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Doenças em Mianmar

Enquanto o governo socialista de Mianmar (antiga Birmânia) reluta em aceitar a ajuda internacional, a população desse país no Sudeste Asiático devastado pelo ciclone Nargis e, em seguida, por um maremoto, vive um dos momentos mais tristes de sua história e corre um novo risco com as epidemias de dengue e malária.
As doenças endêmicas na região encontram um ambiente propício para se desenvolver no delta do rio Irrawaddy. Em meio a casas e prédios demolidos, muita lama e áreas alagadas, os mosquitos transmissores, como o Aedes Aegypti, se reproduzem rapidamente. Até o momento, estima-se que 2,5 milhões de pessoas foram afetadas pelo ciclone e 128 mil pessoas morreram. Mas a tragédia pode ser ainda maior, especialmente quando se sabe que apenas um mosquito em seu ciclo de vida põe de 600 a 1.000 ovos. É preciso trabalhar eficientemente para evitar mais perdas humanas.
Se o governo não ceder à pressão internacional a população pode sofrer ainda mais acometida com doenças fatais. A única “vacina” é a prevenção. Os Estados Unidos já aprenderam a lição. Após o furacão Katrina, que alagou Nova Orleans, o governo aplicou inseticida por via aérea, eliminando os focos de mosquito. Nas regiões pantanosas litorâneas da Florida e Geórgia é comum o tratamento aéreo para o controle de mosquitos, bem como após furacões, quando a destruição causada pelos ventos cria um ambiente propício para a proliferação de vetores de doenças. Inclusive a FMCA – Associação de Controle de Mosquitos em Ft. Meyers, na Flórida, treina anualmente de 150 a 200 pilotos nas técnicas de controle de mosquitos por avião.
O inseticida, além de eliminar os mosquitos expostos, cria uma barreira finíssima formada pelo filme de micropartículas do inseticida oleoso que se espalha sobre a água dos criatórios e mata as larvas quando as mesmas sobem para respirar.
Além dos Estados Unidos, pesquisas internacionais demonstram a eficiência do método de pulverização aérea também na Hungria e em Cuba, sem efeitos nocivos para a saúde humana e ao meio ambiente. Estamos falando de liberar 400 ml de inseticida por hectare. O resultado: redução de até 98% da população de insetos adultos 24 horas após a primeira aplicação.
Contra os fenômenos naturais não podemos lutar, mas se existe tecnologia para evitar mais mortes, esta é a hora do governo de Mianmar aceitar a ajuda internacional. 

MARCOS VILELA DE M. MONTEIRO é engenheiro agrônomo, doutor em agronomia pela Esalq/USP e piloto agrícola há 48 anos.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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