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Elevação nos preços dos produtos impulsiona alta no desmatamento

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O crescimento econômico mundial, a perspectiva da implantação de uma série de projetos de infra-estrutura na Amazônia, bem co­­mo a elevação nos preços das­­ commodities agrícolas é apon­­tada como fatores que con­­tribuem para o aumento do des­­matamento na região.

De acordo com o indicador de preços Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), a saca de 60 quilos da soja custava R$ 29 em outubro de 2005. Subiu para R$ 38 no mesmo mês de 2006 e chegou a R$ 40 em outubro deste ano, um aumento de 44% em dois anos. Em relação ao gado, a elevação do preço no período foi de 16%. Em outubro de 2005, a arroba do boi custava R$ 55, segundo o indicador Cepea/Esalq. No mesmo mês, em 2006, custava R$ 61. Em outubro deste ano, foi cotada em R$ 64.

Após três anos sucessivos de reduções nos índices de desmatamento na Amazônia Legal brasileira, a tendência começa a se reverter. Dados do governo federal mostram que o desmatamento na Amazônia cresceu 8% entre junho e setembro deste ano em comparação com o mesmo período de 2006.

Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, afirmou que a situação é preocupante e lembrou que em 2007 não foi criada nenhuma unidade de conservação federal na Amazônia. “Reco­nhecemos a importância e os re­sultados positivos das ações de pre­­venção e fiscalização empreen­didas pelo governo. Porém, já ví­nhamos avisando que isso não bas­­ta. Agora, dados comprovam que­­ é preciso ir além do que vem sendo feito”, avaliou.

Para Denise Hamú, é necessário adotar uma estratégia mais ampla de conservação. “Defen­demos a imediata definição de metas claras de redução no desmatamento, além de mecanismos­ econômicos e tributários que incentivem a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e desestimulem as práticas predatórias”, afirmou.

Em relação às queimadas, um dos principais instrumentos do desmatamento na Amazônia, dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam uma sensível intensificação. De janeiro a outubro do ano passado foram registrados 20.246 focos de incêndio na Amazônia­ Legal. No mesmo período de 2007, o número saltou para 45.907 fo­cos, um aumento de mais­ de 125%.

Novas áreas de plantio de soja contribuem

De acordo com Luís Laranja, coordenador do Programa de Agricultura e Meio Ambiente do­­ WWF-Brasil, o aumento dos preços da soja e da carne bovina no mercado internacional contribui para o recente repique na taxa de desflorestamento.

“Bastou ter um realinhamento de preços das commodities agrícolas no mercado, que as tendências em relação ao desmatamento se reverteram, o que demonstra claramente que a situação não estava sob controle”, avaliou Luís Laranja.

Ele comentou que, no caso da Amazônia, a pecuária bovina é o principal vetor de des­­­­matamento. Luís Laranja acres­­­centou que, segundo estimativas, as áreas de pastagens ocupariam cerca de 50 milhões de hectares na região, contra cerca de 1,5 milhão de hectares ocupados pela soja.

Mas, segundo ele, novas áreas de soja também podem contribuir para o desmatamento, apesar de ter menor­ presença na Amazônia.

“Quan­do a soja se expande no Cerrado, pode deslocar o gado para regiões amazônicas”, relatou.

Prevenção e combate

Outra limitação observada na atual estratégia do governo para prevenção e combate ao desmatamento é a ineficiência do Poder Público em punir aqueles que desrespeitam a legislação ambiental.

Segundo artigo do pesquisador Paulo Barreto, do Imazon (Instituto do Homem­ e do Meio Ambiente da Amazônia), números do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) dão conta de que apenas 2% do valor das multas para autores de crimes ambientais cadas­tradas entre 2001 e 2004 foram recolhidos.

O governo federal deve divulgar em breve a estimativa de desmatamento para o período entre agosto de 2006 e julho de 2007, com base em imagens de satélite de u

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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