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“É uma questão de tempo”, diz deputada venezuelana refugiada em Manaus

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Há três meses morando em Manaus como refugiada política, a deputada da Assembleia Nacional da Venezuela, Yuretzi Idrogo, oposicionista ao governo de Nicolás Maduro, luta para que a ascensão de Juan Guaidó à presidência do país vizinho se consolide de fato e de direito, com reconhecimento internacional e com a pacificação do país, para que ela possa voltar a sua terra e retomar o contato com suas duas filhas de quem está separada por conta do exílio na capital amazonense.

Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Yuretzi Idrogo falou da angústia da separação da família e do trabalho para o qual foi legitimamente eleita e da tristeza de assistir milhares de compatriotas como refugiados da fome e da injustiça, em situação de quase mendicância em Manaus e nas cidades pelas quais passou em Roraima. Citou a possibilidade de ampliar a parceria comercial entre a Venezuela e o Amazonas com o novo governo. A deputada também demonstrou confiança na consolidação de seu colega Juan Guaidó na presidência da Venezuela e comemorou a vitória de Jair Bolsonaro na disputa pela presidência do Brasil, pondo fim à relação promíscua do governo brasileiro com a Venezuela boliviariana.

Jornal do CommercioComo o senhora viu a ascensão de Juan Guaidó à presidência da Venezuela com um crescente apoio em todo o mundo?

Yuretzi Idrogo – Juan Guaidó não se autointitulou presidente. Foi o próprio povo que o colocou lá. O único poder legítimo atuando hoje na Venezuela é a Assembleia Federal de Caracas. Até o Supremo Tribunal está como refugiado político. É um movimento sem volta. Eles (os apoiadores de Maduro) estão encurralados. Embaixadas do mundo todo reconhecem a legitimidade do governo Guaidó. É questão de tempo. O dia 23 de janeiro foi um marco na história do país quando o povo deu sua resposta proclamando Guaidó presidente. O povo faz guarda à casa de Guaidó para evitar a violência contra a sua família.  

JCDe que forma a senhora se tornou refugiada política em Manaus?

Yuretzi – Tudo começou no dia 6 de outubro do ano passado. Minha amiga Medina Maryori médica e advogada foi presa, teve apartamento invadido por militares e foi confiscado o meu laptop que estava com ela. Ela foi presa em Puerto Ordaz, estado de Bolívar, por membros da Direcção de Contra-Inteligência Militar (Digcm). Maryori, de 63 anos, foi acusada de crimes informáticos, mas ela praticamente nem sabe usar o computador direito. Ela foi presa simplesmente por pensar diferente, mas é uma mulher honrada, trabalhadora que exerce sua atividade com dignidade.

JCE a senhora de alguma forma se sentiu ameaçada?

Yuretzi – Desde o dia 18 de julho do ano passado passei a ser perseguida pelo serviço de inteligência do governo bolivariano. Ao visitar um hospital infantil e constatar a situação de alguns meninos desnutridos em uma situação desoladora. Com a detenção sem justificativa da minha amiga, não havia ambiente para mim no país.  

São muitos venezuelanos expostos em situação de risco nas ruas de Manaus

JCVemos nas ruas de Manaus um cenário triste com muitos venezuelanos pedindo ajuda para sobreviver. Situação que é ainda mais grave em Pacaraima ou Boa Vista. Como a senhora se sente vendo essa situação desoladora?

Yuretzi –  Essa é uma situação bastante complicada. Esses governos tiranos disseminam a pobreza para aumentar o seu controle. Expropriando empresas e acabando com o setor produtivo Mas essa situação vai passar. A Venezuela vai se levantar. Eles (os venezuelanos no Brasil) precisam manter a fé que em pouco tempo vão poder voltar no governo do presidente Juan Guaidó.

JCA Venezuela já foi o principal destino das exportações do Polo Industrial de Manaus. A manutenção do comando do país com Guiadó traz a possibilidade de volta de um maior intercâmbio comercial entre o Amazonas e a Venezuela…

Yuretzi – Sim isso é exatamente uma das questões que queremos retomar. Esse laço comercial que beneficia tanto o Brasil como a Venezuela. E vamos ampliar ainda mais, concretamente, porque a Venezuela tem grande expectativa de crescer com o Brasil. Precisamos atrair investidores, mas para isso é necessário segurança jurídica, o que atualmente não existe na Venezuela.

Diploma de Yuretzi na lista de suplentes na eleição de 2015

JC Em que momento a senhora acha que já estará em condições de retornar ao seu país e retomar o seu mandato como deputada?

Yuretzi – Eu sei que muito em breve a Venezuela vai ter uma nova história e eu, assim como todos os venezuelanos, poderei voltar com segurança para que todos possam gritar com uma Venezuela verdadeiramente livre, onde se respeita os direitos humanos, onde se possa aproveitar as riquezas desse país, tanto minerais, como as belezas naturais e a beleza de seu povo. Um país grande, rico, que tem principalmente grandes seres humanos. Em breve vamos mudar o que nos impedia e conquistar um novo tempo.   

JCDurante 14 anos o Brasil foi governado pelo PT, aliado histórico da Venezuela bolivariana. Como a senhora viu a vitória de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil tendo sido um dos primeiros a reconhecer Guaidó como presidente? E de que forma o governo Bolsonaro pode ajudar a redemocratização da Venezuela?  

Yuretzi – Eu vejo tudo isso de uma forma muito positiva. Eu quero felicitar a posição do presidente Bolsonaro na OEA quando falou que não há mais diálogo (com o governo Maduro). Também felicitar a todos os brasileiros por terem feito o país avançar para uma verdadeira democracia e não deixar avançar o comunismo que tanto mal fez na Venezuela. Porque o governo anterior do Brasil possuía uma ascendência de esquerda e o comunismo não traz nada de bom e nunca trouxe para nenhum país, seja em Cuba, na Venezuela ou no Brasil. Por isso, parabenizo o povo brasileiro por ter escolhido Bolsonaro que certamente é o melhor para conduzir o país nos rumos democráticos.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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