Pesquisar
Close this search box.

“Devemos evitar notícias ruins”, diz psicólogo Thiago Filgueiras

“Devemos evitar notícias ruins”, diz psicólogo Thiago Filgueiras

Um levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) mostrou que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. Além disso, o Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%).

Nos últimos anos as doenças mentais tiveram um aumento considerável no país, o que vem preocupando profissionais da área. Para piorar a situação, a pandemia veio contribuir para o aumento inesperado do sofrimento psíquico na população através do medo, impotência, isolamento, das incertezas e o terror da morte para si e dos seus.

Desde 2014, psicólogos de Uberlândia/MG, criaram a campanha Janeiro Branco visando conscientizar a população a buscar ajuda profissional, investir na saúde mental, reconhecer seus receios e medos e ter uma rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares e amigos de confiança, situações mais do que nunca necessárias nesse quase um ano vivido sob as dúvidas da pandemia. Por isso o Jornal do Commercio foi ouvir o psicólogo Thiago Filgueiras, para que ele mostrasse como reconhecer os problemas mentais e saber enfrentá-los no dia a dia, sem se abater.

Janeiro foi o mês escolhido pelos psicólogos mineiros porque é quando a maior parte da população cria expectativas e desejos para uma boa saúde e bem-estar com a chegada de um novo ano.

Jornal do Commercio: Estamos no Janeiro Branco, mês de alerta aos problemas de saúde mental. Como evitar que esses problemas se agravem com a situação que ora vivemos em Manaus e no mundo?

Thiago Filgueiras: Atualmente estamos vivendo um caos em nossa cidade devido à pandemia, como nunca vivido antes. É uma situação nova e extremamente assustadora. É de suma importância evitarmos essa enxurrada de notícias, principalmente as ruins, que as redes sociais e as demais mídias informam a cada momento. Desta forma, estamos preservando nossa saúde mental.

JC: O que fazer, quem não tem nenhum tipo de problema psíquico, para não vir a tê-los diante dessa pandemia?

TF: É importante que, nesse momento, as pessoas que se encontram mais fortes psicologicamente venham a se preservar até mesmo para dar suporte àquelas mais fragilizadas. Ter um ombro amigo é essencial nessas horas. Desta forma, devemos manter uma rotina preenchida com afazeres prazerosos do tipo: uma boa leitura, ver bons filmes na TV, praticar exercícios físicos, meditar, buscar por uma boa alimentação e ter um bom descanso e sono.

JC: Quais os principais problemas psíquicos que podem resultar não só desses momentos de estresse, como agora, mas de outros que acontecem ao longo de nossa vida?

TF: Podemos citar problemas físicos e psicológicos como: queda acentuada de cabelo, falta de ânimo, tristeza, choro por qualquer motivo, esquecimentos frequentes, insônia, ansiedade e até dores físicas, como pontadas no peito, por exemplo, podem ser originadas pelo estresse.

JC: Mas crianças e adolescentes parecem passar ao largo do problema. Isso é normal?

TF: Não podemos generalizar. Algumas crianças e adolescentes estão em pânico com a real situação, ainda mais quando se tem a perda de um ente querido. É válido mantê-los orientados sobre a importância da prevenção e que o coronavírus, nem a situação de luto que estamos vivendo, não são brincadeiras.

JC: Internet e jogos eletrônicos podem agravar esses sintomas? Ideal é criar rotina diária?

TF: Não necessariamente. Nesse período de isolamento social vale a pena organizar a rotina para não ficar chata e repetitiva, e acabar dando espaço para a falta de saúde física e mental. É necessário, organizar o tempo para o lazer, os estudos e o mais importante, o horário do descanso.

JC: E o que fazer com aquelas pessoas, mais suscetíveis, que começam a apresentar estresse, depressão e ansiedade?

TF: Primeiramente é importante os familiares ajudarem essa pessoa a buscar uma ajuda profissional. No segundo momento, devemos evitar expor essas pessoas a contatos com notícias ruins, principalmente de morte, pois poderá agravar seus quadros clínicos.

JC: Como saber se estresse e ansiedade estão se aproximando? Surgem de forma sutil, e vão se agravando?

TF: O corpo e a mente começam a manifestar os sintomas do estresse e ansiedade com os seguintes sintomas: coração e respiração acelerada; suor, principalmente nas mãos; tremores e tonturas; boca seca; voz presa e sensação de nó na garganta; roer as unhas; vontade frequente de urinar; e dor de barriga.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar