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Emprego em crise nas MPEs do Amazonas em setembro

Os pequenos negócios voltaram a carrear as contratações com carteira assinada, no Amazonas, em setembro. Mas, o saldo de empregos formais desacelerou ao nível mais baixo desde abril de 2021, além de ficar aquém da marca de 12 meses atrás, com a fatia das MPEs encolhendo em igual proporção. Serviços, indústria e comércio ainda respondem pela maior parte da oferta. É o que revelam os dados do mais recente boletim mensal do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa), embasado no ‘Novo Caged’ (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

O saldo mensal registrado pelas MPEs foi de 2.387 vagas formais, em desempenho mais fraco do que o de agosto (+3.664). Equivaleu a 55,48% do total registrado pelo Estado, no mesmo período (+4.302) – contra 62,32% das 5.847 vagas apresentadas no levantamento anterior. Também foi um dado 7,23% inferior ao de setembro de 2020 (+2.573). As micro e pequenas empresas amazonenses apresentaram média de 15,53 novos postos de trabalho a cada mil já existentes, situando o Estado na oitava posição do ranking nacional. No mês anterior, essa proporção foi de 23,70 por mil e o Amazonas ficou em terceiro lugar.

De janeiro a setembro de 2021, o saldo das pessoas jurídicas amazonenses de pequeno porte (19.556) respondeu por 67,33% dos postos de trabalho celetistas do Amazonas (29.044). Em um cenário já de vacinação em massa e queda e refluxo da pandemia, mas também de inflação, juros e dólar em alta, a média de 127,21 empregos por milhar fez o Estado cair da terceira para a oitava posição, em todo o Brasil. Em 12 meses, o desempenho de setembro (+2.387) superou apenas março (+1.987), fevereiro (-944) e janeiro (-360) de 2021, além de dezembro de 2020 (-961). No confronto dos acumulados do ano, 2021 (+19.556) segue muito acima de 2020 (+3.362), para as MPEs do Estado. 

Na média nacional, os pequenos negócios (1.785.884) responderam por 71,07% dos postos de trabalho (2.512.937), nos nove meses iniciais do ano, também ficando muito acima do resultado de 2020 (-323.101). Em setembro de 2021 (+227.892), a fatia de criação de postos de trabalho nos pequenos negócios foi de 72,59%, superando o dado do levantamento anterior (71,65%), apesar de apresentar um número absoluto inferior ao daquele (+263.745).

As médias e grandes empresas do Amazonas também avançaram em setembro (+1.915) e no aglutinado dos nove meses iniciais de 2021 (+9.463), respondendo por 44,51% do saldo do Estado, no primeiro cenário, e por 32,58%, no segundo. A comparação do aglutinado de 2021 com igual intervalo de 2020 – quando as MGEs amargaram eliminação de 2.438 ocupações – também mostra melhora substancial. A administração pública, por sua vez, amargou corte de 2 empregos, na variação mensal, e criação de 27 vagas, de janeiro a setembro. 

Na média brasileira, enquanto as micro e pequenas empresas encabeçam a geração de empregos por uma margem maior do que a amazonense, as médias e grandes empresas colheram números positivos pelo nono mês consecutivo, ao contribuir com 26,63% do total de setembro (+83.599). A administração pública gerou os empregos restantes (+924). No acumulado, os números respectivos por rubrica foram 587.683 e 19.116.

Serviços e indústria

O setor de serviços puxou novamente a abertura de empregos nas micro e pequenas empresas do Amazonas, com 1.114 novas vagas – em paralelo com um acréscimo de 981 ocupações, nas médias e grandes. Foi seguida pela indústria de transformação (+686) – que gerou apenas 493 empregos nas companhias de maior porte. Na sequência vieram comércio (+455), construção (+114), agropecuária (+9) e serviços de utilidade pública (-9) – contra +253, +127, +36 e +17, respectivamente, para as MGEs. 

Em relação ao saldo total dos nove primeiros meses deste ano, as contratações das micro e pequenas empresas amazonenses também foram impulsionadas pelos serviços (+9.109). O comércio (+4.402) se manteve na segunda posição, mas já sendo seguido de perto pela indústria de transformação (+4.067). Construção (+1.761), agropecuária (+132) e SIUP (+15) vieram em seguida. As MGEs, por sua vez, pontuaram saldos respectivos de +3.461, +223, +3.679, +1.544, +339 e +130. 

Em todo o país, os serviços (+103.373) também carrearam as contratações nos pequenos negócios, sendo responsáveis por 32,93% de suas vagas, e quase o triplo das contratações das médias e grandes empresas do setor (+37.448). Na sequência, vieram o comércio (+54.380 mil), indústria da transformação (+37.631), construção (+27.519) e agropecuária (+2.988) e SIUP (+1.331). Apenas indústria e agropecuária tiveram geração maior entre as companhias de maior porte – +39.570 e +6.049, respectivamente. 

Em matéria divulgada no site do Sebrae nacional, o presidente da instituição, Guilherme Afif Domingos, comemorou os números, sem entrar em maiores análises. “É inegável a força dos pequenos negócios para a geração de empregos no Brasil. As pesquisas só confirmam, mês após mês, que o empresário de micro e pequena empresa deve ser prioridade das políticas públicas, porque somente por meio do fortalecimento do empreendedorismo, o país terá chance de voltar a crescer”, afiançou.

Inflação e juros

No entendimento da gerente da unidade de Gestão e Estratégia do Sebrae-AM, Socorro Correa, os dados de setembro ainda mostram a importância dos pequenos negócios para o país em geral, e para o Amazonas em particular, em função dos empregos gerados por estes. A executiva, que anteriormente havia previsto uma tendência de estabilidade para o indicador, lamenta a perda de força no saldo de empregos no Estado, levando setembro a ficar aquém de junho, julho e agosto e até mesmo do mesmo mês de 2020. 

“A queda no consumo, em decorrência da inflação, impacta na manutenção dos empregos existentes e na abertura de novas vagas. A alta de preço, em produtos como energia e combustível, desencadeia uma onda generalizada de aumento em produtos e serviços. Como os salários não sobem da mesma forma, o poder aquisitivo dos consumidores diminui e provoca impacto negativo no faturamento das empresas”, lamentou.

Indagada sobre o diferencial do Amazonas em relação à média nacional, a gerente da unidade de Gestão e Estratégia do Sebrae-AM, reforçou que atribui tudo à desaceleração da atividade de comércio e serviços, em decorrência da combinação da escalada dos preços com os entraves logísticos.  Socorro Correa lembra que o aumento dos custos de transporte encarece os produtos locais. Diante disso, o consumidor não tem outra opção a não ser substituir produtos por outros mais em conta, ou mesmo reduzir as compras. Outro problema está na Selic.

“Estamos saindo de uma pandemia e estamos vivendo um outro pesadelo: inflação puxada por dois insumos básicos em todas as cadeias produtivas, energia e combustível. E a tendência dessa situação é piorar com o recente aumento da Selic, medida usada pelo BC para conter a inflação. Com juros mais elevados, compras de móveis, carros e imóveis tendem a sofrer o efeito ‘vou esperar um pouco’ e assim, desacelerar a economia”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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