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Empresas familiares são mais lucrativas

Uma recente matéria publicada em uma revista de grande circulação apontou que as empresas familiares são as mais lucrativas, indo contra a teoria de que toda organização para crescer e se perpetuar tem de profissionalizar a sua direção, passando os seus proprietários a ser meramente acionistas daquilo que os próprios, ou seus herdeiros, têm direito.

Concordo plenamente com essa constatação. Na Eu­ropa existem vários exemplos de companhias centenárias que estão nas mãos dos herdeiros de seus fundadores, ou mesmo empresas que foram adquiridas por investidores e que eles próprios as administram com grande sucesso.

Esta teoria de “profissiona­lização” é um prato cheio para teóricos e estudiosos das disciplinas voltadas à Admi­nistração e à Economia, que não têm capacidade em­­preendedora, nem se propõem a “arregaçar as mangas” e começar pequeno, tampouco criar algo seu. Para eles, é muito mais cômodo pegar o “bonde andando”, com todas as benesses e mordomias que uma grande empresa oferece aos diplomados e pós-gra­dua­dos em grandes universidades, onde a teoria nem sempre é igual à prática. Esses profissionais de mercado, na sua grande maioria contratados para serem os “salvadores da pátria” com as suas teorias acadêmicas, participação em grandes e caríssimos eventos de formação e leitura de um ou dois livros de auto-ajuda empresarial, costumam chegar repleto de idéias revolucionárias e onerosas, não pro­curando entender a cultura da empresa, pois afinal, tudo o que foi feito até então estava completamente equivocado.

E, assim, seu primeiro ato é contratar a peso de ouro uma grande consultoria empresarial para avalizar os seus atos e, principalmente, quando tudo der errado, assumir a responsabilidade das “burradas” que o gênio promoveu. Já o segundo ato, não menos importante, é negociar com uma agência de propaganda, que irá rapidamente sugerir que a “sumidade administrativa” venha a dar o seu testemunhal sobre a empresa que administra — o que com certeza irá lhe trazer grande prestígio e admiração dos seus mais chegados. Esses dois “grandes” atos ainda irão lhe render bons proveitos financeiros, pois a sua participação nos honorários da consultoria, bem como da agência, já estavam previamente acertados. Finalmente, seu terceiro ato será a demissão dos antigos colaboradores e, evidentemente, a contratação de novos de sua inteira confiança, assim como a troca dos atuais fornecedores por amigos do novo executivo, como não poderia deixar de ser.
E os donos do negócio? Bem, estes começam a gozar a vida se entregando ao ócio e ao prazer do consumo.

Esportes, viagens, restaurantes, festas, benemerência. As artes e a cultura passam a ser suas únicas preocupações, especialmente, se estas atividades lhe derem a projeção que ele acha que merece — tudo devidamente coberto pelos colunistas sociais e pelas revistas e programas de TVs destinados às celebridades de plantão. A “Vida é Bela” até a bancarrota final, a quebradeira, o escândalo, as páginas policiais, a penúria… E todos se tornam ex-famosos e ex-importantes, menos, obviamente, o orquestrador graduado contratado pelos ex-ricos. Este, com a sua turma, já deve estar repetindo o mesmo planejamento em outra freguesia, melhor dizendo em outra empresa. Como já dizia a minha avó, o olho do dono engorda o gado e, se houver rato, que seja rato de casa, pois se roubar — e todos roubam — pelo menos o fruto do roubo vai para a casa do dono.

Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores/SP.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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