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Empresários divididos entre a revolta e a resignação

Empresários divididos entre a revolta e a resignação

Lojistas do Amazonas receberam com muita indignação o decreto governamental que suspende as atividades não essenciais durante 15 dias em todo o Amazonas – do dia 26 de dezembro a 10 de janeiro de 2021.

As medidas foram tomadas em decorrência do aumento dos casos de Covid-19 em Manaus e no interior do Estado. Dessa vez, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSL), anunciou que as ações contra os que não obedecerem às novas determinações serão mais rígidas.

Apenas serviços essenciais como drogarias, supermercados, revendas de gás e água e outros desse contexto, estão autorizados a funcionar durante o período, mas respeitando as regras da saúde de prevenção ao novo coronavírus.

“O comitê de enfrentamento à Covid-19 irá se reunir com representantes do comércio, da indústria, para que a gente termine de formatar o decreto que deve ser publicado para começar a valer a partir do dia 26”, anunciou o governador.

Em Manaus, lideranças empresariais reagiram com insatisfação seguida de muitos protestos. Alegam que foram pegos de surpresa na principal época de vendas do comércio, que se estende do Natal até as festas do Ano Novo. E pontuam que os prejuízos são enormes.

E os empresários já admitem entrar com recursos judiciais para revogar as novas medidas. Muito diversificado, o segmento comercial tem a maior cadeia produtiva do Estado e dela dependem milhares de trabalhadores. É aonde um universo enorme de pessoas encontra o seu sustento diário.

“Os shoppings se prepararam para as vendas de fim de ano, seguindo à risca todas as medidas de segurança, e agora o governo vem baixar essas novas restrições sem avisar, surpreendendo a todos os lojistas no melhor período do ano”, questiona  André Gesta, presidente da Alasc (Associação dos Lojistas do Amazonas Shopping Center). “Não sabemos ainda como os consumidores vão reagir”, afirma.

Sobre a Covid-19, Gesta argumenta que os shoppings não são problema porque sempre cumpriram todas as determinações das autoridades de saúde, com muita rigidez, sobriedade. Segundo ele, a realização das últimas eleições levou a muitas aglomerações de pessoas, criando o ambiente ideal para a propagação do novo coronavírus na região.

“Os comícios reuniram muita gente e ninguém ligou muito para esses casos. As multidões proliferavam a olhos vistos. Então, por que só agora o governo vem baixar essas novas medidas restritivas?”, contesta o líder empresarial.

De acordo com André Gesta, a Alasc agora se debruça junto com a Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers) para avaliar se cabe algum recurso jurídico contra as restrições do governo do Amazonas.

“Por enquanto, estamos examinando essa possibilidade. Vamos correr atrás, ver o que podemos conseguir nos próximos dias”, acrescenta ele.

Prejuízos

O empresário Aderson Frota, presidente do Simacom (Sindicato do Comércio Varejista de Louças, Tintas, Ferragens, Material Elétrico e de Construção de Manaus), disse que esteve com o governador Wilson Lima, avaliando as novas restrições.

Mais ponderado, Frota admitiu que os prejuízos são enormes para todo o segmento comercial, mas o mais importante neste momento é salvar vidas. “O governador nos informou que precisava de uma trégua nas atividades porque o número de casos da doença cresceu muito, principalmente oriundos das zonas norte e leste da cidade, onde as pessoas não usam máscaras e não seguem nenhuma regra de prevenção contra a Covid-19”, revelou. “A população é muito indisciplinada”, acrescentou,

Wilson Lima disse que faltam profissionais qualificados para atender pacientes de Covid-19, segundo Frota. E que o problema não é falta de leitos, mas de gente qualificada para o atendimento. “As autoridades de saúde informaram ao governador que era necessário frear a atividade econômica nesta época, reunindo muitos consumidores, para frear o avanço da Covid-19”, afirmou o líder empresarial.

Frota disse que o segmento comercial vai esperar a publicação do novo decreto governamental para decidir por novas medidas. “Até lá, continuaremos avaliando o caso”, informou.

O empresário William Lauschner, proprietário do Porão do Alemão, uma das principais casas noturnas de Manaus, engrossa os protestos contra o novo decreto governamental suspendendo as atividades não essenciais por 15 dias no Amazonas.

Eleito vereador pelo Cidadania nas últimas eleições, Lauschner também questiona por que só agora, nessa época de festas de fim de ano, o governo decidiu baixar o novo decreto sobre a Covid-10.

“Estávamos com vários eventos preparados, mas vamos ter que cancelar tudo, dificultando a vida de muita gente que depende disso para sobreviver”, lamenta ele.

Lauschner também atribui o aumento da Covid-19 no Estado às aglomerações que aconteceram durante a campanha eleitoral. “Ninguém falou sobre esses cuidados na época. O segmento de entretenimento sempre foi o mais prejudicado com essas medidas”, protesta.

Segundo Lauschner, o Porão do Alemão chegou a empregar 132 funcionários em 2019 nesta época de fim de ano, mas agora só contratou 32. “De onde todas essas pessoas vão tirar o seu sustento”, lamenta.

Marcelo Peres

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