, 36% devem há mais de 90 dias – com destaque para os que têm ganham até dez mínimos (38,6%). Mas, a fatia de consumidores com dívidas atrasadas entre 30 e 90 dias (48,6%) foi maior, desta vez. Em último lugar está o grupo pendente há menos de um mês (14,50%). Em agosto, os números foram 48,9%, 41% e 10%, respectivamente.

Uma redistribuição em menor grau se deu na estimativa de tempo para quitar as dívidas, na capital amazonense. Aumentou o percentual que estima permanecer comprometido com dívidas por mais de um ano (41,9%). Em contrapartida o mesmo não se deu entre aqueles que dizem que levarão entre seis meses e um ano (32,4%), os que estão pendurados entre três e seis meses (11,8%) e os que têm compromissos por até três meses (6,3%). Os números da sondagem anterior foram 38,3%, 34,7%, 13%, 5,9%, na ordem.

Cartão e comprometimento

Em Manaus, o maior vilão do endividamento e da inadimplência ainda é o cartão de crédito, que elevou sua participação no bolo, de 94,7% para 94,9%. Assim como no mês anterior, o percentual foi maior para os que ganham menos de mais de dez mínimos (97,6%). Carnês (76,6%) estão na segunda posição, mas aumentara sua fatia ante agosto (67,7%) e aumentaram sua predominância entre os mais pobres (80%). 

Em média, as famílias de Manaus consomem 43,1% de sua renda para pagar dívidas – pouco abaixo dos 44,1% anteriores. Houve, no entanto, algum progresso na distribuição. A maioria (59,8%) já compromete mais da metade dos ganhos mensais com dívidas. São seguidos de longe pelos que gastam de 11% a 50% (28,4%) e pelos que limitam os dispêndios a 10% (1,6%). No mês passado, essas fatias foram de 65,2%, 24,8% e 1,3%, respectivamente.

“Cenário de dificuldades”

Para o assessor econômico da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), José Fernando Pereira da Silva, a pesquisa mostra que o nível de endividamento ainda é “bastante elevado”. “Acredito que a tendência é que o endividamento caia. O mais importante é que se reduza também a inadimplência, que tira o consumidor do paraíso de compras. A recuperação do crédito está enfrentando um cenário de dificuldades, e isso tem consequências sérias na atividade”, ponderou.

No texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, avalia que a retração no endividamento está ancorada na melhora da economia. “Indicadores recentes têm mostrado que a recuperação gradual para os próximos dois trimestres está mais robusta do que as estimativas indicavam. (…) Para apoiar a retomada, é importante seguir ampliando o acesso ao crédito, com custos mais baixos. Mas, principalmente, possibilitar o alongamento de prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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