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Dois lado da moeda

É muito bom quando, ao tomar uma decisão, o responsável por ela ouça todos os envolvidos. O que é necessário, por vezes é deixado de lado, pela personalidade do tomador de decisões, pela urgência delas ou ainda porque não aprendemos a conviver com a democracia. Muitas pessoas, por estarem há muito tempo numa função ou cargo, acabam acreditando-se donos da verdade e vêem somente um lado da questão. Por não terem feed back de suas decisões, pensam que elas são sensatas e justas.

A consulta é benéfica na medida em que torna benéficos os resultados das decisões. Da mesma forma que o soldado em batalha corpo a corpo sente muito bem o embate da peleja enquanto aquele que joga as bombas a milhares de pés de altura nem analisa as mortes que está causando, uma vez que não ouve os gemidos dos abatidos por elas e nem vê os corpos dilacerados por sua decisão.
Há pessoas que dizem com, certo orgulho, que são detentoras de um cargo público há tantos anos. Políticos, então, estufam o peito para dizer que são reeleitos há tantos e tantos mandatos. Às vezes são verea dores há cinco mandatos e nunca passaram disso nem se arriscam a vôos mais altos com medo de cair. Seria necessário que se reciclassem. Quer mudando de esfera, quer ficando em casa por um mandato e voltando ao mundo dos mortais. Voltassem a ter barro embaixo das unhas ou graxa nas mãos, exercendo atividade física que seus eleitores são obrigados a fazer cada dia mais para sustentar os cargos dos mandatários.

Há membros antigos da alta hierarquia pública que, se fossem fazer um novo exame psicotécnico, daqueles que são exigidos para acessar o cargo, provavelmente refletiriam as fixações e paranóias que o cargo já lhes trouxe. De tão acostumados a verem as coisas do mesmo lado, não consegue fazer uma leitura da forma que aqueles que estão do outro lado o fazem.

O mesmo acontece com alguns executivos da iniciativa privada que, por não terem privilégios da cobertura de erros nem da reciclagem que têm seus colegas da atividade pública, acabam perdendo seus empregos. As empresas privadas tomam decisões drásticas para sobreviverem. A eficiência do poder público é demitida antes do funcionário. Para recuperá-la tomam-se medidas às vezes atabalhoadas e drásticas que se refletem sobre toda a população.

Interessante observar que os mesmos parlamentares que ostentam o terceiro, quarto ou até quinto mandato são os opositores da recondução por uma única vez do presidente da República, governador ou prefeito. O que vale para os mandatários do executivo não vale para os parlamentares? A lei que proibiria a reeleição de parlamentares apenas não existe, porque para existir deveria ser votada por eles mesmos. É ai que a porca torce o rabo.

Talvez nosso atual Senado seja o pior de toda a história da República. Mas não podemos esquecer que a Câmara do Deputados, quando era comandado pelo atual governador de Minas Gerais, instituiu a Lei de Responsabilidade Fiscal, válida para os orçamentos comandados pelo executivo. Não seria a hora de se redimirem ante a opinião pública e votar uma lei que proibisse a própria reeleição por mais de um mandato?

Luiz Lauschner é empresário e escritor. E-mail: wwwluizlauschner.prosae

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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