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Eleições 2010, todo o cuidado é pouco

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao lançar a terceira edição da Campanha Eleições Limpas – desta vez com o mote “Não Vendo meu Voto”, tem como objetivo conscientizar os eleitores da importância do voto e do papel que cada um tem a cumprir na fiscalização do pleito que se aproxima, onde os eleitores brasileiros escolherão, democraticamente, os futuros ocupantes dos cargos de deputado estadual ou distrital, deputado federal, votando duas vezes para senador e escolhendo seu governador e presidente da República. Até aí tudo bem, tudo é festa, tudo é democracia, mas todo o cuidado é pouco.
É hora de agir com seriedade e competência na hora de escolher os seus representantes. E são muitas as razões para se ter cuidado, principalmente quando, na população brasileira, encontramos poucas pessoas ou entidades dispostas e realmente interessadas em difundir a importância do voto responsável, do voto consciente, e quando percebemos que grande parte desta população serve como massa de manobra, formando grandes currais eleitorais e se transformando em imensos grupos manipulados pelos realmente interessados em tomar o poder e fazer dele o instrumento para os conhecidos desvios de verbas, de conduta, do enriquecimento ilícito, das grandes evoluções patrimoniais sem a devida comprovação de ganhos, das barganhas políticas, do empreguismo sem o devido concurso público (privilegiando parentes, amigos e correligionários em detrimento do mérito de quem se esforça para galgar um lugar ao sol, em detrimento dos menos favorecidos, dos que não nasceram em berço de ouro ou amparados pela sombra do poder, em todos os níveis de governo e nos três poderes), da colocação de pessoas com o mesmo sobrenome ocupando cargos de confiança ou comissionados, e em muitas situações simulando ou fraudando concursos públicos para oficializar os apadrinhados nos referidos cargos, resolvendo a situação para sempre, sem contar com a indicação de pessoas para altos cargos vitalícios.
E é justamente a população mais carente (carente de recursos financeiros, de informações e de esclarecimentos) que mais preocupa, pois quem não lê jornais, revistas, quem não tem acesso à internet, aos meios de comunicação de massa e que detestam o horário eleitoral “gratuito”, que ficarão alheias aos acontecimentos e que se esquecerão ou jamais saberão do passado de seu candidato, o que ele aprontou na vida particular ou política, ou quais são suas reais intenções ao alcançar o poder. Essas pessoas jamais terão acesso aos maus políticos, servirão apenas para votar e eleger. Se contentarão com migalhas e seus filhos terão imensa probabilidade de continuarem na miséria, alimentando o ciclo vicioso de eleger erradamente e ser esquecido. Enquanto isso, poucos representantes do povo se preocuparão em realmente buscar soluções para os problemas locais, regionais ou nacionais, enquanto que muitos estarão preocupados em se manter o poder por longos anos (alguns só largam o poder com a chegada da morte), e na impossibilidade de sua perpetuação, utilizam o artifício de lançar herdeiros políticos, fato que se alastra de norte a sul do Brasil.
Felizmente com a chamada Ficha Limpa, de iniciativa popular e de entidades sérias, estamos vendo inúmeros políticos de passado sujo e desprovidos de qualquer seriedade ou interesse público sendo devidamente isolados (e muitos deles recorrendo à Justiça para garantir o direito de concorrer). Mas isso demorou muito para acontecer. Era comum no Brasil vermos políticos que, ao ter certeza de que seriam cassados, renunciarem para concorrer nas próximas eleições. Isso feito voltavam nos braços do povo, recheados de votos daqueles que realmente merecem sofrer para aprender a votar. Retornavam ao poder ungidos pela força popular e homologados pelo poder das urnas.
Na verdade, o eleitor muitas vezes não sabe que o seu voto pode mudar o futuro do país. Por isso é tão importante não “votar por votar”, além de procurar informações sobre seus candidatos, comparando se o que eles dizem realmente se reflete no que fazem. E jamais vender o voto ou trocá-lo por presentes, cargos, prestação de serviço ou favor. E a sociedade tem um papel fundamental na fiscalização do pleito para que este seja um processo limpo e transparente, sem coação ou qualquer tipo de constrangimento aos eleitores, lembrando que a urna eletrônica é um meio seguro de votação e que ninguém tem como saber em quem as pessoas votaram, eliminando qualquer possibilidade de intimidação ao eleitor consciente, que é aquele que analisa as propostas e conhece a história dos candidatos e partidos políticos, aquele que participa de organizações sociais ou comunitárias, de reuniões políticas, que acompanha os debates, apresenta propostas e sabe que, apesar dos desencantos, a política é um instrumento de ação da sociedade.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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