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Empréstimos no Amazonas em tempos de Covid

Empréstimos no Amazonas em tempos de Covid

A quantidade de habitantes do Amazonas que sentiu sintomas associados à covid-19 estagnou, em outubro, após quatro meses seguidos de baixa. No total, 34 mil pessoas (o equivalente a 0,8%) estiveram nessa situação. O número, contudo, ainda está bem abaixo da marca de maio (356 mil, ou 8,8%), no auge da pandemia. 

Em paralelo, os amazonenses flexibilizaram os cuidados contra a covid-19, já que a quantidade de pessoas que não fizeram restrições de contato para prevenir o contágio da covid-19 disparou de 157 mil para 199 mil. A parcela de amazonenses que já fez testes para diagnóstico da doença subiu de 414 mil (10,2%) para 433 mil (10,7%). Em 40,4% (175 mil) deles, o diagnóstico foi positivo – o equivalente a 4,3% do total. 

Em contrapartida, em 47 mil dos domicílios do Amazonas, ao menos um morador buscou empréstimo para enfrentar a pandemia e conseguiu – mais do que em setembro (42 mil). Em grande parte, porque a parcela de habitantes do Estado sem planos de saúde segue esmagadoramente majoritária, tendo ainda aumentado de 87,9% para 88,1%, entre setembro e outubro. Os dados estão na Pnad Covid-19, divulgada pelo IBGE

Em outubro, 3,6% (146 mil) tiveram algum dos sintomas pesquisados de síndromes gripais. Ficou bem abaixo das marcas de setembro (3,8% e 155 mil), agosto (194 mil ou 4,8%), julho (206 mil ou 5,1%), junho (342 mil ou 8,5%) e maio (764 mil ou 18,9%). No mesmo mês, 34 mil (0,8%) sofreram sintomas conjugados de síndrome gripal que podiam estar associados à doença, como perda de olfato/paladar, febre, tosse, dificuldade ou dor no peito. Houve empate ante setembro, que já havia assinalado queda em relação a agosto (51 mil e 1,3%), julho (55 mil e 1,4%), junho (148 mil e 3,7%) e maio (356 mil e 8,8%).

Entre os 253 mil domicílios do Estado onde vivia, no mínimo, um habitante considerado “idoso” (mais de 60 anos de idade), 7.000 contavam com pelo menos uma pessoa apresentando sintomas conjugados e que poderiam estar relacionados à covid-19. Houve uma piora significativa na comparação com setembro (5.000 domicílios), embora as estatísticas tenham se mantido bem aqué das registradas em agosto (29 mil) e julho (32 mil).

Testes e comorbidades

O Amazonas foi a 8ª Unidade da Federação com percentual mais baixo de testes realizados para detectar a covid-19, desde o início da pandemia. Os Estados com percentuais mais altos foram o Distrito Federal (23,9%), Piauí (19,1%) e Goiás (18,9%). Pernambuco e Acre registraram o menor percentual (7,9%) de exames realizados, seguido de Minas Gerais (9,3%).

Em torno de 225 mil pessoas (5,5% da população) realizaram o teste através de furo no dedo, 157 mil por exame de sangue (3,9%), e 95 mil (2,45) pela coleta da saliva (teste Swab). Assim como nos meses anteriores, foram realizados em maior proporção entre as mulheres (50,8%) do que entre os homens (49,2%), e especialmente por pessoas de 30 a 59 anos, que representaram 50% dos testes realizados do início da pandemia até outubro. 

Quanto maior o nível de escolaridade e renda, maior foi o percentual de pessoas que buscou fazer algum teste. Pessoas sem instrução ou limitadas ao ensino fundamental representaram 7% desse público (a mesma fatia de setembro), enquanto os amazonenses com ensino superior ou pós-graduação, representaram 23,3% do total. A parcela com renda inferior a meio salário mínimo representou 7,3% (outra estagnação ante setembro), ao passo que a parcela que ganha quatro mínimos ou mais chegou a 38,6%.

Até outubro, 31 mil pessoas, ou 7,5% da população com alguma comorbidade, testaram positivo para covid-19, no Estado. No total, 413 mil (10,2%) tinham alguma comorbidade que pode agravar o quadro clínico do paciente com a doença. Desse total, 178 mil eram homens (8,8% do total da população masculina), e 235 mil eram mulheres (11,6%). Hipertensão foi a comorbidade mais frequente (6,1%), seguida por diabetes (2,8%), asma ou bronquite ou enfisema (2,4%), doenças do coração (0,9%), depressão (0,6%) e câncer (0,2%).

Tratamento e empréstimos

Em outubro, 25 mil entre as 32 mil pessoas (78,12%) que apresentaram sintomas conjugados procuraram atendimento em estabelecimento de saúde, no Amazonas – em setembro haviam sido 16 mil entre 34 mil (47,06%). O IBGE destaca que a demanda poderia ser feita em mais de um estabelecimento, na rede pública ou privada. A maioria (3,572 milhões ou 88,1%), contudo, não possuía plano de saúde.

Quanto à solicitação de empréstimos, 47 mil (4,9%) dos domicílios amazonenses declararam que algum morador pediu financiamento de qualquer fonte, e conseguiu. Já outros 12 mil (1,3%) não obtiveram sucesso na tentativa. Outros 914 mil (93,9%) domicílios não solicitaram. A demanda priorizou bancos  ou financeiras (35 mil ou 73,6%), mas outros 11 mil (23,9%) procuraram parentes ou amigos.

‘Relaxamento social’

Houve um novo relaxamento nas medidas tomadas para restrição de contato a despeito da declararam não ter feito continuidade da pandemia. A quantidade de pessoas que dizem não ter tomado nenhuma medida nesse sentido disparou de 157 mil para 199 mil (4,9%). Jovens de 14 a 29 anos de idade lideraram as estatísticas dos amazonenses que não fizeram qualquer restrição de contato (37,5%), seguidos pelos que têm entre 30 e 49 anos (32,6%) – mais do que os respectivos 34,4% e 30,5% anteriores.

Houve nova alta também, contudo, no grupo majoritário de habitantes que reduziu contato, mas continuou saindo de casa e/ou recebendo visitas – de 2,132 milhões (52,5%) para 2,338 milhões (57,6%). Na outra ponta menos pessoas ficaram em casa só saindo por necessidade básica (1,129 milhão ou 27,8%) ou ficaram rigorosamente isolados (364 mil ou 9%) – ambos com quedas rem relação ao mês anterior. 

Para o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, o aumento no número de pessoas que informaram ter feito exames para diagnóstico da covid-19 é fruto da maior oferta dos testes na rede pública, privada e no comércio. O pesquisador diz que as síndromes gripais vêm perdendo força, mas ressalta que a população segue relaxando no distanciamento social.

“A pesquisa traz a confirmação de que, com o passar do tempo, as pessoas estão relaxando as medidas de restrição quanto ao isolamento e, consequentemente, se expondo mais ao contágio. Também aumentou a quantidade de famílias com acesso à empréstimos, o que indica maior necessidade de aporte financeiro”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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