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Embaixador peruano expõe propostas no Amazonas

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‘Vender’ vias de conexão entre países está na pauta de Jorge Bayona no Brasil

Estreitar relações comerciais, industriais e turísticas entre Brasil e Peru, país que tem excelente desempenho econômico, registrando um crescimento sustentado desde 2002, é a missão do embaixador peruano Jorge Bayona em Manaus. As visitas têm enfoque nos mais de 2.800 kms que unem os dois países no Amazonas. O diplomata percorrerá as casas legislativas e sede do governo estadual para promover a integração dos países fronteiriços, tendo como tema principal a ligação bioceânica a partir de rotas de comércio que serão percorridas por estradas, ferrovias e rios.

Mais cooperação

Segundo Bayona, o governo peruano espera por mais agilidade do governo brasileiro quanto a autorização de comercialização dos produtos da agroindústria peruana em nosso mercado. “Temos uma grande variedade de batatas e milho que poderiam enriquecer a dieta brasileira, principalmente em áreas pobres como as de fronteira. Por estes mesmos portos e estradas também passariam o nosso calcário e o fosfato que é muito mais rico que o comprado atualmente pela agroindústria do Brasil,” ressalta o embaixador que acredita que estes acordos de cooperação favoreceriam o Peru quanto ao escoamento de sua produção, inclusive dando acesso aos países africanos, via Brasil.

Grandes projetos

Os projetos que já estão em andamento (estrada Interoceânica, Eixo Amazonas Norte e Projeto Ferroviário) fazem parte de uma Aliança Estratégica estabelecida entre os dois países em 2003, explica o embaixador do Peru, Jorge Bayona. “De todo os projetos para integração da América latina este é o que mais evolui e também é o menos propagandeado, mas boa parte dos projetos já funcionam, faltando pouco para atingirem, sua capacidade total de usabilidade. Divulgar estas propostas no Brasil e no Amazonas será o tema central de nossas visitas”, disse Bayona.
De acordo com o embaixador, a Interoceânica trará a integração de forma bilateral, já que encurtará distância e tempo gasto no escoamento da produção brasileira e permitirá o ingresso de produtos peruanos no Brasil. “Com a rodovia aberta para o Pacífico, o que se produz no Brasil e em especial no PIM (Polo Industrial de Manaus) chegará a América do Norte e Central com muitos dias a menos do que o gasto com a rota tradicional, que sai pelo Porto de Santos e vai até o Panamá, barateando o frete e economizando em combustível”, afirma o embaixador.

Eixo Norte

Ampliar a navegabilidade de rios peruanos abrindo vias multimodais para o Pacífico já é realidade no Eixo Norte, um projeto de dois ramais (Norte e Central) que inicia no litoral peruano e se une ao rio Amazonas. O primeiro trecho tem 960 kms de estradas que logo se tornam rotas fluviais que se conectam com os portos de Manaus, Belém e Macapá. Já o ramal Central, com 867 kms parte da capital peruana, Lima e une-se ao ramal Central. “O Eixo Norte acaba por promover o desenvolvimento amazônico por servir de rota para a Ásia nos dois sentidos, trazendo insumos e levando a produção brasileira. O Peru se beneficia ao vender o fosfato para a Vale do Rio Doce e esta usa portos peruanos para a exportação”, comenta Bayona.

Estradas de ferro
Conectando o país vizinho ao Estado do Acre, a Ferrovia Bioceânica nasceu em 2014 após a assinatura da ‘Declaração para o Estabelecimento de Cooperação sobre uma Conexão Ferroviária Bioceânica’ entre os chefes de Estado dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e da América do Sul. “A ferrovia se encontra em um processo muito avançado de conclusão e logo teremos algo mais do que proximidade geográfica, integraremos os negócios, turismo e indústria em malhas viárias que beneficiarão toda a região Norte e parte do Centro-Oeste brasileiro”, afirma o diplomata.

Turismo
Um grande gerador de emprego e renda para o país vizinho, o turismo, é outro tema abordado na visita do embaixador. “Por razões logísticas, o que se via muito no Peru era a chegada de turistas brasileiros e de outros países em caravanas. Com a abertura e usabilidade dessas vias de conexão, agora recebemos visitantes que vem de carro, alguns sós, aproveitando a agilidade criada com as estradas”, comenta.
O trabalho de promoção do destino Brasil realizado pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) está sendo cada vez mais reconhecido pelos demais países. No último dia 7, a representante do Escritório Comercial do Peru no Brasil, Milagros Ochoa, participou de uma reunião na sede da Embratur, em Brasília, para entender como funciona o trabalho do Instituto e potencializar ações casadas que fortaleçam o fluxo de turistas entre os dois países.

Minério

O interesse na conexão viária visa estimular a extração e beneficiamento de minério brasileiro para exportação peruana. Um dos casos de sucesso e que gera emprego e renda no Amazonas é o da compra da Mineração Taboca em Pitinga (a 300 km de Manaus) pela peruana Minsur, a terceira maior produtora mundial de estanho, em 2008. Além do estanho de Pitinga, a empresa vê a possibilidade da duplicação da produção de cassiterita na mina Pitinga, onde se planeja construir uma planta de flotação para aumentar a taxa de recuperação de estanho, nióbio e tântalo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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