Que o PT (Partido dos Trabalhadores) é um grupo nacional historicamente instável, internamente, a sociedade já notou, mas o diretório amazonense do partido consegue ser ainda mais bagunçado. O grupo ameaça entrar na disputa deste ano, ‘rachado’ por conta da decisão nacional de apoiar o candidato do PR, Alfredo Nascimento, ao governo do Amazonas, contra a vontade da corrente petista ligada ao deputado estadual Sinésio Campos. No final do mês passado, o deputado participou de ato público na ALE (Assembléia Legislativa do Amazonas) de manifestação de apoio ao governador, Omar Aziz, de quem é líder na Casa, juntamente com o vereador Ademar Bandeira. Estes petistas, ligados ao atual governo do Amazonas, garantem que apóiam Omar Aziz, mas o diretório Estadual do partido já mandou um aviso: dia 06 de junho será a oportunidade de os parlamentares “rebeldes” voltarem a trás. “Senão ficam sem legenda”.
Brigas e confrontos diretos estão marcando o PT desde as últimas eleições, em que o ex-senador, João Pedro ganhou a presidência estadual, sob críticas e ameaças de impugnação por parte da corrente petista ligada ao deputado estadual Sinésio Campos. A partir daí, nenhuma resolução ou decisão contou com o apoio de todos os petistas. Muito pelo contrário, o partido está rachado e pode ainda chegar ao extremo de receber punições por parte da executiva Nacional. Enquanto isso não acontece, petistas como Sinésio Campos e Ademar Bandeira seguem desrespeitando o partido e a legislação eleitoral, fazendo campanha dentro das Casas legislativas para o candidato adversário (Omar Aziz) daquele escolhido pela maioria do partido (Alfredo Nascimento).
Por ser o grupo que abriga a principal figura política do Brasil e uma das mais importantes do mundo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT deveria ser, também no Amazonas, um grupo coeso e decisivo. Não é o que acontece no Estado, onde o PT se torna cada dia mais arrogante, em meio a brigas de egos, entre políticos individualistas que usam o nome do partido em troca de poder. Enquanto isso acontece, outros grupos vão se fortalecendo e conseguindo boas alianças, frente ao PT, que acaba perdendo o prestígio.
Rebeldia em troca de mais poder
Para o pleito deste ano, a executiva nacional, juntamente com o presidente Lula, ‘escolheu’ um candidato para apoiar no Amazonas, o senador Alfredo Nascimento, causando um racha no PT, já que o deputado estadual Sinésio Campos fincou o pé na candidatura do adversário de Alfredo, o governador Omar Aziz, revelando que o partido ocupa mais de 500 cargos dentro do governo, demonstrando apego ao poder.
Para o presidente da Executiva estadual, João Pedro, todos que pertencem ao partido terão que obedecer a orientação e as decisões do partido. “O PT deliberou e escolheu como vai marchar nestas eleições. Quem é do PT vai ter que obedecer às decisões”, disse.
“O lugar deles é do nosso lado”
O Secretário de formação do PT, Valtair Cruz, afirmou que no próximo dia 06 de junho, domingo, o partido irá oficializar o apoio ao candidato do PR, Alfredo Nacimento e os nomes que vão compor a legenda. “Temos tempo para eles voltarem para o nosso lado. O lugar deles é aqui, no palanque do Alfredo”, comentou. João Pedro afirmou que respeita a afinidade dos colegas com o atual governo, mas aguarda a adesão dos “companheiros” à candidatura escolhida pelo partido. “Temos estatuto, código de ética e ainda tem a Lei de Infidelidade Partidária. Se eles não decidirem pela nossa candidatura, como vão disputar as eleições? A legenda está aqui e será feita aqui. No próximo dia 06, os delegados do PT do Amazonas se reúne e vamos votar nos nomes que vão disputar as eleições pela legenda. Se eles não estiverem, ficam de fora”, avisou João Pedro.