O prefeito Amazonino Mendes anunciou, como havia prometido, a redução da tarifa de ônibus de Manaus, que passou de R$ 2,25 para R$ 2,10. A medida entrou em vigor no sábado e promete causar polêmica, uma vez que os empresários do sistema de transporte coletivo já falavam até em aumentar o preço da tarifa.
A decisão do prefeito pode ser também uma faca de dois gumes. Mais do que uma redução de dez centavos, a população quer e precisa é de serviço de qualidade, com ônibus novos e confortáveis, e horários estabelecidos e cumpridos. Se a contrapartida da redução de preço for mais transtornos aos usuários, com os cacarecos voltando às linhas e os poucos veículos novos recolhidos às garagens, então a medida do prefeito será em vão.
A queda de braço de Amazonino com os empresários do setor não pode colocar a população na trajetória das balas perdidas. Há muito que os usuários dos ônibus sofrem com a péssima qualidade do serviço prestado na cidade. O prefeito comprou uma briga inglória com os estudantes para aumentar a receita dos empresários, mas estes sequer honraram o compromisso de renovar a frota.
Com ônibus velhos circulando na cidade e os permissionários do transporte executivo tomando conta do setor, era preciso a intervenção do poder público. No entanto, a ação do Estado deve ser em busca de soluções duradouras e não apenas medidas hipócritas de cunho eleitoreiro, que visam somente fazer média com a platéia.
A população está cansada de pagar caro por um serviço de qualidade ruim e não se importa se a tarifa está dez centavos mais barata. O que o prefeito poderia fazer de mais sensato seria cobrar das concessionárias o cumprimento dos acordos firmados quando as empresas se apresentaram para disputar a licitação do sistema.
Dez centavos não significam nada quando o usuário perde a hora do trabalho porque o ônibus não passou no horário.