Alçada à presidência da República com praticamente 80% dos votos válidos dos amazonenses, a presidenta Dilma Rousseff (PT), esteve ontem, 22, em Manaus em sua primeira visita à cidade após a eleição. Ela ressaltou, em entrevista coletiva, que pretende prorrogar a Zona Franca por mais 50 anos.
“Já tomamos a decisão política de prorrogar a Zona Franca de Manaus por 50 anos, a contar do prazo de investimento. Não estávamos pensando em definir prazos, mas do ponto de vista da questão tributária fica difícil. E para não ter essa questão, estamos pensando em torno de 50 anos, além de estender para as regiões vizinhas, porque é importante a Amazônia ter uma alternativa que não tenha a ver com a destruição da floresta, mas sim com a preservação dela e de sua biodiversidade”, anunciou.
A presidenta esteve em Manaus acompanhada por uma comitiva de políticos e artistas para o lançamento do Programa de Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo de Útero e de Mama, que contará com investimentos da ordem de R$ 4,5 bilhões nos próximos quatro anos.
O montante deverá ser distribuído em quatro subprogramas: Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo do Útero (R$ 382,4 milhões); Programa Nacional de Controle do Câncer de Mama (R$ 867,3 milhões); Ampliação e Fortalecimento da Rede Oncológica (R$ 3,2 bilhões); e Informação à População (R$ 24 milhões). O motivo das ações são as constantes incidências das doenças no Estado, que encerrou 2010 com 560 casos de Câncer de Colo de Útero e 310 de Câncer de Mama.
Dilma afirmou em seu discurso que os investimentos são necessários para que os Estados do Norte possam ter, assim como o restante do país, a oportunidade de reduzir números de óbitos por conta das doenças. “Tive câncer e por ele ter sido diagnosticado no início fui curada. Quero que todas as mulheres do Brasil tenham a mesma oportunidade que tive de ser curada”, dizendo que o lançamento no Estado foi o reconhecimento de que o Brasil não se restringe a Brasília e aos Estados do Sul e Sudeste.
A expectativa do governo federal é que 3,8 milhões de mulheres sejam beneficiadas anualmente. “Para cumprir esse dever, vamos instalar serviços especializados, tanto na área da prevenção quanto na área de diagnóstico precoce, e também no tratamento. Acredito que é importante que a gente dê conta de um tratamento para as pessoas que sofrem com o diagnóstico”, ressaltou.
A presidenta reconheceu em seu discurso as deficiências do SUS (Sistema Único de Saúde), e afirmou que a responsabilidade das melhorias no sistema deve ser não só do governo federal, como também dos Estados e municípios, que juntamente com a população devem identificar os pontos deficitários.
“Sabemos que o sistema tem falhas. E é nossa função detectar falhas, esta é a nossa responsabilidade. Mas precisamos dos olhos de vocês, da avaliação de vocês. A gente só vai fazer se a nossa população for capaz de nos dizer se o serviço é bom. Cada Estado vai ter um sistema de avaliação da qualidade do serviço. O meu empenho em garantir a qualidade do atendimento é total, mas as pessoas têm que acreditar no SUS”, analisou.
A petista aproveitou para pedir apoio dos prefeitos e governadores para a implantação e execução dos programas federais. Dilma disse ainda que não desistiu de erradicar a pobreza no país. “Estamos em um país federativo. Nos últimos 8 anos tiramos milhares de pessoas da pobreza. Até 2009, 28 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza. Foram 36 milhões até a metade de 2010. Mas a gente sabe que a qualidade do serviço público oferecido à população é elemento essencial, que melhora a vida das pessoas”, frisou.
Em resposta ao pedido de apoio feito por Dilma, o governador do Estado Omar Aziz (PMN) anunciou em seu discurso que equipará todos os municípios do Amazonas com uma máquina de mamografia. O objetivo é descentralizar o atendimento que hoje é feito efetivamente na capital.
Exploração da Silvinita
“Nós iremos explorar o potássio. Nós achamos que a exploração é uma questão que está ligada a um elemento importantíssimo, que é a segurança alimentar. Ninguém terá essa segurança se não controlarmos a cadeia de fertilizantes. Ele é um minério estratégico, pois é o mais raro, é o que podemos chamar de chave para a questão dos fertilizantes. Por isso uma vez que a Petrobras tem essa concessão, nós estamos realizando todos os estudos que cercam o processo para viabilizá-lo”, destacou.
BR 319
“A BR 319 é uma obra que vem do governo Lula, é necessário que haja todo um cuidado ambiental. Nós somos a favor de qualquer obra, desde que seja dentro dos padrões ambientais exigidos. Não há nenhum mistério em relação a 319, é a mesma coisa que acontece com qual quer rodovia em outra parte do Brasil e até com as Hidrelétricas”, considerou.
Após a solenidade, a presidenta foi recebida pelo governador do Estado Omar Aziz, no Palácio Rio Negro, onde almoçou com as demais autoridades, dando fim aos seus compromissos em Manaus.