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Editorial – Amazonas teria seu próprio Carnaval se fosse menos carioca

O secretário estadual de Cultura, Robério Braga, está muito preocupado com a organização do Carnaval de 2011. Ele não quer esperar a Quarta-Feira de Cinzas para começar a trabalhar no projeto de profissionalização dos desfiles das escolas de samba, que nos últimos anos vêm perdendo qualidade por falta de organização dos seus dirigentes.

Há bem pouco tempo, o Carnaval de Manaus era considerado o segundo melhor do Brasil, abaixo apenas do desfile do Rio de Janeiro. Estava na segunda colocação porque era a melhor imitação do Carnaval carioca, com o tradicional desfile das escolas de samba, coisa que os paulistas não conseguiam fazer com o mesmo brilho dos amazonenses.

No entanto, vítima da desorganização, o Carnaval amazonense se deixou superar pelo desfile de São Paulo e nunca mais recuperou sua posição na festa momesca. Robério tem razão em se preocupar com o futuro dos desfiles das escolas de samba, mas poderia também pensar de outra forma, com mais originalidade e senso de oportunismo.

O Carnaval amazonense perdeu o bonde da história em 1997, quando deixou de fazer da festa de Momo um sincretismo com a festa do boi bumbá. O Boi Manaus é uma tentativa tímida dessa experiência cultural autenticamente amazonense. Os puristas do Carnaval torcem o nariz para essa mistura, mas eles estão apenas defendendo a dependência local aos valores culturais do Rio de Janeiro.

No Brasil, duas experiências regionais floresceram em meio à festa de Carnaval e estão até hoje mostrando força, atraindo público e fortalecendo a industrial cultural e de turismo. Pernambuco imortalizou o frevo e a Bahia internacionalizou o axé. Nesses Estados, o Carnaval não tem nada a ver com os desfiles das escolas de samba cariocas.

Em 1997, quando até nos bailes do Rio as toadas de boi estavam explodindo de sucesso, os manauenses tripudiavam do novo modelo de festa. Se as músicas de boi bumbá tivessem continuado seu boom, hoje o Amazonas teria um Carnaval genuinamente regional, com características próprias e fortalecimento culturalmente. Não estaria hoje tirando o sono do secretário, porque poderia caminhar sozinho.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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