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Em Natal sem calor humano, Papai Noel Loránd Lajos deseja que 2021 seja diferente

Em Natal sem calor humano, Papai Noel Loránd Lajos deseja que 2021 seja diferente

Este ano foi ainda mais emocionante para o Papai Noel mais europeu de Manaus, o húngaro Loránd Lajos Jelényi. A maior satisfação de Loránd quando interpreta seu personagem é a interação com as crianças, sentá-las no colo, ou ao seu lado, e conversar com elas, saber de suas histórias. Por causa da pandemia do coronavírus, uma pequena cerca manteve os pequenos afastados a 1,5m de distância do Papai Noel.

Crianças visitaram o Papai Noel, mas permaneceram distantes, atrás da faixa de contenção

“Muitas choravam, querendo se aproximar de mim, estendendo os bracinhos. Era preciso os pais, e eu mesmo, explicar que não dava para ficarmos juntos por causa da pandemia, mas quem consegue convencer uma criança? Foi muito emocionante”, falou Loránd.

Em 2020 Loránd completa o quarto ano interpretando o bom velhinho, uma história que começou por acaso, em 2016, e se repete desde então com a aproximação do Natal.

“Minha esposa Auxiliadora recebeu o convite de um shopping para interpretar a Mamãe Noel, e eles estavam precisando de um Papai Noel. Como eu já tinha barbas e cabelos brancos, ela me indicou, mas chegou lá, me recusaram porque acharam minha barba muito pequena. Era agosto. Dava tempo de a barba crescer um pouco mais, mas não me aceitaram”, lembrou.

Chateado, Loránd e Auxiliadora, a bordo de seu jipão, foram para o interior numa viagem que começou em Santarém e acabou em Manaus, pela Transamazônica e BR 319. Nessa viagem o casal interpretou Papai e Mamãe Noel por onde passavam.

“Fomos parando nas comunidades, entregando brinquedos para as crianças, vestidos a caráter com gorro e óculos, e roupas com detalhes em vermelho e verde. Aí gostei da ‘brincadeira’ e resolvi investir no personagem. Viajei para o Rio de Janeiro, onde frequentei uma escola para Papais Noeis, e me ‘formei’ Papai Noel”, riu.

60 cm de barba

De volta a Manaus, Loránd abriu uma empresa especializada em oferecer serviços de Papai Noel. E tem sido assim desde então.

“Na empresa eu sou o diretor; o funcionário do mês, que todo mês ganha o prêmio de melhor funcionário; e nas horas vagas ainda sou carregador”, brincou Loránd, que parece nunca ficar com raiva.

O húngaro tem sido o Papai Noel preferencial do Manauara Shopping desde 2017. Somente em 2018 ele atuou no Shopping Sumaúma.

O curioso de Loránd é que desde que foi preterido, em 2016, por causa de sua barba pequena, ele passou a cultivá-la e nunca mais cortou um milímetro sequer dos pêlos.

“Naquela época eu prometi que nunca mais iria cortar minha barba e tem sido assim. Naquele ano ela media uns 10 cm, agora já está com 60 cm, e vai continuar crescendo”, afirmou.

Em 2021 Loránd já estava inscrito num concurso para a escolha da maior barba do mundo, que aconteceria na Nova Zelândia, mas foi adiado por causa da pandemia.

“Acredito que vá acontecer em 2022 e eu estarei lá, com a barba maior ainda. Posso não trazer o primeiro lugar, mas vou conseguir alguma premiação, pois já andei pesquisando os outros participantes e a minha barba está entre as maiores”, contou.

Loránd tem tanto ciúme de sua barba que, convidado para uma sessão de fotos, o fotógrafo quis dar um banho nela, mas Loránd não permitiu.

“Nem pensar. Só eu cuido dela, assim como cuido dos meus cabelos e dos bigodes, que também não corto, mas não cresce na mesma proporção da barba, apesar de estar bem grande”, explicou.

Rotina estressante

Com o uso da máscara de proteção contra o coronavírus, o bigode e a barba do Papai Noel húngaro perderam um pouco do charme e da visibilidade, e ele não gostou nem um pouco.

Lloránd usou máscara, o que acabou escondendo bigode e barba

“Minha barba recebe muitos elogios, mas este ano, nada, por causa da máscara. A vantagem é que eu não preciso arrumar o bigode, diariamente, e posso bocejar quando fico cansado. Pensa que Papai Noel não se cansa de ficar horas sentado?”, indagou.

Este ano, como nos anos passados, a rotina natalina de Loránd começou ainda em novembro, no dia 19, quando ele começou a personificar o bom velhinho. E vai continuar até o dia 26. Às vezes ele é contratado para festas já em janeiro.

“Às 11h começo a me preparar, em casa. Já chego ao shopping como Papai Noel. Sento no trono das 13h às 16h, depois paro por uma hora para ir ao banheiro e almoçar, tudo isso sem me expor, fora do trono. Às 17h recomeço o trabalho, que segue até às 21h”, informou.

Mas quem pensa que o trabalho de Loránd acaba aí, se engana. Ao sair do shopping ele já tem contratadas apresentações em bares, restaurantes e residências, onde fica até meia-noite.

“Em casa, eu e minha esposa produzimos vídeos que são difundidos para o mundo todo. Fazemos isso até 2h da manhã e só então vou descansar, para recomeçar tudo novamente no dia seguinte”, disse.

“O que eu desejo é que 2021 seja o oposto de 2020 e que no próximo ano possamos nos abraçar e estar juntos. As crianças do Brasil, diferente das européias, querem pegar, abraçar, estar junto, e não existe nada melhor do que esse calor humano, que tanto fez falta nesse Natal”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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