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Enchente afunda faturamento do polo

As indústrias que compõem o polo naval do Amazonas registraram faturamento de US$ 31.07 milhões de janeiro a julho deste ano, 13,78% a menos do que o registrado no mesmo período de 2008. A maior queda foi apontada em janeiro, um recuo de 67,33%, sobre os primeiros 30 dias de 2008. Os trabalhadores do setor, por outro lado, tiveram ganho salarial de 11,16% no período analisado. Os dados foram extraídos dos Indicadores de Desempenho do PIM (Polo Industrial de Manaus), divulgados pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
No acumulado do ano passado e de 2009, houve crescimento em seis meses e queda em oito. O maior crescimento foi notado em fevereiro deste ano, quando o montante faturado do setor naval amazonense atingiu US$ 6.49 milhões, contabilizando 98,20% acima do índice do mesmo mês de 2008. Pouco mais da metade da quantia faturada em todo o ano passado (50,65%) foi conseguida entre janeiro e julho. Os investimentos totais nos sete primeiros meses de 2009 (US$ 5.62 milhões) superaram o montante aplicado nos 12 meses de 2008 (US$ 5.07 milhões).
O presidente do Sindicato das indústrias da Construção Naval de Manaus, Mateus Araújo, disse que a enchente histórica dos rios amazônicos ocorrida neste ano afundou as expectativas de crescimento do setor. “Enquanto o comércio e os outros setores da indústria sofreram com a crise financeira internacional, o polo naval teve na enchente a sua verdadeira crise. As atividades das empresas ficaram quase totalmente paralisadas”, lamentou Araújo.
De acordo com o representante da indústria naval do Estado, a queda no faturamento está sendo mais expressiva para as empresas de pequeno porte. “Pouco mais de 90% do nosso setor é composto por empresas de pequeno e médio porte que não têm reserva de capital para aguentar as paralisações nos pedidos como ocorreu durante a enchente. Estimo uma queda de pelo menos 20% para essas empresas”, avaliou o presidente do sindicato.
Araújo informou que existem 93 empresas em todo o Estado, sendo que a maior concentração está na capital, com 65 empreendimentos. A quantidade de empregos formais (2.700) juntamente com os informais soma 4.500 trabalhadores em nível estadual, sendo que apenas 500 pessoas trabalham no interior do Amazonas. A organização não soube especificar a parcela de profissionais atuando com carteira de trabalho assinada pelo empregador no interior do Estado.
A coordenação de comunicação da Suframa divulgou a ocorrência de seis empresas cadastradas como integrantes do polo naval e recebedoras dos incentivos fiscais concedidos pela superintendência e destacou que não há alteração na quantidade de empresas desde 2008. O órgão informou ainda que as indústrias localizadas no interior do Estado não são de responsabilidade da autarquia, considerando que somente as empresas estabelecidas no PIM, compreendem a área administrada pela Suframa.

Média salarial cresceu 15%

A média salarial mensal dos trabalhadores da indústria da construção naval manauense cresceu 15,11% nos primeiros sete meses do ano, considerando os encargos sociais e benefícios ao trabalhador. Além disso, a quantidade de profissionais empregados aumentou 11,16%, totalizando 807 pessoas no mercado em julho deste ano. O ganho salarial dos trabalhadores do segmento naval está elevado em 16,12%, fechando um salário médio mensal de R$ 817,5 ou R$ 9.810 por ano. Os números da comparação salarial são baseados no mesmo período do ano passado do relatório da Suframa.
O sindicato trabalhista do polo naval, representado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, disse que não aceita com bom grado os indicativos da Suframa. Segundo o diretor do setor naval do sindicato, Edivaldo Silva, poucas empresas recebem incentivos no PIM, enquanto existem quase 4.000 trabalhadores em pequenos empreendimentos espalhados no interior do Estado e na capital que não são analisados pela autarquia. “Nós praticamente não trabalhamos com os números da Suframa porque não representam a totalidade do nosso segmento. Inclusive a média salarial não confere com a realidade dos trabalhadores navais”, lamentou Silva. Ele disse ainda que reconhece as informações do sindicato patronal e lembra que o piso salarial em 2008 era de R$ 918, passando a R$ 982,24 neste ano, com ganho de 6,54%, enquanto a inflação no período foi de 4,45%.
O sindicato patronal informou que está negociando parcerias comerciais para a concessão de financiamentos através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social). Os possíveis financiamentos seriam para a reestruturação das empresas mais prejudicadas neste ano.
A Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) considera a queda de quase 14% aceitável no atual cenário econômico local. “O polo naval está atravessando um momento de recuperação e a federação, juntamente com o sindicato, está buscando saídas para levantar as empresas do setor e atingir um desempenho passível de comemoração até o final deste ano”, declarou o diretor-executivo da entidade, Flávio Dutra.
O executivo disse também que a revitalização do segmento está sendo apoiada pelo governo do Estado, estando na pauta dos projetos prioritários da Seplan (Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Estado do Amazonas).

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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