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Do Vale Sagrado dos Incas, o sal rosa de Maras

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Há alguns anos o sal rosa do Himalaia vem fazendo sucesso nas prateleiras dos supermercados principalmente por ser menos prejudicial à saúde que o sal comum, branco e refinado. Mas existem vários outros tipos de sal: o marinho, retirado dos oceanos; o flor de sal, que surge na superfície das águas oceânicas; o negro, uma combinação do sal rosa do Himalaia com ervas e frutas da Índia e do Paquistão; o azul da Pérsia, extraído de minas do Irã; o kosher, o sal grosso utilizado nos churrascos; o sal dos Andes, da Bolívia, originado de toneladas de lavas vulcânicas despejadas em lagos de água doce; e o sal rosa do Peru, extraído em Cuzco, no Vale Sagrado dos Incas, na cidade de Maras, província de Urubamba. É sobre este que iremos falar. Apesar de ser extraído no país vizinho, somente agora o sal rosa de Maras começa a chegar a Manaus, através da Andino Importação e Exportação, disponibilizado em embalagens de quatro tamanhos, refinado, semi grosso e grosso. E olha que sua exploração começou bem antes de Cristo.

“O início da exploração do sal rosa de Maras remonta ao tempo em que os incas viviam na região, há ao menos 700 anos a.C. conforme estudos que comprovam a existência desse povo na região”, falou Alejandro Salinas, da Perbraholding, representante e distribuidora do sal rosa de Maras, em Manaus.

“Os Maras, nativos desta parte do Vale, exploravam e vendiam o sal para Cuzco, a capital do império inca. Desde aqueles tempos, e até meados do século passado, a comercialização era feita na base do escambo, mas ainda hoje encontramos esse tipo de comércio na região. Industrialmente, o sal rosa começou a ser extraído a partir de 1969, e tem sido assim até agora, ou seja, já são quase 3.000 anos de exploração desse maravilhoso sal”, completou. 

De dentro da montanha

Apesar da bonita coloração rosa, o sal de Maras não tem nada a ver com o sal do Himalaia, ao menos na exploração. O principal diferencial é que enquanto o do Himalaia é extraído de camadas cristalizadas cobertas por lava vulcânica há mais de 200 milhões de anos, o de Maras provém de minas de águas salgadas que brotam de uma montanha, através de um buraco, canalizadas para cinco mil poços onde permanece uma camada de sal após a evaporação da água, isso há mais de 3.200 metros acima do nível do mar. Essas camadas de sal são formadas a cada três dias e logo retiradas, com isso se evitando o contato com outros sedimentos e demais fatores externos que possam poluir seus cristais.

A coloração rosada de ambos os sais deve-se à riqueza de minerais presentes nas rochas, como magnésio, potássio e cálcio. Diferente do sal branco, de cozinha, que passa por um processo industrial de purificação para retirar suas impurezas (minerais) através de algumas substâncias químicas que acabam retirando também parte dos seus nutrientes, ambos os sais rosa são naturais.

Segundo Alejandro, de junho a novembro, a mina de Maras tem um volume maior de água salgada chegando a produzir quase 400 toneladas de sal, por mês, ou 12 toneladas/dia.

“Nesse período, todos os cooperados trabalham diariamente na retirada do sal. A exploração dessa matéria-prima é realizada por uma cooperativa que reúne 633 pessoas. Depois dessa retirada, o sal rosa segue para o processo de industrialização, quando é ensacado para a comercialização e recebe o nome comercial de Marasal. Esse produto, em breve, será encontrado nos supermercados de Manaus”, adiantou.

Várias utilidades

A mina de sal rosa do Maras é tão rica que estudos mostram ser possível a sua exploração por ao menos mais 500 anos. Esse processo de exploração pré-colombiano é o mesmo utilizado no Himalaia e na Bolívia.

“Esse número pode ser calculado pelo tempo de produção, mas o certo é que as minas possuem mais de 35 milhões de toneladas de sal para ser explorado nos próximos séculos”, informou.

100% natural, e com alto teor de minerais, chefs do mundo todo já estão utilizando o sal rosa de Maras em pratos gourmet. Ele pode ser consumido por hipertensos, desde que em pequenas quantidades, pois possui a metade da quantidade de sódio encontrada no sal comum, além de mais de 80 tipos de minerais. Devido à sua natureza alcalina, o sal rosa também pode ser utilizado como um antiácido natural. Basta misturar uma colher de chá em um copo de água em temperatura ambiente e tomar para neutralizar o excesso de acidez no estômago.

No ramo estético, o sal rosa pode ser adicionado à água morna para tonificar a pele e eliminar toxinas. Ele deverá ser colocado em uma banheira, e deixá-lo agir no corpo por 30 minutos.

Sobre a região onde o sal emerge do fundo da montanha, dá até para se fazer turismo seguindo por uma trilha de quatro quilômetros, na região de Urubamba, a 40 km de Cuzco, com muitas paisagens em volta, em meio à natureza, para quem gosta de turismo de aventura. As salinas ficam localizadas entre duas montanhas.

Informações: (68) 99282-0877.

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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