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É preciso quem trabalhe

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Fala-se muito do problema do desemprego, com uma taxa superior a 12%, quando os EUA estão nos 5%, uma média histórica. O insuspeito ex-presidente Lula costuma repetir sobre suas dificuldades na liderança sindical nos anos 1970, durante o governo Médici, pois havia no ABC pleno emprego e disputa pela mão de obra de metalúrgicos, em sua melhor fase de ganhos salariais. O famoso “milagre brasileiro” nada mais foi do que aproveitar os bons ventos internacionais para combater a inflação e crescer, o que conseguimos a taxas superiores a 10%.

Infelizmente, o que ficou daqueles anos dourados, tocados com a competência de Delfim Netto, que, hoje, aos 88 anos, ainda é uma luz a nos orientar, foi a substituição por “anos de chumbo”, numa manobra para ocultar o maior sucesso administrativo da República. Os presidentes Médici (injustamente acusado de “linha dura”) e Figueiredo foram os únicos que não cassaram mandatos nem fecharam o Congresso. Ambos cometeram erros, mas também acertaram e tiveram bons índices de reconhecimento, valorizados agora diante de tantos escândalos. Não são conhecidos casos de enriquecimento ilícito entre eles. E nem lícitos, por sinal.

Nossa mão de obra é pouco qualificada, apesar de ilhas de capacitação eficiente no chamado sistema “S”, com um programa de ensino ultrapassado, que nem chegou a era da informática. São poucos os exemplos positivos, como na pequena Piraí, no Rio, que foi pioneira em colocar computadores nas salas de aulas, mérito de seu prefeito nos anos 1990, Luiz Fernando Pezão. Há ainda uma crescente opção de trabalho em atividades que não exigem horário, assiduidade e responsabilidade. Ou seja, muitos anos nas escolas e poucos resultados. Não bastasse, temos, especialmente nas capitais, uma classe média jovem pouco disposta ao trabalho duro e nas camadas populares, muita vontade (e necessidade), mas poucas oportunidades de acesso e aprendizado. A proposta atual de reforma curricular é muito boa. É preciso impor disciplina a alunos e professores.

O investidor quer segurança jurídica, leis trabalhistas claras, oportunidades de ganhos e mão de obra de qualidade. Nossos bons operários estão envelhecendo e não estão sendo substituídos à altura. Estamos discutindo muita coisa sem importância e deixando de lado questões como o ensino profissionalizante e o acesso a escolas de qualidade. Como estamos, é natural que outros países passem a nossa frente, inclusive na América Latina. Por exemplo, o pequeno Peru, ano passado, cresceu 2,7% e nós ficamos a muito custo em 1,4. Paraguai, Chile, Colombia cresceram mais do que nós.

Aristóteles Drummond

É jornalista e presidente da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro
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