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Empresas de turismo definham na pandemia

Dados divulgados nesta terça-feira (20) pela Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), evidenciam que a crise área amarga prejuízos. No segundo anuário do setor,  é possível mensurar as perdas no faturamento 67% menor das empresas em 2020, declinando de R$ 15,1 bilhões em 2019 para R$ 4 bilhões no ano passado.

Outro dado relevante indica que o número de passageiros transportados diminuiu, de 6,5 milhões em 2019 para 3,3 milhões em 2020. As viagens pelo Brasil garantiram maior parte das vendas (77%), um aumento proporcionalmente considerável, já que historicamente o doméstico ficava entre 60% e 70% do faturamento global, já o turismo para o exterior correspondeu a 23% da receita das operadoras.

As regiões Norte e Centro-Oeste ficaram abaixo de 5% se comparado a demanda nacional  em relação ao turismo receptivo. 

Não há como negar que existe uma demanda reprimida por viagens, sejam elas nacionais ou internacionais. Para a entidade, a vacinação ampliada a toda população continua sendo a saída para retomada do setor, além da utilização de protocolos sanitários e o cenário econômico favorável podem ser condicionantes para uma aceleração  na recuperação

“Construímos este Anuário como um registro positivo, um motivo para nossos associados, empresários, colaboradores, parceiros, fornecedores e toda a rede da qual fazemos parte se orgulhar –afinal, quando a Braztoa leva aos setores público e privado a importância do turismo na economia nacional, é deste elo indissociável e do trabalho de todos que estamos falando. Um documento que atesta a resiliência e a capacidade do turismo para se reinventar –e para onde vamos olhar e lembrar de que passamos pela maior crise da história do mundo e que esse foi apenas o início de uma nova realidade. Esta é a razão de ser do Anuário Braztoa 2021”, disse Roberto Haro Nedelciu, presidente da entidade. 

O vice-presidente de turismo emissivo da Abav-AM (Associação Brasileira de Agências de Viagens do Amazonas), Jaime Mendonça, já vem analisando o desenho do setor durante o ano atípico que mudou o comportamento do turismo no país. “É o reflexo do latente agravamento da pandemia. Esse fluxo vem reduzindo por conta do aumento significativo no número de casos da Covid em todo país. Os destinos de praias que eram os mais procurados, principalmente pelos amazonenses, estão enfrentando restrições. Todas as praias estão fechadas para evitar a contaminação”. 

De acordo com Mendonça, o mesmo comportamento aconteceu o ano passado e deve perdurar até que tenha um nível alto de pessoas vacinadas. “Espero que até junho tenhamos ao menos 50% da população imunizada”. 

Baixa procura

Esse baque vem sendo sentido de forma avassaladora pelas empresas de turismo. No mês de março, por exemplo, representantes das agências informaram ao Jornal do Commercio que a queda na demanda chega a 40%. 

“Levando em consideração a atual crise que estamos vivendo, houve uma grande queda em relação à compra de pacotes de viagem. Isso fez com que o cenário de base turística sofresse uma grande escassez. Quanto à parte local, a cidade de Manaus está sofrendo muito em relação a serviços, alguns pontos começaram a respirar de alguma forma, mas em relação a viagens, ainda está engatinhando, tentando uma brecha para alavancar vendas”, afirmou o agente de viagens Thiago Moreira.

Já para o empresário do setor,  Anderson Souza, os 3 meses mais complicados foram (maio, junho e julho), no momento, os clientes se programam para  viagens para o segundo semestre e início de 2022.

“A estratégia em relação a viagens, é sempre atrair promoções. E graças a Deus, mesmo que com o número ainda abaixo do normal (em relação às vendas), estamos conseguindo nos manter no mercado”. 

Mas ele lembra que tudo vai depender da queda nos números da Covid-19 nas capitais mais procuradas pelos clientes. “Muitas capitais estavam enfrentando o lockdown entre elas, algumas cidades que fazem parte da maior venda, saindo de Manaus, como os destinos de Fortaleza e São Paulo. Muitos clientes acabaram desistindo e tentando remarcar novamente para o segundo semestre”.

Ticket Médio e perfil das viagens 

Houve uma redução de 35,6% no ticket médio das viagens domésticas, chegando ao menor valor dos últimos 10 anos: R$ 979. Fator que  pode ser explicado pela redução das compras das viagens em 2020 e execução das viagens compradas no ano anterior, além da redução de duração das viagens, alteração dos produtos comprados, como foco maior no terrestre e viagens de proximidade, entre outros fatores.

Por outro lado, conforme a pesquisa, identifica-se um aumento de 79% do ticket médio internacional, ficando em R$ 6.330, motivado pela realização das vendas internacionais, sem a sua execução no ano de 2020, e principalmente pela significativa variação cambial. 

Com relação à duração das viagens nacionais, os roteiros de média duração (5 a 9 dias) foram os mais escolhidos (48% das vendas). Já para as viagens internacionais, os roteiros de longa duração (mais de 9 dias) ficaram na frente (41%). Sobre o tipo de pacote vendido, os completos –aqueles que envolvem a parte terrestre e aérea representam 31% do faturamento, enquanto as viagens que englobam apenas a parte terrestre, sem aéreo, foram responsáveis por 38%. Vale ressaltar que para a aquisição dessas viagens a opção de pagamento parcelado em mais de cinco vezes, atendeu a maior parte dos clientes (47%). O cartão de crédito e o boleto se confirmam como os principais meios de pagamento, sendo utilizado em 48% e 49% das vendas, respectivamente. Destaca-se o grande aumento que o boleto obteve no último ano (13% para 49%), o que pode ser explicado pela aquisição das viagens a partir de financiamentos ou crédito direto com as operadoras. Apesar de todo o cenário desafiador do último ano, observa-se que o comportamento do consumidor não foi fortemente impactado por esta incerteza no que se refere à antecedência de compra. No mercado doméstico, 52% das compras foram feitas com a antecedência de até um mês da viagem. Para o internacional, às compras realizadas entre 61 e 90 dias antes corresponderam a 35% e as com mais de 91 dias para a viagem, 32%. 

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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