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Empregos ficam estáveis no PIM, apesar da pandemia

Diferentemente de outros Estados que precisam de vários setores para se manter, o Amazonas concentra uma estrutura produtiva baseada nas Indústrias do PIM (Polo Industrial de Manaus) o que favoreceu a geração de empregos no setor mesmo durante a pandemia. 

Quando começou a crise da saúde no ano passado, a maioria das fábricas deram férias coletivas por falta de material ou para tentar conter os avanços da Covid entre os mais de 90 mil trabalhadores do Polo. 

A despeito de todas as dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19, os empregos no PIM se mantiveram em patamar estável após um declínio nos meses de abril e maio, quando a produção ficou paralisada.

Em novembro de 2020, por exemplo, o PIM registrou 100.512 trabalhadores, entre efetivos, temporários e terceirizados, um decréscimo de 0,05% em relação a outubro, porém, um aumento de 8,97% frente a novembro de 2019. Os números de 2020, dentro do possível, foram salutares, indicam representantes do setor produtivo.

De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo Ministério do Trabalho, o PIM foi o setor responsável por puxar a alta, com quase metade das novas admissões em 2020. Pelos números do Caged, a indústria fechou o ano com saldo positivo de 4.748 postos formais de trabalho abertos (33.876 admissões e 29.128 demissões).

Mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia, o  faturamento das empresas chegou a R$ 109,74 bilhões, um aumento de 13,06% em relação ao mesmo período de 2019 (R$ 97,06 bilhões), o que refletiu no aumento das contratações de mão de obra temporária. Foram cerca de 6,5 mil vagas geradas, principalmente no polo eletrônico e duas rodas, geradas para atender a demanda de fim de ano. De acordo com o Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), o ano encerrou com quase 96 mil trabalhadores entre temporários e efetivos no PIM. 

A abertura de novas vagas temporárias continuam acontecendo. Segundo o presidente do Sindmetal-AM, Valdemir Santana, na semana do Carnaval, 500 empregados temporários foram admitidos e até a segunda semana do mês de março, o setor Industrial do Amazonas prevê a contratação de cerca de 1,5 mil pessoas. 

O líder sindical afirma que a flexibilização do decreto estadual retomando as atividades do setor por 24h foi crucial para o aumento da produção, o que motivou a busca por mão de obra. “Contamos com a parceria de empresas de recursos humanos que efetuaram essas admissões. Apesar do fôlego no nível de contratações, seis mil trabalhadores tiveram o emprego ameaçado, muito embora a flexibilização do decreto tenha ajudado nos novos postos, ainda registramos aproximadamente mil desligamentos”. 

Conforme Santana, os contratos dos novos colaboradores têm vigência de 180 dias com os mesmos direitos que o funcionário efetivo. Ele declara que a direção do Sindicato dos Metalúrgicos mantém o compromisso de contribuir para preservar e ampliar os postos de trabalho no setor industrial do Estado. 

Em recuperação 

Apesar da demanda nas admissões, o vice-presidente da Fieam  (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas),  Nelson Azevedo avalia que a indústria do Amazonas foi fortemente impactada pela pandemia do novo Coronavírus. Para preservar a saúde de seus trabalhadores, a maioria das fábricas concedeu licença remunerada, férias coletivas, redução de jornada de trabalho e salário, e em alguns casos negociou a suspensão de contrato de trabalho por prazo regulamentar. “Geramos emprego na área de serviços e de saúde para nos adaptarmos aos protocolos exigidos para funcionamento da indústria”. 

O cenário em 2020 foi bastante adverso para o setor,  mas mesmo assim, graças a criatividade e resiliência dos dirigentes das empresas, foi possível segurar os empregos evitando com isso o agravamento da crise causada pela pandemia. A geração de empregos direto na indústria foi apenas no primeiro trimestre do ano de 2020, depois disso, infelizmente o esforço foi apenas de manter os que já estavam empregados. 

O dirigente afirma que o mercado ainda está instável, o quadro que se apresenta no momento é de recomposição do estoque devido às interrupções que tivemos no final do ano passado e início deste ano, devido à necessidade de paralisar e reduzir a produção devido às restrições sanitárias. 

Quanto à geração de novos empregos em 2021, acredita que haverá superavit. “Podemos observar nas reuniões do CAS (Conselho de Administração da Suframa e do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Amazonas), que os projetos de ampliação e implantação continuam sendo submetidos, apreciados e aprovados. Isso garante um fluxo contínuo de investimentos, manutenção dos atuais postos de trabalho e na geração de novos empregos no Estado do Amazonas”. 

Sobre o polo de duas rodas, Nelson Azevedo cita os dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) que  projeta uma alta de 10,2% na produção de motocicletas e de 12,8% de bicicletas. “Como a maioria das montadoras de duas rodas está instalada no PIM, isso contribui na geração de empregos na região”. 

O presidente da Fieam, Antonio Silva, não esperava o agravamento da crise logo em janeiro. E somente com a aceleração da vacina  em toda população economicamente ativa, grande massa do PIM, é possível retomar a linha ascendente que vislumbramos no final de 2020.

Se considerar o que o setor enfrentou desde o ano passado por conta da pandemia, com a oscilação do mercado consumidor e o desemprego em todo país o presidente  do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) Wilson Périco, avalia  como positivo o esforço que a indústria fez em manter os empregos do ano passado e as poucas reduções este ano. “E avalio que estamos muito bem. Vamos esperar as novas medidas, as vacinas, o que seja, para que a gente possa resgatar a normalidade e podermos aumentar a atividade e o número de empregos também. Certamente, com a normalização das atividades da indústria e em tendo o mercado aquecido, teremos geração de empregos.  Qualquer novo emprego gerado é uma boa notícia”, destaca.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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