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Djalma Batista e a ZFM

A ZFM (Zona Franca de Manaus), projeto que na semana passada completou 41 anos de implantação, foi alvo dos comentários do médico Djalma Batista (1916-1979) em sua obra o “Complexo da Amazônia – Análise do Processo de Desenvolvimento”, lançada em 1976. Nela, o médico acreano (radicado em Manaus desde criança) tece comentários sobre os primeiros nove anos do modelo de desenvolvimento econômico implantado pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco em consonância com os reclames dos amazonenses por um projeto que resgatasse o prestígio e o fausto de Manaus, à época sem expressão econômica nacional.
Djalma Batista, homem de visão cosmopolita e antenado com as questões sociais e econômicas da Amazônia, traçou um perfil das mudanças ocorridas na capital amazonense no curto espaço de tempo que vai de 1967 a 1976, consolidando a idéia de que a Zona Franca de Manaus veio para ficar e que era, realmente, um instrumento importante para o desenvolvimento regional, sem, no entanto, deixar de fazer críticas ao modelo. Parte dos comentários que nos interessa expor estão em dois subtítulos do capítulo Manaus, uma nova Hong Kong, em que o autor analisa justamente os lados negativo e positivo da ZFM.
Apesar de minha pouca idade na década de 1960, tenho impressões indeléveis sobre a efervescência provocada pela implantação da ZFM, em que o ímpeto consumista do amazonense foi privilegiado por uma série de produtos vindos de todas as partes do mundo, como sorvetes e leite em pó da Dinamarca; motocicletas, rádios transistorizados e televisores japoneses; carros de passeio e utilitários dos Estados Unidos, Japão e da Inglaterra; roupas, principalmente jeans, e tênis de muitas procedências; artigos de decoração da Índia e da China, e assim vai.
A cada ano que se passava, entrando pelas décadas de 1970 e 1980, a diversidade e a quantidade de mercadorias à disposição dos próprios amazonenses e dos consumidores brasileiros ficavam cada vez maior. As lojas do Centro e de Educandos fervilhavam com gente à procura de artigo de consumo por um preço muito em conta se comparado ao praticado no restante do país com os similares nacionais, à época de qualidade duvidosa, quando existentes. Passear no comércio de Manaus naqueles anos era um verdadeiro aprendizado sobre a geografia humana brasileira, com sotaques e maneirismos próprios de cada região, de cada Estado, além de se entrar em contato com culturas estrangeiras expostas pelos comerciantes, muitos deles do Sudeste Asiático.

O lado positivo
Passadas quatro décadas, com a maioria da população atual composta por jovens com menos de 25 anos, é bom fazer uma análise sobre a revolução provocada pela ZFM na Amazônia Ocidental, especialmente na própria capital amazonense, tendo como pressupostos o direcionamento seguro de um homem experiente e de visão que era o médico Djalma Batista, que elegeu pontos positivos e negativos sobre o modelo implantado, muitos dos quais passaremos a expor.
Djalma Batista considerava “espantoso” o aumento na quantidade de casas comerciais abertas no período, contadas aos milhares, que ele não pôde precisar devido à própria limitação da Junta Comercial em fornecer estes dados, mas sem dúvidas, um número que fazia crer que o modelo era atuante. Em relação às indústrias, o autor classifica de “moderado” o número daquelas implantadas à época (1976), gerando 26.460 empregos diretos, e de “mínimo” aqueles referentes ao setor agropecuário.
A lista é longa de pontos positivos: a atração para Manaus de um contingente considerável de comerciantes, técnicos e profissionais liberais; desenvolvimento do setor de transporte, notadamente a aviação comercial; o estímulo ao crescimento dos meios de comunicação, que passaram a dispor de quatro emissoras de televisão, além de melhorias no sistema de telex e telefonia; o turismo foi beneficiado por representar para os brasileiros, principalmente do Sul e Sudeste, a oportunidade de compras que não poderiam ser feitas no exterior

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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