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Educação no Amazonas tem pouca melhora

Educação no Amazonas tem pouca melhora

O Amazonas melhorou em quase todos os indicadores educacionais, além de reduzir sua taxa de analfabetismo, entre 2016 e 2019. O nível, contudo, ainda está aquém do necessário para ampliar horizontes de inovação, produtividade e desenvolvimento econômico. A despeito do maior acesso à escolarização, pouco mais da metade dos alunos conseguiu completar a educação básica e a maioria dos que ficaram no caminho (29,7%) não tinha nem o fundamental completo.

Pelo menos 25,6% (275 mil) dos amazonenses de 15 a 29 anos de idade não estudavam ou trabalhavam no ano passado, estando na categoria dos ‘nem nem’. É uma parcela maior do que a dos brasileiros em geral que estão nessa situação (22,1% e 10,34 milhões). E as desigualdades regionais, de gênero e de “cor” ainda são um ponto fraco persistente no Estado. Os dados estão no módulo de Educação da Pnad (Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE.

O Estado contabilizou 158 mil analfabetos com 15 anos ou mais de idade em 2019. A taxa caiu de 6,9% para 5,4% em relação a 2016, ficando abaixo da média nacional (6,6%). O analfabetismo é maior para quem tem mais de 60 anos (18,3%), faixa etária onde a diferença entre “brancos” (9,2%) e “pretos ou pardos” (20%) é maior. Homens (5,9%), por outro lado, se saem pior do que as mulheres (5%), na faixa de 15 a 59 anos.

A proporção de amazonenses de 25 anos ou mais de idade que terminaram a educação básica obrigatória avançou de 48,6% para 54,1%, entre 2016 e 2019 e também superou a média brasileira (48,8%). Em torno de 32,9% estancaram no ensino médio, 5,1% ficaram no meio do caminho da universidade e outros 16,1% conseguiram concluir o nível superior – contra os 13% de 2016 e os 4,5% da média nacional. A média de anos de estudo cresceu de 9 para 9,7 anos, superando também a média nacional (9,4). O número foi maior em Manaus (11,1).

Escolarização e evasão

No Estado, 13,3% (35 mil) das crianças de até 3 anos frequentavam escola ou creche em 2019. A participação sobe para 85,8% na faixa de 4 a 5 anos (85,8%) e chega perto da universalização entre os 6 a 14 anos (99,4%). A partir dos 15 a 17 anos (89,8%) os índices são descendentes até chegar aos 34% para o intervalo dos 18 anos a 24 anos. As respectivas médias nacionais foram 35,6%, 92,9%, 99,7%, 89,2% e 32,4%.

Os problemas de atraso escolar e evasão persistem, embora em nível menor do que o de três anos antes. O gargalo se situou especialmente no ensino médio (15 a 17 anos), onde 34,9% dos alunos estavam atrasados ou tinham deixado a escola, no Amazonas – contra os 40% de 2016 e os 38,6% da média brasileira. O problema foi mais sentido entre afrodescendentes e “pardos” (36,4%), e especialmente homens (39,2%).

Qualificação em baixa

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avalia que o Estado apresentou melhoras em seus indicadores globais de educação, especialmente em aspecto pontuais, com a taxa de analfabetismo e em áreas como a escolaridade das crianças. 

“No entanto, a média de anos de estudo e os cursos frequentados indicam que temos um número imenso de pessoas desqualificadas, do ponto de vista educacional. Consequentemente, esse exército enfrentará dificuldades para se inserir em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Precisamos de mecanismos massivos que possam buscar essa população ‘pouco escolarizada’ e qualifica-la para o mercado de trabalho”, alertou.

“Batalhão de endividados”

O presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, concorda que a região teve avanços, mas avalia que a baixa taxa de frequência e abandono escolar entre os jovens – em virtude da necessidade de trabalhar – é “preocupante”. Outro fator apontado é o predomínio da escola pública na base escolar, em paralelo com o afunilamento das faculdades públicas para esse tipo de aluno. 

“Quem estudou em escola particular, tem mais facilidade para entrar. Na contramão, as universidades particulares são ocupadas pelo aluno das redes públicas, que enfrenta dificuldades para pagar as mensalidades. O Fies, vem ‘ajudando’ parcialmente. Mas, sem emprego, o aluno não tem como devolver o financiamento, nascendo, assim, um batalhão de endividados. Temos que melhorar a qualidade do ensino para que os alunos possam concorrer de igual para igual”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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