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Empresários querem contrapartida para possíveis restrições

O aumento de casos de covid-19, a partir da chegada da Ômicron no Amazonas, e a escalada dos casos de Influenza pela H3N2, deixaram os setores de comércio e serviços de Manaus em estado de alerta. As lembranças – e efeitos – dos fechamentos compulsórios na primeira e na segunda onda ainda seguem presentes na memória do empresariado. 

Pesquisa divulgada nesta terça (18), pelo Ifpeam (Instituto Fecomercio de Pesquisas Empresarias do Amazonas), aponta, contudo, que a maioria esmagadora deles concorda com as medidas do governo do Estado para debelar a crise sanitária.

Mas, os empresários ressaltam que o poder público deve implementar medidas de cunho econômico, até mais severas do que as realizadas na primeira e na segunda ondas, para amenizar as perdas do setor – incluindo concessão de crédito e redução de custos. Os comerciantes relatam também que os efeitos da nova variante já se fazem sentir nos afastamentos de trabalhadores e no tombo das vendas. Diante disso, os entrevistados se dividem em relação às expectativas para o cenário econômico do primeiro semestre deste ano, mas avaliação majoritária é que o cenário é, no mínimo, “preocupante”. 

No texto da pesquisa, a Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) assinala que a ômicron chega um ano depois da crise do oxigênio, com uma nova “disparada” de casos de covid. A entidade destaca que as primeiras confirmações ocorreram há dez dias. “No dia 4 de janeiro, foram 172 casos confirmados; nesta sexta (14), foram 2.782 – 16 vezes mais. As internações e mortes não acompanharam esse ritmo. De acordo com o governo do Amazonas, a maioria dos internados em UTI não se vacinou ou está com a vacinação incompleta”, pontuou, ao citar números da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas e FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto).

Medidas e sugestões

Diante da brusca mudança de cenário, o Ifpeam sondou empresários dos segmentos de serviços (36%), comércio (35%), produtos de informática (25%) e “outros” (4%), para ouvir suas opiniões sobre as medidas iniciais do Governo do Estado do Amazonas, e, quais as expectativas e sentimentos a respeito. Os lojistas atuantes nos shoppings centers da capital amazonense (46%) predominam no levantamento, sendo seguidos de longe pelos comerciantes que trabalham no Centro da cidade (31%) e nos bairros de Manaus (23%).

A concordância com as medidas adotadas pelo governo do Estado, após o aumento dos casos de covid-19 por ômicron, e de Influenza por H3N2, foram aprovadas por 75% dos entrevistados pelo Ifpeam. Foram consideradas “prudentes e necessárias” por 38% deles, enquanto 37% dizem que “concordam plenamente” com as iniciativas. Já os 25% informam que “concordam parcialmente”. Não houve registro de discordâncias. 

Os comerciantes de Manaus são unânimes em ressaltar, entretanto, que os governos deveriam tomar novas medidas para amenizar os impactos econômicos nas empresas. A principal delas, apontada por 60% dos lojistas, é a criação de linhas de crédito com “juros baixos, e com menos exigência e burocracia por parte dos bancos”. O pedido segue em sintonia com a escalada da Selic, que já encosta na marca dos dois dígitos. Completam a lista a redução dos custos com frete (36%) e a “flexibilização das leis trabalhistas para a diminuição de jornadas e suspensão de contratos”.  

Crise e expectativas

A sondagem indica também que os efeitos da escalada dos casos de contaminação pelas duas variantes já estão registrando baixas no dia a dia das empresas. Seis em cada dez empresários ouvidos pela divisão de pesquisa da Fecomercio-AM (60%) informam que já tiveram de afastar pelo menos um colaborador, em razão das doenças. O impacto não se restringe apenas à capacidade operacional das empresas, mas também à demanda, uma vez que os 40% restantes informam que as vendas vêm sofrendo declínio por esse motivo.

Em função da mudança brusca no cenário da crise sanitária, e também das dificuldades que vêm se avolumando no fronte econômico, os lojistas acabam deixando o tradicional otimismo um pouco de lado quando falam de expectativas. Apenas 33% ainda garantem que os seis meses iniciais de 2022 será positivo e com aumento de vendas. Outros 33% argumentam que o cenário é “desafiador”, enquanto uma fatia ligeiramente maior de 34% admite que o panorama é “preocupante”. Em contraste, nenhum deles responde que a situação está “muito ruim e sem perspectivas”, nem aposta que “o governo alavanque a economia”. 

“Mesmo filme”

A reportagem do Jornal do Commercio tentou ouvir o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, a respeito dos dados do estudo, mas o dirigente não pode ser localizado até o encerramento desta matéria. Em entrevistas anteriores, o dirigente já havia assinalado sua preocupação sobre os efeitos das chuvas em relação às estatísticas ascendentes da pandemia no Estado e de possíveis reações governamentais mais duras a elas. 

“Estamos com os hospitais quase em colapso e com vagas praticamente exauridas. Por outro lado, a letalidade da doença está menor e com saldo bem menos negativo. Mas, não sabemos quais as pressões o governo pode sofrer a partir da piora dessas estatísticas. Infelizmente, as autoridades não sabem como funciona o setor e uma empresa. Esperamos que não queiram reprisar o mesmo filme de 2020 e 2021 e gerar punições indevidas ao comércio, que não gera aglomerações, nem é o culpado pelo aumento de casos”, encerrou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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